quinta-feira, 2 de junho de 2016

Falar da subjetividade humana é falar em objetividade em que vivem os homens (...) As capacidades humanas devem ser vistas como algo que surge após uma série de transformações qualitativas (...) a linguagem é a mediação para internalização da objetividade, permitindo a construção de sentidos pessoais que constituí a subjetividade. O mundo psicológico é um mundo relação dialética com o social".

Tentando concluir, apenas por pedagogia, pois precisamos pensar um pouco sobre os traços de autismos encontrados nas diversas pessoas que atendemos direta ou indiretamente, trago a reflexão de necessidade de um novo empoderamento feminino, um que combatam toda a forma de relação desigual de poder. Tentaremos ver como os estereótipos (rótulos) são miseravelmente as nossas atuais formas de justificar todas a manutenção das discriminações às diferenças, estas que ferem-nos por sermos únicos. Sobretudo porque somos únicos, isso é a única verdade. Dela nasce a verdadeira essência da vida, a humildade de que temos apenas um sopro de vida. Uma simples centelha de divindade.
" Os estereótipos consistem em esquemas ou representações mentais sobre grupos sociais. (...) eles interferem ativamente no processo de formação de impressão e percepção de pessoas, que é o responsável pela integração de informações e avaliação de outros indivíduos, ou seja, pelas formas com que o percebedor interpreta os indivíduos que o rodeiam”(1).
Nestas representações é que criamos os rótulos a partir da “primeira impressão”, aquela que nunca fica como verdade, ou que negamos a todo preço por ser quase sempre inconsciente, “As pessoas costumam realizar inferências iniciais (formação e percepção de pessoa) baseadas em estereótipos, o que significa dizer que essas categorias sociais são ativadas de modo automático ou inconsciente”(1)  
Todavia, na aproximação com o real, as representações fazem vencermos ou não o desconhecido, e nesse sentido podemos transformar conhecimento em poder político de efetivação dos direitos" a função das representações sociais é dar sentido ao desconhecido, transformando o não familiar em algo familiar". Neste sentido o autor Martin-Baró diz que para enfrentar a injustiça social presente no mundo latino americano:
“A principal tarefa do psicólogo social deve ser a conscientização de pessoas e grupos, como forma de levá-los a desenvolver um saber crítico sobre si e sobre sua realidade, que lhes permita controlar sua própria existência. De contribuam para a construção de identidades pessoais, coletivas e históricas capazes de romper a situação de alienação das maiorias populares oprimidas e desumanizadas que vivem à margem da sociedade dominante e, consequentemente, levar à mudança social. Trata-se, assim, de desenvolver um saber psicológico historicamente construído que se mostre capaz de compreender e contribuir para sanar os problemas que atingem as maiorias populares e oprimidas”(1).

Bock em sua Psicologia Sócio- Histórica, traz que mesmo que o capitalismo trouxe o individualismo como direito, através da noção do “eu” surge a necessidade da existência da psicologia e em um contexto de ideias liberais, ela deve ajudar-nos a desenvolver nossas potencialidades. 
"Sentimento do eu (...) uma ciência que estude esse sentimento também é resultado desse processo histórico ( da individualização, sobretudo com o capitalismo) assim a psicologia torna-se necessária"(2)
Em pesquisa Bock, junto a 44 psicólogos, percebeu a importância da percepção no processo consciente e inconsciente do ser humano e este visto bio-psico-social ( a qual comumente acrescento o espiritual), que ela também cita a interação entre as pessoas e o indivíduo como agente e sujeito no fenômeno  psicológico. Este que nos habita o corpo e em certos "momentos de crise nos domina" em o meio social como "estranho ao nosso eu". (2). Essa diferença é que nos coloca humilde dependente ao outro, "falar em fenômeno psicológico é falar em sociedade. Falar da subjetividade humana é falar em objetividade em que vivem os homens (...) O mundo psicológico é um mundo relação dialética com o social".(2)A autora alerta que nessa relação temos algo a combater “do cultural somos mediados pelas ideologias que mantém a submissão e alienação do ser humano, pois segundo Chaui as " as ideias das ideologias são, pois, universais abstratos" (2), exemplifica, portanto, a existência de um perigo necessariamente para quem é acrítico: "mãe e do  pai sem se falar da  família como instituição social marcada historicamente pela apropriação do sujeito (...) fala-se de identidade da mulher sem se falar das características do machismo de nossa cultura (...) na verdade não se fala nada, se faz ideologia"(2) Pergunto-me quem lucra com essa ideologia? Bock aponta um exemplo de como nós psicólogos estivemos e, muitos ainda estão, a serviço de uma "higienização moral da sociedade".  Ou seja, exclusão dos que só conseguem viver sem as mentiras sociais, como a pessoa no espectro:" o diferente não é anormal, é menos provável, menos comum. Porque não se deu acesso as condições necessárias para o desenvolvimento daquelas características". (2) 
Neste, exemplo de exclusão do diferente, sabe-se que a  relação de poder está impregnada em tudo não apenas na relação de gênero como, de certo modo se omite o movimento feminista:
"A ideologia, neste contexto, não pode mais ser vista como ilusão, mistificação ou falsa consciência. Precisa ser vista como instrumento de dominação.(...)Introduz-se, sim, a questão do poder, ou dos interesses; O indivíduo, nesta perspectiva, seguindo a tradição vigotskiana (Vigoysky, 1978), é sempre uma entidade social e, como tal, um símbolo vivo do grupo que ele representa.(2) 
Mas, enfim, é em Morin (1984), que Bock, vai trazer a necessidade de união das forças de todos e todas destituídos de acesso as conquistas devido a relação desigual de poder, especialmente as causas das pessoas no espectro, que como disse em outras publicações, acomete a todos indicriminadamente:
Tudo o que é humano é ao mesmo tempo psíquico, sociológico, econômico, histórico, demográfico. É importante que estes aspectos não sejam separados, mas sim que concorram para uma visão poliocular. O que me estimula é a preocupação de ocultar o menos possível a complexidade do real” (2)
Nesse sentido enfim, chegamos ao que desejava conclamar a todas as mães de pessoas no espectro a de fato a atuarem politicamente organizada diante da perspectiva de unirem-se em torno de uma causa maior em  nome da inclusão de todos aquelas pessoas que sofrem com as diversas desigualdades nas relações de poder. Isto posto, afianço que somente em organização social é que se faz de fato um saúde do bem estar física, mental, social e espiritual, ou seja, biopsicossocioespiritual, a fim de fato, valorizarmos o sopro de vida em cada um de nós, como dom divino que nos foi confiado para amar como forma única de viver.
É nesta perspectiva que estivemos silenciosos montando um projeto basilar chamado Espaço Azul a fim de contemplar de maneira humanizada e respeitosa as todas as dinâmicas que nos chegar, a fim de empaticamente trazer reflexões para melhor adaptação junto a um bem estar físico, mental e social.
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1.Psicologia: Teoria e Pesquisa 2010, Vol. 26 n. especial, pp. 51-64A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e Perspectivas Nacionais e Internacionais Maria Cristina Ferreira1 Universidade Salgado de Oliveira

2.O Conceito de Representação Social na Abordagem Psicossocial - Mary Jane P. Spink.

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