A Psicologia como ciência que pretenda ser observadora para além do comportamento observável, parte de uma Responsabilidade Social, mas não pode se render a apenas isso, deve considerar que a sociedade é onde surge as diversas formas de sofrimento humano.
Parafraseando o poeta, penso que 'qualquer abordagem é menor que a vida de
qualquer pessoa'. Sobretudo, porque a mera Saúde, não se resume mais a (bio)poder, ou seja ao suposto poder do homem sobre o corpo, Freud já bem preconizava isso, quando implicava que somos regido pelo inconsciente, ou melhor, pelos desejos e suas formas de satisfação. Então, chegamos, a inevitavelmente, à saúde como bem estar físico, social, mental e, porque não, espiritual.
Neste contexto, a Psicologia tem que ser escrava da busca da facilitação da qualidade de vida, quero dizer, a nossa ciência deve evoluir para além do cuidar, não preso a um suposto poder de curar, pois isso é apenas ação daquele que se encontra doente se este não desejar nunca se curará. Só este pode fazer seu remédio subjetivo através do autocuidado tanto preventivo e, apenas ele, detém o poder de emergir do seu próprio sofrimento e, o perceber como menor que a dor da dádiva fatal qual é viver.
Neste sentido, cabe a psicologia, no tocante de todas as famílias Cuidar de quem cuida, como das demandas de formação e desenvolvimento subjetivos em família.
No tocante as famílias com pessoas no Transtorno
do Espectro Autista - TEA esse cuidar se faz impreterível. Mas antes, seguindo orientações técnicas da Organização Mundial de Saúde, não se pode mais ver estas pessoas como vítimas do sofrimento, mas sim, como (Des)abilitados Psicossocialmente, pois não se deve mais falar de autismo e sim, Autismo(s),para tanto, proponho que os vejamos não como pessoas do TEA e sim como Pessoas com Traço autista, cada um tem vivencia sua peculiar forma de convivência.
Portanto, por exemplo, basicamente o que faz a família sofre com as chamadas Estereotipias, não deve mais ser vistas como esquisitices, sofrimento e sim mecanismos, por parte da pessoa com traço autista, de tentativas de saídas do que o desequilibra, pois tais ações comportamentais são formas de busca de homeostase(equilíbrio) e reorganização biológico, o corpo em sofrimento em complexa interação social.
Neste contexto proponho uma(Co)responsabilidade nas relações sociofamiliares possível apenas do que chamo da Liberdade Assistida, digo, uma observação crítica e construtiva libertária efetivada no exercício formativo potencializado na ação Pater&Materno, basilar para exercício partilhado da formação e desenvolvimento familiar.
Especialmente porque a saúde com cunho do (bio)poder a muito tem culpado o filho
como sintoma do sofrimento da família, esqueceu que aprendemos por um processo espelhar, imitativo de atos com consequências satisfatórias. Quero enfatizar que toda a pedagogia e formação das pessoas devem lembrar que imitamos o que potencializa o prazer. Isso deve ser a bussola para dar exemplo aos filhos e assim assistir as vitalidades de cada filho.
Em suma, somos regidos pela satisfação. Então as consequências dos atos que evidenciam gozo são os que seguimos como meios de sermos felizes. Todos os filhos, atípicos ou não, também buscam realizar seus desejos.
Entretanto, isso ocorre até percebermos que apenas realizar os desejos imediatos é mera alienação, ou seja, temos muitos vícios sociais a nos seduzir.
Assim, as relações humanas tem que ser potencializadas para o (Auto)conhecimento. Um bom caminho para isso é não ter preconceito de ter preconceito do desconhecido. Este, nos divide pela diferença e, se não alimentarmos o que nos separa sendo discriminadores, o conhecimento do desconhecido nos fortalecerá para o exercício de uma liberdade assistida que fomente não só a autonomia, liberdade e, quiçá, a independência possível de cada filho e a nossa, para além do prazer meramente emergente e, sim para frutos da ciência da paz, harmonia e homeostase, como o amor, empatia e alteridade.
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