sábado, 13 de agosto de 2016

O DIZÍVEL

O dizível
A única função  do cuidar, creio que seja o de tornar possível  a simbolização da dor de viver e ser livre do desejo alheio, sensações  invasivas sentida por  nossos dependentes.
Enquanto eles se  permitirem a suposta  orientação,  pois prefiro exercitar uma tal de liberdade assistida, na qual, - processo que  também supõe  Ferrari, expoente contemporâneo, visivelmente baseado em Winnicott -, pode-se assistir certos ganhos para além da funcionalidade, uma certa independência.
Mas, para isso, a fim de ir além dos desejos alheios e da orientação que alcança apenas uma precária autonomia funcional, sustento fé no brincar  como viés  para ir do Imaginário  ao Simbólico ante a dura vida do e no Real.
Nisso, também, especulo  que  ao brincar,  não necessariamente, com e como concebemos  utilidades aos objetos comumente usados, especialmente  porque somos todos e temos  diferentes  maneiras de realizar e nos satisfazer  em desejos. Que não  criou usos diversos com um único objeto? E melhor,  o uso diverso  é  sinal de genialidade e não mediocridade  criativa.
Aquele  primeiro  teórico,   ao falar de quem  comumente  chamo de pessoa no traço  autista, cita a necessidade, que nos analistas temos, de ampliar nosso ponto de vista a partir da escuta do que acontece  consigo e com o outro durante  do encontro  com paciente. 
Claro  que esse encontro, brincado, é a fim de desenvolver  o Simbólico, no tocante a ajudar  aos pequenos a suportar  o Real, rascunhando do Imaginário os símbolos. Processo em que o paciente no traço  tem  que ser  observado  e favorecido a florescer. Para tanto, a intuição é  instrumento elementar. É como uma comunicação inter – inconsciente.
Neste  exercício  o lúdico deita e rola, onde  até  a ecolalia deve e pode ser provocadora ao brincar e divertir, assim sendo,  o medo ou os egoístas acertos  não  entram em questão, pois certo e errado ficou para juízes e deuses, especialmente, porque  no olhar clínico junto  a qualquer  criança, o brincar estabelece  no social  a saída  do Imaginário  através da confiança e empatia  e altruísmo sentido pela pessoa  no traço  como mecanismos  de inclusão  e pertencimento.
Mas o brincar não zombeteiro para com as ecolalias, por exemplo, mas sim para  te ter amenizar  os sentimentos dos pacientes quanto a sua participação  verbo e corporal comunicação, como também  considerando  uma forma de arqueologia  das expressões  para além  do verbal no processo comunicativo  dele em Inclusive, em ensaio-erro buscando  uma  adaptabilidade possível  a socialização, dentro e através  das emoções.
Sobretudo, que no brincar tudo é  permitido, mesmo havendo regras claras entre os brincantes respeitosas as dinâmicas  dos pares, estas regras é  base filogenética, por assim dizer, do humano  para viver como dependente um  do outro, na minha  visão  baseada em Lacan o Grande  Outro, Este como determinismo pre-onipresente, ciente e potente.
Aquele que melhor  se explica  pela cultura, onde o pai  é  tão  importante  quanto a mãe, nas divisões  de funções do e no brincar isso fica explícito, a paternidade com sinal  da lei, mecanismo  basilar para a socialização. O que  me parece falho junto às famílias de pessoas no traço(na maioria ao menos das que acompanho, falha  sobretudo, inconsciente). Enfim, para  socialização  a função  paterna  é  crucial que seja desenvolvida firme e amorosamente .
Em produção que tem muita  contribuição significativa  de Pocconi, em texto winnicotiano, falando sobre o corpo, diz que as “respostas  comportamentais insólitos  e  bizarras aos estímulos  sensoriais(...) aparentemente  incompreensíveis, sejam na verdade,   ricas de significados”, e diante  do Real apresentando  por este Grande Outro  invasor “estas  crianças utilizam para manter e proteger  certo  tipo de sistema, isolado e isolador”, no qual este amor forte presente, pode dar segurança a pessoa no traço no acesso ao pertencimento  social.
Aqui nos dispersamos  do que ela mais  a frente  vai  chamar  de “ casulo protetor “, tanto que ela, a autora reconhece  que a “criança  lança mão  de proteções manipuladoras“ ante a interrupção precoce do holding. Discordo, portanto,  pois se a criança  manipula  o meio ele interaja e adapta  a suposta da mãe suficientemente  boa. E portanto, suponho, que o Amro forte de uma paternagem, deve ser um excelente atuar para sair dos ganhos secundários nessa manipulação por parte das pessoas no traço, pois assim, prova a sua  não aceitação  a socialização, pois esta suponhe uma negação  individual  em detrimento do coletivo, ausente nas pessoas que se utilizam  da manipulação  para ter seus desejos realizados.
Aqui cabe  um adendo, quanto a essa falha. Winnicott supõe  que temos a se utilizar  de objetos transnacionais para suportar  a falta que todos temos que vivenciar  para se tornarmos quem somos. E são  estas faltas, carências deixadas pela inabilidade natural da mãe ou outra cuidadora  de nunca poder suprir todos  nossos desejos. Mas para esses  pensadores, parece-me ver as pessoas no traço  muito fortes ou frágeis   ante tais faltas. Ao  ponto  deles chamarem  de aniquilamento sentido por tais pessoas se assemelhando  ao vivido  pelos psicóticos ao lidar com o real. Não creio em estremos e sim nos contextos de como são dados a essas pessoas inserções  ao social.
Então conclui-se que não  há  culpa ante  a es a suposta  falha, pois nunca  se alimentara o desejo  por inteiro, bem como essas pessoas no traço não  se colocam encapisulada pelo  menos  de imediato.
Penso que se em suas maneiras de se adaptar e de manipular o meio encontrar pessoas suficientemente  boas para parafrasear  Winnicott pode a ajudar a suportar o peso do Real tanto na descoberta  de uma morada (corpo), gozar dele (falar), ou seja, descobrir que  ele não  é um pequeno Príncipe Tirano  e que terá  que  também  escrever seus desejos no mundo, no dizível  possível  a cada um deles, respondendo  por seu desejo e assim, escrever sua independência pessoal.

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