segunda-feira, 11 de julho de 2016

Autismo, brincar diferente: ensaio de um gênio


A importância do brincar a todas fases se fazem, por ser a melhor maneira de socialização, pois ela precedo do imaginário“O brinquedo infantil (...) permite representar o papel (...) o brinquedo ensinar a exercer    simultaneamente diversos papéis, ponde em atividade, no indivíduo, a própria interação social, permitindo-lhe colocar em lugar do outro” (pag.18).
No imaginário podemos criar e recriar sem a destruição e sofrimento comum do mundo adultocêntrico presos a status, “No campo traço da personalidade são muitas as diferenças (...) Maslow, faz notar (...) os traços da personalidade ( são) ligados aos diversos status” (pag.35-6).
Porém, na infância não somos presos ao status, como também as pessoas no traço autista não sofrem, ao menos inicialmente, com os preconceitos, talvez quando estes evoluem a discriminação em sua violência comum é que eles são mais afligidos a isso. Todavia, é pertinente citar que as discriminações são frutos sociais: pois “Muitos grupos aceitam como normal o que chamaríamos de ilusões, alucinações, histerias ou neuroses” (pag.39).
O maior alvo de discriminação as pessoas no traço autista talvez seja a ingenuidade, passividade e a docilidade, onde se camuflam preconcebidos de incapacidades cognitivas, todavia:
“Klineberg (...) os fatores ecológicos são mais importantes do que os fatores raciais (...) a noção de patrimônio psicológico inato, indispensável a interpretação dos fatos, permanece vazia de conteúdo.  (...) Certamente, é admissível que o próprio meio traga elementos materiais que contribuem para produzir os desempenhos intelectuais (...) somos induzidos a imaginar a hereditariedade como conjunto de virtualidades positivas de um indivíduo, que marcam o máximo de seus desempenhos admissíveis. ‘Mas esses limites só muito excepcionalmente  serão atingidos, nos raros caso em que o meio social (...) seja favorável” (pag. 61)
 Então, é possível que o meio cultural, que chamamos de estímulos podem ser mais promissores que as informações genéticas herdadas, se assim são também, cabe-nos sinalizar que provavelmente, ninguém nasce com uma predisposição ao autismo e, necessariamente, a desenvolva sem que seja favorecidos ou potencializados no social.
Mas, para lidar com este sociocultural, quero dizer então, que sendo o brincar um grande mecanismo criativo é mais favorável, suponho, que sendo os comportamento diferentes, manias e costumes ( que chamam de estereotipias) se forem aceitos e delas criados, mutualmente, brincadeiras dentro da dinâmica incomum da pessoa no traço autista, este se sentido respeitado, aceito e acolhido pode desenvolver habilidades, quiçá geniais e inovadoras para não só sobreviver mais ser dignamente aceitos.
 Afinal, não se conhece um gênio que não tenha sido rotulado de esquisito. Assim, 
“o habitat,  o nível econômico-social expresso pela profissão dos pais e a dimensão da família. Cingir-nos-emos aos resultados perfeitamente decisivos”.(pag. 57-9). O que me faz pensar que quanto melhor tempo e qualidade deste, no tocante dos afetos ( qualidade de vida) podem promover melhores escores (resultados), no processo de aculturação e socialização que não “se desenrolem inteiramente sem crise. O bloqueio de uma tendência, num ser vivo, acarreta um estado de tensão (...)As proibições e coerções de ordem fisiológicas produzem certamente graves frustrações (...) Não ter acesso direto às pessoas e às coisas origina também estados de ansiedade, não apenas fortemente sentido no momento, mas deixando trações duráveis” (...) Os traumatismos devidos à aculturação são mesmo capazes de provar certos efeitos (...) Um desses efeitos é ulterior reação à autoridade (...) A criança não sentirá ressentimento para com a autoridade, quando sua experiência tenha sido a de contato com os adultos que amenizavam a severidade das privações que impunham, que infligiam as frustrações com benevolência (...) Já a criança criada com brutalidade guardará, com respeito a autoridade, o ressentimento agudo que teve em relação aos pais e aos adultos em geral. Desincumbir-se-á dos mandados com hostilidade e repugnância e cada ação lhe custará um conflito interior. Conforme o temperamento, aproveitará todas as ocasiões para exprimir sua hostilidade; ou, se muito fraca ou medrosa para lutar, ficará ruminando seu agravos  e tratará de livra-se deles em atividades dolosas ou obstrutivas” ( pag. 70-1)
Então, que criança estas forjando em vossos filhos? Independente de estar ou não no traço autista, a regra é a mesma, a imitação será direcionada a autoridade que tem mais ganhos no social. Se, ages com sua companheira a coloca-la submissa, ele assim tratará a genitora e o próximo será você. E, se na escola existe uma hierarquia acentuada, ele tenderá imitar isso, aprovando regras dos adultos sobre os seus pares, porém, cada vez mais agradando a aqueles, ficando cada vez mais só, e não necessariamente anti social.
Portanto, por outro lado, para os incluir de maneira mais interativa e menos adultocêntrica, precisamos favorecer o lúdico,  o que necessariamente temos que os facilitar é brincar. Brincando, eles podem sair do Imaginário indo ao Simbólico, ou seja, podem fantasiar brincando no Real, onde desenvolvendo o brincar pode-se desenvolver o ser e o estar, portanto, aliviando a grande responsabilidade de ter em si o sopro da vida. E, assim, podendo nos ensinar a sua forma verdadeira, franca e direta de ser, talvez de maneira menos abrupta.

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JEAN STOETZEL, Psicologia Social, Companhia Editora Nacional, São Paulo(1972)

sábado, 9 de julho de 2016

Educar para a vida.

Se de repente  os alunos  atípicos denunciam nossas limitações, nos colocado em  cheque ante a nossa precário conhecimento sobre eles mesmos, encaramos nossos limites de conhecimento, afetam inevitavelmente a frágil estabilidade  econômica (status) e sobretudo, a  nossa precária inteligência emocional (subjetividade), especialmente se somos da rede privada de ensino.
Quero dizer que assim, eles nos confronta em nossa particular dimensão  social e psíquica  afetando somática e diretamente nossos corpos e, assim, interagimos com eles como sem regra, perdendo  nosso destino de ser o melhor no que fazemos.
É um dilema, que concerne à nossa segurança  biopsicossocioespiritual de educador e/ou de outro  qualquer  profissional  que lida com a pessoa com traço do Transtorno  do Espectro do Autismo  TEA, bem como qualquer outro  atípico.
Refiro-me de imediato  a segurança  econômica  porque  esta está diretamente ligada a atual conjuntura ideológica. Sobretudo, porque em um mundo  pós moderno, o neoliberalismo ensina que somos mais livres tanto quanto  podemos consumir, ter  em detrimento de ser. Mesmo que não concorde que nem somos, apenas estamos sendo algo em cada contexto, essa realidade da grande maioria, alienada.  Eu não sou psicólogo e ativista em direito humanos 24 horas, tem horas que nem sei o que estou sendo, principalmente para os meus pacientes, por exemplo. Logicamente, porque sei que o que estou sendo é dialetizado com quem estou partilhando em determinado  contexto em perene dinâmica.
Enfim, através do econômico nos aliena de nossas virtudes consumindo-nos, nos aprisiona em precárias percepções  errôneas de nós, de contextos e dos demais mecanismos que nos enriquecem de vida real e sapiência potencial em cada ser vivo, sobretudo, os nossos educandos, que teimamos, eufemicamente chamar de especiais.  Não nos enganemos, eles apenas sofrem devido a nossa deficiência de não os entender colocando contra eles barreiras.
Especiais são as ciências que eles desenvolvem para lidar  com esse mundo adoecedor. Basta citar aqueles educadores, ainda, alienados, educam a partir de pressupostos desumanizantes ampliando nossas diferenças como se não fossem virtudes. Estas diferenças que nos pune e nos limita e a os no traço TEA infinitamente mais.
A maioria de nós, somos, por exemplo, manipulados a um processo alienante e desumano de como são elaborados as especializações. Através delas, formamo-nos especialistas em um foco minúsculo de determinado conhecimento e, com isso, caso nos fecharmos ao universo e dinâmica  dos novos saberes, nos transformam em doutores iletrados, especialmente quando  se referimos ao ser, e muito menos a vida e para que aqui estamos e para onde viemos. Pois, sabemos muito pouco além do nada que nos especializamos.
Nesse sentido, o educador, o maior profissional e cidadão, nesta concepção de sociedade, é o mais mal remunerado, em sua dura missão  de libertar cativos da ignorância, o que mais trabalha, pois tem que estar (re) editando a todo instante suas práticas, este profissional é quem melhor  espelha a verdade de que nunca estamos prontos, que somos sempre  uma obra em desenvolvimento.
Nisso, nasce a humildade de  estar aberto permanentemente ao novo. Caso não  queira ficar ao caminho, presa fácil, também, à alienação. Mas diferente da humilhação que vivem os educadores, a humildade é que pode ajudar a nos se libertar, mas apenas se nos colocar como aberto a aprender a aprender cotidianamente com o alunado.
Por sua vez, humildade é mais indispensável quando lidamos com uma atípico. Junto a um deste fica mais evidente a célebre frase “eu sei que nada sei”. Com uma criança  com traços TEA temos que além de humildes se deixar guiar pela criança, para além do desenvolver de uma empatia e uma força  respeitosa,  amar o que se faz e a quem faz. Todavia, isso apenas se instrumento de vínculo. Ensina para a vida, através disso.
E ai surge outro mistério, a criança é quem escolhe  a que(m) se vincular. A pessoa com traço TEA introduz essa máxima, como marca de sua autonomia e sua forte interação com o meio. Tudo depende disso e, assim o escolhido, provando que eles não vivem em seu “mundinho”, ele também escolhe o que fazer, através do vínculo estabelecido, pode-se adaptar o conteúdo à dinâmica da pessoa com o traço TEA.
Portanto, todos que se dispõe  dar acesso ao conhecimento a essas criaturas  tão  únicas como nós, precisam atuar através de uma independência significativa ( através de uma boa dose de inteligência emocional) para ser guiado  pela criança  em sua  peculiar forma de ver e viver nesse mundo. Não foi por engano que coloquei  “que (m)”, pois, para sua  proteção parece-me, comum entre algumas pessoas com traço TEA,  quem se utilize das pessoas como objetos,  na busca de atenção e cuidado, usam as pessoas como instrumentos de acessos aos seus desejos.  
Esse é o instrumento, onde o educador  humilde ( para além do pensamento paulofreiriano) se coloca para partilhar um pouco da forte invasão sensorial que essas crianças sofrem, em nos permitindo ser objetal, podemos favorecer que eles (quicá) possam se adaptar aos contextos de maneira menos sofrida e, assim também, encontramos meios mais estimulantes para os educar.


A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO

Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...