segunda-feira, 15 de maio de 2017

"TENHO UM SONHO": SER OU NÃO SER

A comunicação é mais que ouvir. Não só ouvirmos pelos ouvidos, pois eles apenas dão acesso ao sistema decodificador do que sentimos da  vibração sonora. 
Para entender tal vibração, tem-se que ir além do ouvir e escutar, deste, pois se faz necessário saber traduzir o código, ou seja, de alguma forma estar inserido na cultura do que se foi propagado, verbalizado ou outras tantas formas de expressão.
 Esta é a razão que para se falar necessariamente,dá-se-nos um rico processo, qual pouco damos contar da preciosidade nas ondas sonoras, percebidas desde os poros, ouvidas, escutadas, entendidas como significativas, afetando-nos de maneira impar, emocionalmente, em suma, processos anteriores ao o comunicar, que sabemos muitas vezes infelizes, nos comunicamos até de forma vil.
Todavia, até entendida, pois diante de tantas  sujeiras desinformações - devidas a tantas poluições não só sonoras, visuais, culturais etc. - que é provável que traga certas dificuldades contemporâneas -  no tocante de seres verbais que não se apercebe de que cada dia somos mais forjados para relações cada vez mais poluídas sem sentido, para nos desnortear, ao ponto que tem crescido formas de respontas violentas às interações até com quem nós mesmos cativamos.
Parece que com a ensurdecedora velocidade das tecnologias somos levados a querer dessa mesma forma responder, no mínimo no compasso dos pensamentos sinápticos (por assim dizer) rápidos nas respostas para não nos comprometer com os sentidos e assim não alimentar sentimentos. É como se sabe, quem muito fala, muito tende a errar. Assim, ficamos menos afáveis.
Assim a cada momento paramos de entender o que escutamos  e mais aceleradamente agimos imitando e reproduzindo ecos alheios aos nos mesmos, respondendo como máquinas prontas para apenas dizer sim, diferente as pessoas autistas, as quais lutam para que suas atipias acomodem suas necessidades e forcem suas satisfações. Nós ao contrário, usamos até o que não precisamos.
Basta observar a tantas manias e até posturas diretamente ritualísticas comportamentais freneticamente viciadas, ampliando a cada dia mais frieza e distanciamento do calor humanos, ficamos mais e mais em nossas cápsulas solitárias. Quem nos dirá quem somos? Sozinhos?
Estamos deixando de sermos nós mesmos. 
Isso se dar mais ao frenesi dos teclados acelerando a distância afetiva e responsável pelos que cativamos. Calor mesmo apenas o das baterias que parecem ser o time  da responsabilidade em cada relação. 
Trocamos as palavras por siglas ou figurinhas que denotam nossas supostas emoções. Dizem que estamos em uma transição, será para o bater do coração virtual e artificial. As palavras sofrem onomatopeias reduzem não só a língua, mas todas a necessidade do outro.
Entretanto, nestes distanciamentos quando seus cultivadores, os cativos ou viciados são convocados a interação face to face  perguntam-se to be or not to be  eis a questão? Entretanto, como cada dia somos menos nós mesmos, pois a ideia e nos tirar o último sonho, que é viver em harmonia com aquele que dizem a nós mesmos, quem somos e partir dessa interação ampliamos da harmonia ao amor.
Então, parece que apenas sofremos, como se permanentemente diante de espelhos nos vemos nos outros apenas quando estamos online  e quando descarrega a bateria, o offline nos acusasse, através do olhar e da língua do outro. E este outro não construísse nada além de uma babel em forma de muro nos separando porque nos assustamos com o que se diz de nós mesmos. 
E não mais nos reconhecendo e entendemos agimos incomunicáveis, processando assim o princípio do fim, o caos a porta. A violência. 
É assim, que as grandes marcas e ideias vendem-nos o que não necessitamos. Comemos o que nos destrói. Matamos o que nos ama. É assim que surge a relação objetal, onde o outro é meio e não o fim de todas as coisas. Assim se dá a comunicação violenta.


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Imagem, Créditos:
http://blog.maristane.com/2013/10/21/i-have-a-dream/

quarta-feira, 10 de maio de 2017

OS PARA QUE DA SOLIDÃO

A solidão é uma das maravilhas aos que buscam autoconhecimento, ou ao menos, a um indício de como acessar uma melhor  integração com o universo, mas é sem dúvida, um meio de evolução ao Divino. Através dela, por exemplo, creio, tem-se mecanismos de uma conexão mais palatável com o imponderável, que naturalizamos chamar de morte.
Entretanto, neste século, o da pós modernidade, isso se tem descaracterizado. A solidão declinou-se, (d)evolutivamente, a ser consequência do "mal do século"(1), aquele famigerado e vicioso comportamento superficial das relações virtuais.
São inúmeras as formas viciantes, especialmente nas teias das redes sociais, que vão de evitação de ser como se é ao extremos de se demostrar apenas um suposto belo artificializado. O gritante disso é as relações descompromissadas, como meio de aliviar uma dor por outra. Pois, a falta de responsabilidade consigo afetará, diretamente, a quem convive com quem tem  medo de olho no olho ( digo, alma a alma).
No fundo, teme-se o sofrimento que supõe está nas esquinas de cada troca de contato simplesmente profundo, mera e geralmente porque também sentimos que fomos todos traídos por quem mais críamos como responsáveis por nossa segurança emocional. Mas eles também, provavelmente temeram e, logicamente erraram.
Assim, justifica-se ( pensa-se) viver desfrutando apenas do "melhor das pessoas" captadas em selfes, descartando as maus momentos como descartáveis, como se fossem nossas vivências meras imagens.
Em geral, teme-se a dor, reafirmo.
 No entanto, como alcançar uma vida mais plena sem o antivírus do diálogo e do processo empático, só alcançado pelo amor (e amar não só aos que nos dão contentamento e, sim aos que nos fazem doer), ou seja, não fazer com o outro "o que você não quer que seja feito com você"(2).
Com certeza não é naquela solidão entoxicada  pelo vírus da falta de aceitação de nossa única virtude, e sim a do amar as diferenças e, na aceitação dessas, não como nos queremos e sim como elas na realidade são. 
Só assim, transformaremos nossa vida privativa em mais sinceros selfes, ou seja, seremos mais intensos em nossas formas de viver e não meras faces de sorrisos pálidos e sem vida.

terça-feira, 9 de maio de 2017

UMA POSSÍVEL MAGIA DA VIDA NA PESSOA NO TRAÇO AUTISTA


Lendo os depoimentos mães colaboradoras deste blogger,  fica-me mais do suposto sofrimento de ter um filho atípico, percebo  evidencias do não saber lidar como a expressão atípica de cada filho. Isso é ampliado com um certo descompromisso neste acolher por parte de alguns pais, promovendo maior  desamparo a suas respectivas companheiras e, imagine, ao filho. Isso acontece, quando, especialmente, foca-se mais na doença, trata-se a criança como objeto de estudo e,  o deixa sem infância, na realidade, quase sempre, nestes contextos, nem o percebe. E ainda há aqueles que dizem que filho não tem nada, erram  por falta de humildade ao não assumir que nada sabem e atrapalham possíveis intervenções mais estruturadas. 

Claro, alguns dirão que esse psicólogo não sabe o que é viver vinte quatro horas com as situações cada dia mais complexos, difíceis. Mas não quero trazer mais sentimento de culpa.
Por outro lado, confesso que tenho pacientes tão  complexos que passo horas a fio pensando como ajudá-las a  perceberem que suas situações são pertinentes, naturais e comuns a todos, apenas elas tem e assumem suas próprias maneiras de se adaptarem a cada contexto, apenas porque são pessoas também atípicas.
Não que isso seja, necessariamente, base para sofrimento dos genitores ou ainda, fonte do transtorno que acomete aos filhos destes. Mas, quase sempre os filhos são sintomas da dor dos pais. Nos atípicos, isso é mais evidente, como também com aqueles filhos que se envolvem com riscos sociais e vulnerabilidades pois assim aprenderam em seus lares.
Estes estão em seus processos em biopsicossocial e espiritual, do qual os pais não entendem e correm enquanto podem a busca de tratar o filho absorvidos pelo desejo de os ver, sentir ou fazer "normais". Como se Deus, Alá, Buda, Crisna etc. poderiam ter errado em sua obras primas. Não porque somos únicos, mais sim porque  somos todos diferentes e cada um com seus limites e virtudes.
Já falei em outras postagens que não devíamos ficar lamentando porque nossas crianças não usam nossas linguagens, mas quem disse que o corpo, olhos, mãos e sons não comunicam. Digo que pecamos em querer que eles queiram que falem esse nosso precário modo de falar. Disse também que ao menos eles aprendem menos certos vícios nossos. E se percebemo-nos através destes, também entenderemo-nos com cada uma dessas pessoas.
Portanto afirmo que temos que irmos ao mundo, falar a língua do filho e é bom que sabemos que eles se comunicam com tudo e quase sempre de maneira não convencional, então temos muito a aprender com eles. Eles não são bobos eles percebem o pouco ( por ser singelo, então nem sempre percebido) que essa forma de vida nossa tem a doar. Na realidade, creio que cada pessoa no traço autista, tem nos alertado para a rica simplicidade da vida que teimamos esquecer.
Temos que atentar pela vida e segurança deles, pois se eles não tem noção de perigo ou são mais tolerantes a dor ele podem vir a se machucar, mas não devemos os sufocar eles precisam ser estimulados a se defenderem  e conviver com nosso mundo adoecido. E devemos pensar como os estimular a perceber esses riscos.
Enfim temos que deixar de nos punir. E um caminho a isso é  revivermos nossa criança interior e lembrarmos de nossas mágoas e as perdoar e seguir enfrente porque nossos filhos não precisam delas. Você dirá, que ele está dizendo, afirmo isso que tens horas que nem percebemos que queremos viver no nosso filho o filho que fomos, como se fosse um  carma, ou uma missão, estágio evolutivo. Garanto que estou preparando algo sobre o biospsicossocial e espiritual para pensarmos sobre, mas não podemos sair do social onde aprendemos a ser  nos mesmos, mesmo que é na relação social que adoecemos. 
Mas, a nível espiritual, mesmo sendo tu e teu divino, sabemos que o resultado disso é a paz e amor ao próximo, uma espiritualidade que não flua para isso, tem algo errado. Nós amamos ao outro não apenas para termos paz. Veja, parafraseando o Cristo, por exemplo,  amai o vosso inimigo  isso apenas para que nosso rivais fiquem em paz conosco e não nos ataque. Na visão cristã pecar é errar o alvo. Então, por esta última é que você perde a salvação e não por amar ou deixar de amar, pois isso só traz lucro para ti, enquanto pecar você macula o espirito santo que usa seu corpo como templo e morada.
Da mesma forma, então, você aprende a amar seu filho autista porque para ter paz com a forma atípica dele e poder interagir,  mas não extinguiremos os rituais e manias, mas por exemplo amando  entenderemos que são expressões de cada um e, representa ou quer dizer algo e assim, portanto, facilitaremos a auto aceitação dele e nós a eles também.
No geral eles precisam de nós como quem precisa de confiança e não quem a persiga para lhes e as tira o prazer da expressões incomuns, quais eles não se importam em lugar e tempo algum de se expressar porque fluem de suas satisfações.E se assim o é, é porque lhe traz prazer pode comungar com a realidade dura e seca da vida é esse nosso dever: Não deixar que eles percam a magia na vida.
Então é essa magia que precisamos recuperar em nós mesmos.

A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO

Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...