Desde que me percebi “como gente”, como se fala em minha região, percebi-me
como sedento por revolução. Assim, pensei ser professor lamentavelmente, convivi com professores que eram “pelegos”
em sua maioria, o que me frustrou favorecer canalizar minha revoltas para um
coletivo em formação política; fui às artes como música, teatro, poesia
entre outras que não são valorizadas em um
país instruído a não pensar e, até nestas, ficam evidentes “que o rio corre para o mar”, ou
seja, também se é, nelas efetivadas as diversas máscaras da
segregação; até que me vi condenando aos
ditames das gerações passadas, que vêm no “trabalho (o que supostamente) dignifica
o homem”, foi então que me vi acoçado pela escravidão que se camufla na eufemia das relações desiguais do poder do mercado; por fim, vi-me expurgado a voltar aos estudos, quem sabe para entender os mecanismos de revolucionar o mundo e, foi então, a psicologia, instrui-me, e cotidianamente vejo que só existe única revolução: a subjetiva e em harmonia com os anseios alheios.
Foi
assim que entendi e aprendo a cada dia que ser só é, saber a cada dia mais, aonde e como lidar com as
pessoas. E lamentavelmente, percebo que de tão
sofrido, o meu povo encontra-se contentando com “migalhas” dos prazeres
imediatistas e soluções cada vez mais superficiais, em tal situação pensar,
criticar, ponderar antes de agir “sairam de moda”.
Nisso,
fico cada dia mais convicto de que a solidão tem ritmado a solidariedade, tanto
que ajudar e responsabilizar tornaram-se sinônimas. Assim, o ato de amar tem se percebido como ingênuo e “tirar proveito” é a regra e, nesse sentido, parecem crer que
apenas corruptos são os “engravatados de Brasília”.
Isso
tudo relaciona-se implicitamente com o machismo, o último golpe que precisamos nos dar para entendermos as
mazelas das relações desiguais de poder. Decepando aquelas formas de relações que se configuram nas relações hierárquicas como macho/mulher,
adulto/criança, rico/pobre, patrão/empregado é que podemos sentir nossa particular revolução em ebulição.
Em
todas estas e qualquer integração humana, em que houver violência,
especialmente a psicológica, por ser
tão impactante que leva a vítima se
sentir culpada, é que me afiança a dizer
que toda a miserabilidade humana está na
propriedade privada. Pois, é na ideia de posse que se escondem todas as forças
da vildade.
Enfim,
entendo porque sou esquisito, tosco ou
até antiquado para esta sociedade, mas não temo essa
solidão, parafraseando o poeta revolucionário “assusta-me o silêncio dos inocentes” diante de suas próprias
desgraças.
Entristece-me
sim, ter tantas gerações perdidas sem se
revolucionar, presas a mentiras tantas. E lutam e morrem por nada ou sem viver,
cambaleia drogados por falta de “não falar das flores”, quero dizer, não degustam dos
encantos reais dessa vida. Vão sendo
bitolados a favorecer as formas e relações desiguais por um suposto poder. Esse
sendo, o necessário, último golpe
narcísico que devemos dar-nos.
Enquanto eu também
definho, cada dia mais as relações
ficam mais utilitaristas, restando-me apenas aprender precocemente o gosto de cotidianas despedidas. Estranho, pois as pessoas mais
próximas estão sendo, neste últimos tempos, os pacientes e, neles eu tenho contentamento pois os vejo se revolucionando. Meu legado, portanto, é suportar o servir ao próximo e assim, amar vivendo servindo.
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