Falar da subjetividade humana é falar em objetividade em que vivem
os homens (...) As capacidades humanas devem ser vistas como algo que surge
após uma série de transformações qualitativas (...) a linguagem é a
mediação para internalização da objetividade, permitindo a construção de
sentidos pessoais que constituí a subjetividade. O mundo psicológico
é um mundo relação dialética com o social".
Tentando
concluir, apenas por pedagogia, pois precisamos pensar um pouco sobre os traços
de autismos encontrados nas diversas pessoas que atendemos direta ou
indiretamente, trago a reflexão de necessidade de um novo empoderamento
feminino, um que combatam toda a forma de relação desigual de poder. Tentaremos
ver como os estereótipos (rótulos) são miseravelmente as nossas atuais formas
de justificar todas a manutenção das discriminações às diferenças, estas que
ferem-nos por sermos únicos. Sobretudo porque somos únicos, isso é a única
verdade. Dela nasce a verdadeira essência da vida, a humildade de que temos
apenas um sopro de vida. Uma simples centelha de divindade.
" Os estereótipos consistem em esquemas ou representações
mentais sobre grupos sociais. (...) eles interferem ativamente no processo de
formação de impressão e percepção de pessoas, que é o responsável pela
integração de informações e avaliação de outros indivíduos, ou seja, pelas
formas com que o percebedor interpreta os indivíduos que o rodeiam”(1).
Nestas representações
é que criamos os rótulos a partir da “primeira impressão”, aquela que nunca
fica como verdade, ou que negamos a todo preço por ser quase sempre inconsciente,
“As pessoas costumam
realizar inferências iniciais (formação e percepção de pessoa) baseadas em
estereótipos, o que significa dizer que essas categorias sociais são ativadas
de modo automático ou inconsciente”(1)
Todavia, na
aproximação com o real, as representações fazem vencermos ou não o
desconhecido, e nesse sentido podemos transformar conhecimento em poder
político de efetivação dos direitos" a função das representações sociais é dar
sentido ao desconhecido, transformando o não familiar em algo familiar". Neste sentido
o autor Martin-Baró diz que para enfrentar a injustiça social presente no mundo
latino americano:
“A principal tarefa do psicólogo social deve ser a
conscientização de pessoas e grupos, como forma de levá-los a desenvolver um
saber crítico sobre si e sobre sua realidade, que lhes permita controlar sua
própria existência. De contribuam para a construção de
identidades pessoais, coletivas e históricas capazes de romper a situação de
alienação das maiorias populares oprimidas e desumanizadas que vivem à margem
da sociedade dominante e, consequentemente, levar à mudança social. Trata-se,
assim, de desenvolver um saber psicológico historicamente construído que se
mostre capaz de compreender e contribuir para sanar os problemas que atingem as
maiorias populares e oprimidas”(1).
Bock em sua Psicologia Sócio- Histórica,
traz que mesmo que o capitalismo trouxe o individualismo como direito, através
da noção do “eu” surge a necessidade da existência da psicologia e em um
contexto de ideias liberais, ela deve ajudar-nos a desenvolver nossas potencialidades.
"Sentimento
do eu (...) uma ciência que estude esse sentimento também
é resultado desse processo histórico ( da individualização,
sobretudo com o capitalismo) assim a psicologia torna-se necessária"(2)
Em pesquisa Bock, junto a 44 psicólogos, percebeu a importância
da percepção no processo consciente e inconsciente do ser humano e este visto
bio-psico-social ( a qual comumente acrescento o espiritual), que ela também
cita a interação entre as pessoas e o indivíduo como agente e sujeito no fenômeno
psicológico. Este que nos habita o corpo e em certos "momentos de crise nos domina" em o meio social como "estranho ao nosso eu". (2). Essa diferença é que nos
coloca humilde dependente ao outro, "falar em fenômeno psicológico é falar em sociedade. Falar
da subjetividade humana é falar em objetividade em que vivem os homens (...) O
mundo psicológico é um mundo relação dialética com o social".(2)A autora alerta que nessa relação temos
algo a combater “do cultural somos mediados pelas
ideologias que mantém a submissão e alienação do ser humano, pois segundo Chaui
as " as ideias das ideologias são, pois, universais abstratos" (2), exemplifica, portanto, a existência de um perigo
necessariamente para quem é acrítico: "mãe e do pai sem se falar da família como
instituição social marcada historicamente pela apropriação do sujeito (...)
fala-se de identidade da mulher sem se falar das características do machismo de
nossa cultura (...) na verdade não se fala nada, se faz ideologia"(2) Pergunto-me quem lucra com essa
ideologia? Bock aponta um exemplo de como nós psicólogos estivemos e, muitos
ainda estão, a serviço de uma "higienização moral da sociedade". Ou
seja, exclusão dos que só conseguem viver sem as mentiras sociais, como a
pessoa no espectro:" o
diferente não é anormal, é menos provável, menos comum. Porque não se deu
acesso as condições necessárias para o desenvolvimento daquelas
características". (2)
Neste, exemplo de exclusão do diferente,
sabe-se que a relação de poder está
impregnada em tudo não apenas na relação de gênero como, de certo modo se omite
o movimento feminista:
"A ideologia, neste contexto, não pode mais ser vista como
ilusão, mistificação ou falsa consciência. Precisa ser vista como instrumento
de dominação.(...)Introduz-se, sim, a questão do poder, ou dos interesses; O
indivíduo, nesta perspectiva, seguindo a tradição vigotskiana (Vigoysky, 1978),
é sempre uma entidade social e, como tal, um símbolo vivo do grupo que ele
representa.(2)
Mas, enfim, é
em Morin (1984), que Bock, vai trazer a necessidade de união das forças
de todos e todas destituídos de acesso as conquistas devido a relação desigual
de poder, especialmente as causas das pessoas no espectro, que como disse em
outras publicações, acomete a todos indicriminadamente:
Tudo o que é humano é ao mesmo tempo psíquico, sociológico,
econômico, histórico, demográfico. É importante que estes aspectos não sejam
separados, mas sim que concorram para uma visão poliocular. O que me estimula é
a preocupação de ocultar o menos possível a complexidade do real” (2)
Nesse sentido
enfim, chegamos ao que desejava conclamar a todas as mães de pessoas no
espectro a de fato a atuarem politicamente organizada diante da perspectiva de
unirem-se em torno de uma causa maior em
nome da inclusão de todos aquelas pessoas que sofrem com as diversas
desigualdades nas relações de poder. Isto posto, afianço que somente em
organização social é que se faz de fato um saúde do bem estar física, mental,
social e espiritual, ou seja, biopsicossocioespiritual, a fim de fato,
valorizarmos o sopro de vida em cada um de nós, como dom divino que nos foi
confiado para amar como forma única de viver.
É nesta perspectiva
que estivemos silenciosos montando um projeto basilar chamado Espaço Azul a fim
de contemplar de maneira humanizada e respeitosa as todas as dinâmicas que nos
chegar, a fim de empaticamente trazer reflexões para melhor adaptação junto a um bem estar físico, mental e social.
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1.Psicologia: Teoria e Pesquisa 2010,
Vol. 26 n. especial, pp. 51-64A Psicologia Social Contemporânea: Principais
Tendências e Perspectivas Nacionais e Internacionais Maria Cristina Ferreira1
Universidade Salgado de Oliveira
2.O Conceito
de Representação Social na Abordagem Psicossocial - Mary Jane P. Spink.
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