O dizível
A única função do cuidar, creio que seja o de tornar possível a simbolização da dor de viver e ser livre do desejo alheio, sensações invasivas sentida por nossos dependentes.
Enquanto eles se permitirem a suposta orientação, pois prefiro exercitar uma tal de liberdade assistida, na qual, - processo que também supõe Ferrari, expoente contemporâneo, visivelmente baseado em Winnicott -, pode-se assistir certos ganhos para além da funcionalidade, uma certa independência.
Mas, para isso, a fim de ir além dos desejos alheios e da orientação que alcança apenas uma precária autonomia funcional, sustento fé no brincar como viés para ir do Imaginário ao Simbólico ante a dura vida do e no Real.
Nisso, também, especulo que ao brincar, não necessariamente, com e como concebemos utilidades aos objetos comumente usados, especialmente porque somos todos e temos diferentes maneiras de realizar e nos satisfazer em desejos. Que não criou usos diversos com um único objeto? E melhor, o uso diverso é sinal de genialidade e não mediocridade criativa.
Aquele primeiro teórico, ao falar de quem comumente chamo de pessoa no traço autista, cita a necessidade, que nos analistas temos, de ampliar nosso ponto de vista a partir da escuta do que acontece consigo e com o outro durante do encontro com paciente.
Claro que esse encontro, brincado, é a fim de desenvolver o Simbólico, no tocante a ajudar aos pequenos a suportar o Real, rascunhando do Imaginário os símbolos. Processo em que o paciente no traço tem que ser observado e favorecido a florescer. Para tanto, a intuição é instrumento elementar. É como uma comunicação inter – inconsciente.
Neste exercício o lúdico deita e rola, onde até a ecolalia deve e pode ser provocadora ao brincar e divertir, assim sendo, o medo ou os egoístas acertos não entram em questão, pois certo e errado ficou para juízes e deuses, especialmente, porque no olhar clínico junto a qualquer criança, o brincar estabelece no social a saída do Imaginário através da confiança e empatia e altruísmo sentido pela pessoa no traço como mecanismos de inclusão e pertencimento.
Mas o brincar não zombeteiro para com as ecolalias, por exemplo, mas sim para te ter amenizar os sentimentos dos pacientes quanto a sua participação verbo e corporal comunicação, como também considerando uma forma de arqueologia das expressões para além do verbal no processo comunicativo dele em Inclusive, em ensaio-erro buscando uma adaptabilidade possível a socialização, dentro e através das emoções.
Sobretudo, que no brincar tudo é permitido, mesmo havendo regras claras entre os brincantes respeitosas as dinâmicas dos pares, estas regras é base filogenética, por assim dizer, do humano para viver como dependente um do outro, na minha visão baseada em Lacan o Grande Outro, Este como determinismo pre-onipresente, ciente e potente.
Aquele que melhor se explica pela cultura, onde o pai é tão importante quanto a mãe, nas divisões de funções do e no brincar isso fica explícito, a paternidade com sinal da lei, mecanismo basilar para a socialização. O que me parece falho junto às famílias de pessoas no traço(na maioria ao menos das que acompanho, falha sobretudo, inconsciente). Enfim, para socialização a função paterna é crucial que seja desenvolvida firme e amorosamente .
Em produção que tem muita contribuição significativa de Pocconi, em texto winnicotiano, falando sobre o corpo, diz que as “respostas comportamentais insólitos e bizarras aos estímulos sensoriais(...) aparentemente incompreensíveis, sejam na verdade, ricas de significados”, e diante do Real apresentando por este Grande Outro invasor “estas crianças utilizam para manter e proteger certo tipo de sistema, isolado e isolador”, no qual este amor forte presente, pode dar segurança a pessoa no traço no acesso ao pertencimento social.
Aqui nos dispersamos do que ela mais a frente vai chamar de “ casulo protetor “, tanto que ela, a autora reconhece que a “criança lança mão de proteções manipuladoras“ ante a interrupção precoce do holding. Discordo, portanto, pois se a criança manipula o meio ele interaja e adapta a suposta da mãe suficientemente boa. E portanto, suponho, que o Amro forte de uma paternagem, deve ser um excelente atuar para sair dos ganhos secundários nessa manipulação por parte das pessoas no traço, pois assim, prova a sua não aceitação a socialização, pois esta suponhe uma negação individual em detrimento do coletivo, ausente nas pessoas que se utilizam da manipulação para ter seus desejos realizados.
Aqui cabe um adendo, quanto a essa falha. Winnicott supõe que temos a se utilizar de objetos transnacionais para suportar a falta que todos temos que vivenciar para se tornarmos quem somos. E são estas faltas, carências deixadas pela inabilidade natural da mãe ou outra cuidadora de nunca poder suprir todos nossos desejos. Mas para esses pensadores, parece-me ver as pessoas no traço muito fortes ou frágeis ante tais faltas. Ao ponto deles chamarem de aniquilamento sentido por tais pessoas se assemelhando ao vivido pelos psicóticos ao lidar com o real. Não creio em estremos e sim nos contextos de como são dados a essas pessoas inserções ao social.
Então conclui-se que não há culpa ante a es a suposta falha, pois nunca se alimentara o desejo por inteiro, bem como essas pessoas no traço não se colocam encapisulada pelo menos de imediato.
Penso que se em suas maneiras de se adaptar e de manipular o meio encontrar pessoas suficientemente boas para parafrasear Winnicott pode a ajudar a suportar o peso do Real tanto na descoberta de uma morada (corpo), gozar dele (falar), ou seja, descobrir que ele não é um pequeno Príncipe Tirano e que terá que também escrever seus desejos no mundo, no dizível possível a cada um deles, respondendo por seu desejo e assim, escrever sua independência pessoal.
sábado, 13 de agosto de 2016
O DIZÍVEL
Assinar:
Postar comentários (Atom)
A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO
Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...
-
Há uma teoria chamada Gestalt. Dela vejo-nos em um sistema dialético dinâmico em fechamentos. Explico, uma Gestalt aberta são elementos...
-
M.Books: Autismo Título: O desenvolvimento do autismo Tipo de suporte: papel Acabamento: simples Capa: brochura N...
Nenhum comentário:
Postar um comentário