quinta-feira, 21 de abril de 2016

A não liberdade da mulher, contribui para a indignidade da pessoa noTEA

Dificilmente podemos prognosticar onde leva o caminho das atuais gerações, sobretudo no tocante as relações humanas. No tocante, ao fim da antiga lógica da função do pai, onde creio, criarmos o que chamo de paternagem, pois com a ampliação do acesso aos meios de produção à mulher, essa inovação se fará indispensável.
Pois, se o machismo levou a várias violações, tanto que hoje no Brasil foi instituído pela Presidenta, a lei do Feminicídio, imagino que ante a ampliação de jornadas às mulheres, elas além de serem filhas das violências mil ao longo da história da humanidade, elas de “prisioneiras domiciliares”, agora também, estão “escravas” ao mercado de trabalho, “prisioneiras em meio semi-aberto”. Em suma, são punidas por serem vítimas e agora cumprem pena mais severa, e,por isso, não sabemos que resultará deste contexto.
Sei que há séculos crianças são, depois das mulheres, mais violadas no seio familiar; adolescentes e jovens são mortos e ou abusados, com saldo contemporâneo de vítimas mais que as duas grandes guerras. E, dos que sobrevivem, muitos acabam retroalimentando o que aprenderam como meio socializador, em uma sociedade neocapitalista morrem subjetivamente, em um individualismo narcisista hedônico insaciável. Sonham alienações televisivas e se relacionam artificialmente nas redes assustados com contato humano como em uma histeria coletiva, a caminho de uma sociedade “autística”, mas em doentia auto exclusão.
Neste sentido, não sei se ainda cabe “a desconstrução da grande narrativa do homem branco, moderno e ocidental”(1), porque penso criticamente que os movimentos ideológicos parecem ilhados, como se pudessem ignorar que estamos falando de relações desigual de poder que está sim, baseado na lógica hierárquica e, crer que apenas as mulheres são vítimas, parece um reducionismo. Todas as ideologias são necessárias mais não como “autisticamente” aleias à cada momento histórico.
Afianço a necessidade da união de todos os excluídos em prol ao acesso a todos aos bens conquistados socialmente e de maneira equânime, pois quando fechados a uma causa excluímos outras.
Como, sou ativista em Direitos Humanos, e milito em bandeiras como a da pessoa no Espectro do Autismo, sinto que a unanimidade pode ser excludente. O espectro abençoa com sintomas a todos sem distinção de raça, etnia, crença, gênero, geração e renda.
Neste sentido, precisamos pensar mobilizações de excluídos onde o discurso único destes ressoe acesso a direitos não exclusivos e sim coletivos. Pois comungo de uma ciência política crítica e historicamente que estuda a subjetividade em e com a coletividade: “urge, portanto, que os psicólogos sociais contribuam para a construção de identidades pessoais, coletivas e históricas capazes de romper a situação de alienação das maiorias populares oprimidas e desumanizadas que vivem à margem da sociedade dominante e, consequentemente, levar à mudança social.”(2)
 Assim portanto, não se fala de saúde, por exemplo, sem o bem estar físico, mental e social, ao qual incluo o espiritual. E isso não se concebe sem contextualizar“(...)Trata-se, assim, de desenvolver um saber psicológico historicamente construído que se mostre capaz de compreender e contribuir para sanar os problemas que atingem as maiorias populares e oprimidas. Para ele (Martin-Baró, 1989), então, a construção teórica em psicologia social deve emergir dos problemas e conflitos vivenciados pelo povo latino-americano, de forma contextualizada com sua história”.(2) 
Neste sentido fica evidente que as mulheres que agora “prisioneiras em meio semi-aberto” do sistema neoliberal, pouco terão, como os homens que foram apolíticos, meios de efetivar ganhos reais socialmente, se continuarem alienadas aos supostos ganhos capitalistas?
No caso das mães de pessoas no espectro do autismo isso é tão evidentes que muitas que conseguem vencer as amaras do preconceito transformados em armas a partir da discriminação de ser mãe de alguém TEA, culpabalizam-se ante o Transtorno e seu estigma; ficam perdidas nos sintomas do Espectro de tantas contradições e negociatas farmacotécnicas de “a-profissionais” em suas éticas questionáveis; pois, o Autismo, o pequeno traço que o filho possa ter, precariamente se encaixa nos sintomas adestrados por uma medicina pouco preventiva, proibindo as mães, de fato, acessarem um caminho terapêutico que inclua de fato, a pessoa do filho.
Neste sentido, as pessoas no espectro, tornam-se com alguns falam, o sintoma dos dilemas sócio familiares dos discursos adultocentricos, antrocentricos, eurocêntricos (...) enfim, de homens e mulheres esteticamente seguindo modelos que não respeitosos as nossas reais características, hoje, americanizados, pois nos tornamos, ideologicamente, colônia, quintal do país ianque. E nossa medicina excludente provém dessa ideologia.
Nesse sentido não se tem razão uma pessoa no espectro e sua família lutarem isoladas visto que nessas pessoas fica nítida a dependência a suas mães, sobretudo, essas sobrecarregadas não têm meios de lutar, seja pela demanda do TEA ou a diversas jornadas. Especialmente porque muitas delas são as únicas provedoras e, pois, muitas são abandonas por homens fracos em suas condições machistas.
Portanto, as vítimas que coletivamente se levantem e se empoderem, ou seja, façam do conhecimento armas de poder articulador de atos inclusivos de direitos a dignidade à pessoa no espectro e qualidade de vida a todas os excluídos, que afinal, alcançando-se conquistas beneficiaram a tod@s.
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1. João Manuel de Oliveira Centro de Investigação e de Intervenção Social Lígia Amâncio Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, 
 Teorias feministas e representações sociais:  desafios dos conhecimentos situados para a para a psicologia social;
2. Psicologia: Teoria e Pesquisa 2010, Vol. 26 n. especial, pp. 51-64. A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e Perspectivas Nacionais e Internacionais Maria Cristina Ferreira;Universidade Salgado de Oliveira














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