
A demanda dos pais e família trazida a nós terapeutas, denotam não só certa carência de entendimento do desenvolvimento humano dos filhos.
Percebo que, quando a demanda chega a escola, fica evidente, neste segundo socializador, que as intimidades da família percebem-se, como sintomas de cada família.
No sentido do comportamento da criança deixar transparecer a carência dela e dos membros de seu núcleo familiar. Isso, ser chamado de sintomas que se trabalhados trazem benesses ao biopsocossocioespiritual de cada membro do núcleo, mas lamentavelmente, boa parte destas famílias, veem no comportamento das crianças, situações desviantes e, muitos 'patologizam' tais necessidades afetivas dos filhotes.
Nasce assim, dois outros pais, que me parecem evidentes, adoecedores, quando contribuem para o distanciamento das intimidades e, também, para cegar ante as diferenças peculiares de cada atípico.
Refiro-me, ao fato de um novo casal, por a sim dizer, o pai trabalho e a mãe escola. Estes, como toda relação afetiva, fruto desta sociedade pós moderna, vive a busca desenfreada de um suposto poder, o destino silencioso e escravizante de vidas, mortífero de almas e limitador espiritual, o materialismo.
Por ele, a mãe escola, que supostamente educa, ensina nossa subordinação ao mercado de trabalho e nada pensa quanto a vida e o bem estar, portanto, a qualidade de vida fica violada pela subordinação mecânica do trabalho.
Enquanto o pai trabalho, crer-se suficientemente capaz-nos de trazer felicidade e prazer. Todavia, através do consumir, compramos o material que alivia a dor, mas não compra paz ou prosperidade das relações amável a nossas diferenças. Impede o essencial: evoluir através da inteligência emocional, ou seja, do amar.
Esta é uma escravidão, ao desejo de ter e não amar. É o mau do século, não é em vão que a depressão terá em breve afligido um quarto da população mundial.
E o que é a depressão, senão, nada mais que o desamparo do desamor, que é a indiferença, pois a falta de amor, não é a raiva ou o ódio e, sim ser indiferente ao próximo.
Neste contexto a pessoa que sofre a indiferença, geralmente é alvo do descaso daquela pessoa em que ela mais depositou seus sonhos e desejos.
E o que tem, nesta dialética, as demandas da pessoa com e no espectro autista?
Cabe-nos que a pessoa com autismo é atendida geralmente em suas necessidades, quase que exclusivamente, por pessoas que sofrem por parte das pessoas que elas supõem amar, a mais cruel indiferença.
Estas são as mães, que sofrem caladas de desamparo afetivo. E por isso, a maioria se jogam quase que as cegas para atentar para o filho com espectro: Umas afim de se retirar da própria solidão assumem para além do filho, o autismo dele; há aquelas que desejam expurgar um fantasma da culpa; também têm as que para não enfrentar os olhares preconceituosos da sociedade negam suas vidas e amam o filho que não percebem que os atrapalham mais que os ajudam etc. e quase todas não entende o sentido maior da palavra não: amar. Não a sí mesma, não aos adoecedores, não à indiferença, não aos supostos limites que alguns técnicos ajudam a condenar os atípicos.
E pelo lado do filhote, tem quem veem pouco motivo de viver, efetivamente, com este mundo de pessoas em sua maioria desamparadas, que talvez seja mais seguro ficar ensimesmados, por isso, falamos de autismos, no plural. Sobretudo, porque a relação amoroso, afetiva e intima cada dia está ficando em desuso,justificando a quem fale na sociedade pós moderna como autística.
Mas ainda no contexto dos filhos, penso que a corrida desenfreada para que eles falem, esquecem que nem sempre falar significa se comunicar, se fosse assim os surdos não interagiam com o mundo.Como se o corpo, também, não falasse a linguagem das emoções.
Como também, alguns dos que vivem dentro do que se chama espectro não seria ótimos profissionais por serem concentrados, repetitivos, discretos, sinceros, objetivos, técnicos e habilidosos (...). Sempre úteis ao mercado de trabalho, porém ao bem estar do autista tenho lá minhas dúvidas.
Mas, ainda, esquecem, alguns pais, que falar, educa-se e poder trabalhar não significa nada quanto ao futuro, no que concerne a segurança e independência. Sobretudo, porque esse mundo sempre violou e viola os diferentes, sempre agride aos que não são manipulados, sempre matou os deficientes e até entre os tidos "normais", na realidade os que aprenderam sobreviver como comuns, existem guerras sanguinárias e silenciosas.
Mas são assim que vêem os atípicos, diferentes, (in)domináveis quando possuem inteligência emocional evoluída, mas, querem tratá-los, como peças, quando são habilidosos manual, intelecto e mecanicamente.
Os pais e familiares nem sempre entende que a educação e o trabalho apenas nos aliena e nos coloca em série, como iguais e sem sentimentos, como supõe que os autistas são imunes aos afetos que os circundam. E, esquecem que eles mesmos, os pais, são e foram vítimas desse mundo manipulador, ao viverem apenas através do trabalho, como único caminho para uma suposta felicidade.
Porém, lá no fundo sabem que não se é feliz, se estar, mas não se tem felicidade sem paz; não se ama, se não tiver uma alma sadia; não se vive temendo a morte, sobrevive ante o medo.
Quero dizer que tendo quatro dimensões bio-psico-sócio-espiritual e em quatro fases infância, juventude e adulta e da sapiência, elas respectivamente, ensina-nos como devemos evoluir.
Um dia fomos só corpo (infância) e aprendemos que precisávamos apenas nos nutrir; depois descobrimos o prazer de sermos alguém, nasce nossa psique, através de nossas escolhas e não dos sonhos de nossos pais; dai surge a necessidade de ser ou ter no social ( fase adulta) isso para assumirmos a nós mesmo, mas, onde ficamos presos a esta lógica do poder ter, através do capitalismo, esquecemos sonhos, é o que define o bem estar ou a morte precoce, até chegar a sapiência ou amargura na fase idosa, onde o espiritual cobra seu preço.
Estas quatro fases se dão mais satisfatoriamente se podermos ver e entender que somos biopsicossocioespiritual desde sempre, isso para não ficarmos colados apenas as demandas do corpo. Somos mais que isso. Pois, se ficamos apenas pensando no alimenta, seja do básico comer, como beber, ouvir, olhar, falar, sexo etc viveremos, na vida , viciosamente.
No corporal (biológico), não perceberemos nada evolutivo nos nossos autistas, que tem outras formas de lidar através de seu biopsicossocioespirtual com suas quatro fases de vida. Especulo que eles negam,sobretudo, essa forma limitada de se relacionar com esse mundo ( apenas com o corpo), especialmente por ser cômodo não se afetar, por o discriminar e o colocar como doente. Não é em vão que eles não querem ouvir, se não querem e tem aparelho fonador intacto,pode falar, mas para que assumir compromisso com este mundo cheio de contradições? Eu sei, o quanto que sofro, por saber sentir o mundo que me circunda, imerso em suas dores e vícios para calar seus sofrimentos.
Onde a educação, não ensina para o bem estar e o trabalho, enfim, é a maior prova disso.