quarta-feira, 19 de abril de 2017

O ÚLTIMO GOLPE NARCÍSICO, PARA UMA EVOLUÇÃO PARA ALÉM DA RELAÇÃO DESIGUAL DO PODER: CASTRAR-SE DO MACHISMO


Em uma sociedade  que valoriza o que se tem, parece esquecer que quanto  mais ricos existirem mais miseráveis multiplicam-se. Enquanto educarmos filhos para serem  melhores ,em suma, competidores, mais favorecemos desejos, ou seja, favorecemos o fim da solidariedade, alimentamos, portanto, assim, violência.
Desde  que me percebi  “como gente”, como  se fala em minha região, percebi-me como sedento por revolução. Assim, pensei ser professor lamentavelmente, convivi com professores que  eram “pelegos” em sua maioria, o que me frustrou  favorecer  canalizar minha revoltas para um coletivo  em formação  política; fui às artes como música, teatro, poesia entre outras que não são valorizadas em um país  instruído a não  pensar e, até nestas, ficam  evidentes “que o rio corre para o mar”, ou seja, também se é,  nelas efetivadas as diversas máscaras da segregação; até  que me vi condenando aos ditames das gerações  passadas, que vêm no “trabalho (o que supostamente) dignifica  o homem”, foi então que me vi acoçado pela escravidão  que se camufla na eufemia das relações desiguais do poder do mercado; por fim, vi-me expurgado a voltar aos estudos, quem sabe para entender os mecanismos  de revolucionar  o mundo e, foi então, a psicologia, instrui-me, e cotidianamente vejo que só  existe única revolução: a subjetiva e em harmonia com os anseios alheios.
Foi assim que entendi e aprendo a cada dia que ser só é, saber  a cada dia mais, aonde e como lidar com as pessoas. E lamentavelmente, percebo que de tão  sofrido, o meu povo encontra-se contentando com “migalhas” dos prazeres imediatistas e soluções cada vez mais superficiais, em tal situação pensar, criticar, ponderar antes de agir “sairam de moda”.
Nisso, fico cada dia mais convicto de que a solidão tem ritmado a solidariedade, tanto que ajudar e responsabilizar tornaram-se sinônimas. Assim, o ato  de amar tem se percebido  como ingênuo e “tirar proveito” é  a regra e, nesse sentido, parecem crer que apenas corruptos  são os “engravatados  de Brasília”.
Isso tudo relaciona-se implicitamente com o machismo, o último golpe  que precisamos nos dar para entendermos as mazelas das relações  desiguais de poder. Decepando aquelas formas de relações  que se configuram nas relações hierárquicas como macho/mulher, adulto/criança, rico/pobre, patrão/empregado é que podemos sentir nossa particular revolução em ebulição.
Em todas estas e qualquer  integração  humana, em que houver violência, especialmente  a psicológica, por ser tão  impactante que leva a vítima se sentir culpada, é  que me afiança a dizer que toda a miserabilidade  humana está na propriedade  privada. Pois, é  na ideia de posse que se escondem todas as forças da vildade.
Enfim, entendo porque  sou esquisito, tosco ou até  antiquado  para esta sociedade, mas não temo essa solidão, parafraseando o poeta revolucionário “assusta-me o silêncio  dos inocentes” diante de suas próprias desgraças.
Entristece-me sim, ter tantas gerações perdidas sem se revolucionar, presas a mentiras tantas. E lutam e morrem por nada ou sem viver, cambaleia drogados por falta de “não falar das flores”, quero dizer, não degustam dos encantos  reais dessa vida. Vão sendo bitolados a favorecer as formas e relações desiguais por um suposto poder. Esse sendo, o necessário, último  golpe narcísico  que devemos  dar-nos.
Enquanto  eu também  definho, cada dia mais as relações  ficam mais utilitaristas, restando-me apenas aprender precocemente o gosto de cotidianas despedidas. Estranho, pois as pessoas mais próximas estão sendo, neste últimos tempos, os pacientes e, neles eu tenho contentamento pois os vejo se revolucionando. Meu legado, portanto, é  suportar o servir ao próximo e assim, amar vivendo servindo.

terça-feira, 11 de abril de 2017

ENTRE CULPA E A RESPONSABILIDADE

A cada paciente, independente da idade, classe social ou cultural, têm me ensinado que somos reféns de um mal que as gerações ainda não se libertaram.
Refirmo-me à má interpretação da filosofia cristã ocidental, aquela que chamo de barroquismo, ou seja, a prisão da culpa, advinda do pecado, o velho certo e ou errado.
Essa dicotomia tem contribuído para a desigualdade de oportunidades, no que se refere à qualidade de vida. Pois, assim, as pessoas se rivalizam se acusando mutualmente, dificultando e até impossibilitando responsabilidades, tanto dos adultos como dos filhos, independente da idade. Em suma impede sobretudo, que em sociedade tenhamos pessoas mais dignas de atuar em prol de direitos correlacionados com os deveres. Mas esse é outro tema. Especialmente porque isso é o resultado último dessa sociedade sobremaneira egoísta. 
No que nos interessa, quando os adultos treinam, geralmente de modo indireto e até inconsciente, os seus filhos para não se responsabilizarem, temos na maioria dos casos famílias nas quais as mulheres mais adoecem e são vítimas de suas próprias distorções perceptivas, como nos exemplos daquelas que são levadas a atuarem como perfeccionistas, contentando-se apenas com a sua forma de atuar e orientar o próprio filho.
O perfeccionismo tem diversas faces, a mãe heroína é a mais evidente. O pai impotente também. E destes, creio,que nascem as diversas formas comportamentais, por assim dizer viciadas, por parte dos filhos. Entretanto, também, essa abordagem daria outro tema.
Focando, na crítica presente, creio que se faz indispensável caminhar para uma postura, sobremodo atuada pelos adultos, de corresponsabilidade onde tanto pedagógica e emocionalmente seja especulado as intervenções junto a todos os filhos, não apenas aos que são tidos dentro dos traços do autismo. Afinal, há pouquíssima diferença no trato de formação entre os atípicos e os não, guardando as devidas proporções e peculiaridades de cada pessoa e comprometimento.
Entretanto, a cada dia mais, as pessoas no traço do autismo me ensinam que há pouquíssima diferença mesmo, naturalmente, quando olhamos a partir da inteligência emocional. Não é em vão que todos que eu conheço, adequam as situações e as pessoas as seus desejos. E quando não as ignoram.
E é nessa mesma perspectivas, hipotetizo, que se os adultos distribuírem e partilharem de uma postura mais nivelada quanto as responsabilidades, mais poderemos também caminhar nesse sentido com todos os filhos. Assim, bem como eles aprenderemos dentro de seus limites suas potencialidades e, melhor, não mais os infantilizaremos, subestimaremos ou limitaremos.
O melhor ainda é que, sem o peso da culpa, com a distribuição das responsabilidades, inclusive as dos filhos, adoece-se-á menos e, mais facilmente, teremos visibilidade de cada pessoa em questão, a partir das potencialidade e não dos supostos limites.

terça-feira, 4 de abril de 2017

A COMPLEXA REALIDADE DE SER PATERNO: AMAR.


Tenho percebido como tem sido difícil aos pais melhor (co)responsabilizar-se junto as demandas dos filhos no traço autista.Muitos ainda padecem em pensar que devem apenas ajudar, porém, estes esquecem que ajuda-se quando e como pode. Entretanto, todos são responsáveis, inclusive a própria pessoa no traço autista. Pois se assim não trabalharmos como poderemos pensar essa pessoa para além da autonomia e da liberdade? 

Alguns, pensam que apenas as mães são mais habilidosas no cuidar e preparar para a vida. Estes também pecam duplamente, ao menos. Porque por um lado, esquecem que aprendemos por imitação e, pior, ensinamos a cada filho a lei do caos que se encontra impregnado na sociedade, ou seja, a desigualdade em todas as relações e, então, uma desarmonia no tocante ao amor. 
Quero enfatizar que todo filho, não só a pessoa no traço autista, imita o que lhe dar mais prazer. Por exemplo, se ela assiste uma desigualdade na distribuição de poder na relação entre os genitores, onde um pode tudo e ao outro cabe só as demandas de cuidados e serviços, a quem esta pessoa imitaria?
É claro que temos as variáveis do amor que os filhos nutrirão a aquele que o cuida e o protege, todavia, cada uma realidade tem seu contexto e suas variáveis. O que tenho assistido é que temos exemplificado a nossos filhos, muito pouco amor, lamentavelmente. Especialmente porque poucos se dão conta disso e, entre estes, ainda a aqueles que pouco se mobilizam para mudar isso revolucionando sua própria realidade.
Este é o segundo equívoco, nestes que exemplificam egoísmo aos filhos, pois vivem na desarmonia do amor. Nos casos que contribuo para minimizar isso, temos tantas variáveis que tem horas que sofro por perceber tamanha frieza e apatia no tocante ao amor, talvez por não entenderem o sentido da vida.
Refiro-me a pessoas que sobrecarregam suas companheiras por tanto trabalho especialmente com as demandas com os filhos e, aguardam em suas posturas de relação desigual de poder que elas sirvam seus desejos de homem, de esposo, de chefe de família e, não poucos, muitos se deixam como "ainda filhos".
Falarei especialmente deste último, quais ora rivalizam com o filho, ora o infantilizam, ora esperam deste soluções as suas mais profundas perdas e, portanto, esperam que seu descendente realize os antigos sonhos frustrados.
Em fim, esquecem que para além de genitor (aquele que gera), não adianta ser apenas pai ( que sustenta) é necessário ser paterno. Este que além de gerir e sustentar também precisa exercitar a ternura (paTERNO) e, ser terno (deriva da palavra três), portanto, é dedicar a três a si, a esposa e a cada filho. Como agir assim? Vivendo intensamente!!!!
Isso é, uma dedicação para preservar a beleza interna e externa sua e da esposa, amar as suas limitações e apoiar nas dificuldades mutualmente, mas especialmente, responsabilizar pela complexa formação e desenvolvimento do filho. Favorecer humildemente, portanto, o bem estar e qualidade de vida através do diálogo franco e independente. Estas conquista nunca são conquistadas apenas pelo poder econômico e sim pelo amor, este que a tudo congrega, aceita e entende, por saber que só existe uma revolução, a íntima que resulta para bençãos para todos.

A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO

Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...