
Quero
dizer que assim, eles nos confronta em nossa particular dimensão social e psíquica afetando somática e diretamente nossos corpos
e, assim, interagimos com eles como sem regra, perdendo nosso destino de ser o melhor no que fazemos.
É um
dilema, que concerne à nossa segurança biopsicossocioespiritual de educador e/ou de outro qualquer profissional
que lida com a pessoa com traço do Transtorno do Espectro do Autismo TEA, bem como qualquer outro atípico.
Refiro-me
de imediato a segurança econômica
porque esta está diretamente
ligada a atual conjuntura ideológica. Sobretudo, porque em um mundo pós moderno, o neoliberalismo ensina que
somos mais livres tanto quanto podemos
consumir, ter em detrimento de ser.
Mesmo que não concorde que nem somos, apenas estamos sendo algo em cada
contexto, essa realidade da grande maioria, alienada. Eu não sou psicólogo e ativista em direito humanos
24 horas, tem horas que nem sei o que estou sendo, principalmente para os meus
pacientes, por exemplo. Logicamente, porque sei que o que estou sendo é dialetizado
com quem estou partilhando em determinado
contexto em perene dinâmica.
Enfim,
através do econômico nos aliena de nossas virtudes consumindo-nos, nos
aprisiona em precárias percepções errôneas
de nós, de contextos e dos demais mecanismos que nos enriquecem de vida real e
sapiência potencial em cada ser vivo, sobretudo, os nossos educandos, que
teimamos, eufemicamente chamar de especiais. Não nos enganemos, eles apenas sofrem devido a
nossa deficiência de não os entender colocando contra eles barreiras.
Especiais
são as ciências que eles desenvolvem para lidar
com esse mundo adoecedor. Basta citar aqueles educadores, ainda, alienados,
educam a partir de pressupostos desumanizantes ampliando nossas diferenças como
se não fossem virtudes. Estas diferenças que nos pune e nos limita e a os no
traço TEA infinitamente mais.
A
maioria de nós, somos, por exemplo, manipulados a um processo alienante e
desumano de como são elaborados as especializações. Através delas, formamo-nos especialistas
em um foco minúsculo de determinado conhecimento e, com isso, caso nos
fecharmos ao universo e dinâmica dos
novos saberes, nos transformam em doutores iletrados, especialmente quando se referimos ao ser, e muito menos a vida e
para que aqui estamos e para onde viemos. Pois, sabemos muito pouco além do
nada que nos especializamos.
Nesse
sentido, o educador, o maior profissional e cidadão, nesta concepção de sociedade,
é o mais mal remunerado, em sua dura missão
de libertar cativos da ignorância, o que mais trabalha, pois tem que
estar (re) editando a todo instante suas práticas, este profissional é quem melhor espelha a verdade de que nunca estamos
prontos, que somos sempre uma obra em
desenvolvimento.
Nisso,
nasce a humildade de estar aberto permanentemente
ao novo. Caso não queira ficar ao
caminho, presa fácil, também, à alienação. Mas diferente da humilhação que
vivem os educadores, a humildade é que pode ajudar a nos se libertar, mas apenas
se nos colocar como aberto a aprender a aprender cotidianamente com o alunado.
Por sua
vez, humildade é mais indispensável quando lidamos com uma atípico. Junto a um
deste fica mais evidente a célebre frase “eu
sei que nada sei”. Com uma criança com
traços TEA temos que além de humildes se deixar guiar pela criança, para além
do desenvolver de uma empatia e uma força
respeitosa, amar o que se faz e a
quem faz. Todavia, isso apenas se instrumento de vínculo. Ensina para a vida,
através disso.
E ai
surge outro mistério, a criança é quem escolhe a que(m) se vincular. A pessoa com traço TEA
introduz essa máxima, como marca de sua autonomia e sua forte interação com o
meio. Tudo depende disso e, assim o escolhido, provando que eles não vivem em
seu “mundinho”, ele também escolhe o que fazer, através do vínculo estabelecido,
pode-se adaptar o conteúdo à dinâmica da pessoa com o traço TEA.
Portanto,
todos que se dispõe dar acesso ao
conhecimento a essas criaturas tão únicas como nós, precisam atuar através de uma
independência significativa ( através de uma boa dose de inteligência
emocional) para ser guiado pela criança em sua
peculiar forma de ver e viver nesse mundo. Não foi por engano que
coloquei “que (m)”, pois, para sua proteção parece-me, comum entre algumas
pessoas com traço TEA, quem se utilize das
pessoas como objetos, na busca de
atenção e cuidado, usam as pessoas como instrumentos de acessos aos seus
desejos.
Esse
é o instrumento, onde o educador humilde
( para além do pensamento paulofreiriano) se coloca para partilhar um pouco da
forte invasão sensorial que essas crianças sofrem, em nos permitindo ser
objetal, podemos favorecer que eles (quicá) possam se adaptar aos contextos de
maneira menos sofrida e, assim também, encontramos meios mais estimulantes para
os educar.
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