terça-feira, 17 de novembro de 2015

O ESTRANHO VAZIO DEIXADO PELO DESEJO DO OUTRO: SOLIDÃO ( TEMA DO CICLO DE PALESTRA EM NATAL)


Se na primeira palestra dialogamos sobre inteligência emocional das mães de filhos com o Transtorno do Espectro Autista - TEA, que elas usam para saber lidar com tamanha demandas junto às pessoas com o Espectro e, devido a tantas responsabilidades muitas são acolhidas pela solidão e tantas outras, talvez a maioria, pelo frio do abandono. 

Mas que, as que são acolhidas pela solidão, se se perceberem biopsicossocioespiritualmente, poderão aproveitar do momento particular, para encontrar na saudade do futuro, reencontro com seus sonhos de menina, paixões de moça e desejos de mulher, vida para além de esposa e mãe.

Todavia,  as que deixadas ao abandono, podem ser resgatadas em suas
demandas (facilmente confundidas com o próprio autismo), afim de se separarem deste rótulo e para poderem enxergar a si e ao seu filhote, assim não mais se sentirá só, poderá libertar a si e a ele, da discriminação adoecedora. 
Com esta introdução, caminhamos nesta segunda palestra até a agressiva invasão do desejo do outro sobre cada um de nós. Para exemplificar, basta lembrarmos como que para alguns, os desejos de nossos pais podem ser difíceis de satisfazer. Imagina,  um casal de médicos, pode desejar que o filho também o seja, porém, quando este se ver dono de seus desejos, pode não se encontrar feliz em cumprir tal compromisso, por assim dizer,o prazer dos genitores. 

Para além deste contexto, é, pelo menos, duplamente frustrante, para pais de um filho com o TEA. 

Pois, sabe-se que nem todos entre eles, são favorecidos em seus desejos, por estes serem avassaladores e, até porque poucos são entendidos, para serem ajudados, então como realizar o desejo dos pais?
No caso da mãe, pensaremos pelo viés do contexto socioafetivo e familiar. Sabe-se das históricas e antropológicas distorções do "famigerado instinto materno" citando uma mãe, onde culpam a mulher por boa parte das mazelas dessa sociedade. 

Essa culpa referente ao filho com TEA se personifica mais evidentes em relações frágeis, famílias desenformadas e de afetos desestruturantes. Estas, evoluem, assim, para o isolamento da genitora em cuidar quase que exclusivo do filho, chegando ao ponto de esquecer de seus desejos de mulher, assim é (de)negada o gozo de sentir desejada e desejante. Basicamente, algumas delas, nem se percebem que elegeu, de alguma maneira, erroneamente o companheiro, aquele que a deixou imersa ao demandas do  autismo, abandonada, porque o TEA se tornou instrumento de sacrifício e escravidão aplicado por alguns "parceiros"  e "certas famílias". Coloco entre parenteses, para reforçar que muitos deles nem percebem que assim agem.
Conscientes  ou inconscientes, agem como juiz e algoz dessas mulheres, que as julgam, condenam e as executam. Ciclo silencioso de real violência sexista, hoje com nome eufêmico, doméstica.
Enfim, neste segundo encontro vamos pensar um pouco como (re)voltar para se sentir, morando em um corpo de desejos que alimentam o bem estar na alma e, mesmo que esta sociedade não aceite, elas são donas também de uma espiritualidade, fonte única  para retomar aos sonhos, desejos e prazeres para além de esposa e mãe. 
E onde está o desejo violento do outro contra a mãe de uma pessoa com o TEA? 
Está em  negar a realidade dela como dona de desejos, prazeres através de sua vida própria, quem nega isso, abre-se para o real adoecimento e demais sofrimentos, do que chamei de sacrifício e escravidão.
E este é o pano de fundo de nosso próximo diálogo!

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Vítima, (re)vitimizada, acusada e culpada? Por uma relação horizontal na relação de poder!

Tenho falado sobre a pessoa com autismo e a luta pela sua dignidade, até que, um certo dia, uma mãe de uma destas pessoas, afirmou "o famigerado instinto materno", referindo-se a sua vivência quando me ofereci a pensar com ela quanto a qualidade de vida dela.
Desde então, essa frase, tem-me provocado com tamanha sensibilidade, pois tem muito de dor devido as (in)verdades desse mundo, internalizados a força, como um estupro prática cotidiana da sociedade contra às mulheres. Tentarei, a partir dessa frase, destruir certos mitos.
No termo "famigerado", noto o grande incômodo vivido pela a declarante, mas o que poucas delas percebem, sobretudo, quanto essa função social é construído pela sociedade e responde a certos interesses. Basicamente, no micro, jogos socioeconômicos escondidos no socioafetivo e, no macro, a ideologias de manutenção de submissão da mulher, afim que  silenciosa,  continue a ser demandada a trabalhar em jornadas cada vez mais extensas. Mantendo-a assim, cega para sua força e vitalidade: jornada no trabalho doméstico, com o filho, com o esposo e agora com trabalho externo para sustentar a família, além de cuidar de si.
A feliz frase da senhora, mesmo que trágica, traz-nos assim,  ao termo "instinto". Ele, de tão alienante, esconde um determinismo implícito, talvez, por ser o maior vetor que impulsionam as pessoas a um desejo quase que incontrolável, como se fossemos selvagens. Os psicanalistas, apontam que desejos subjetivos tem algo de instintivos e, são mobilizadores de buscas de satisfação e gozo permanente. E assim, um compromisso da mulher com a maternagem, traria a elas um prazer que só se explica no foro íntimo, como a dor como pano de fundo. Algo como o mal interpretação da vida  na mitologia  cristã, o sacrifício, no lugar da misericórdia.
Esse sacrifício antropológico, funda o termo "materno", mas é uma herança do século da industrialização, onde primeiramente houve a imposição às mulheres aos cuidados das crianças. Ideário fundado no modelo eurocêntrico, mesmo que existam culturas onde quem desenvolvem o cuidado são os homens. Porém, com a ocidentalização do mundo, a subordinação da mulher tornou-se sustentáculo para o modelo escravocrata do capitalista. Por isso, afirmo não existir este instinto no DNA das mulheres, são comportamentos aprendidos e reforçados ao longo da história humana.
Em suma, concordo com o "famigerado instinto materno", porque faz as mulheres serem presas a esta responsabilidade, como se mobilizadas pelos desejos de serem aceitas e amadas, mas por esta função, nascem as maiores dores e desamores a elas. Mesmo como já citei não existe esta ordem determinista, biopsicologicamente e, sim biopsicossocialmente, tanto que chegam até que concordar que seja determinação divina. Entretanto, quem disse que nós homens não podemos aprender a cuidar?
Todavia é uma ideologia social que, como todas dela, mentem-nos, onde as mulheres submetem-se cativas a regras limitadoras de percepção delas quanto a sua vitalidade e projeção na vida. Já citei que elas têm, por exemplo quatro jornadas, isso por si só já prova a grande virtude biopsicossocioespiritual que elas possuem.Creio, que este é o medo dos idealizadores da escravidão que elas vivem hoje, o medo de que elas saibam quanto é valorosa inteligência emocional, muito mais que a racionalidade machista.
No entanto, toda a sociedade, inclusive a significativa parte das mulheres, nem percebem que alimentam o ciclo de sua violação, nós todos t vivemos colocando-as como objeto de desejo, de uso, de poder, portanto, desalmada, a-vida, manipulável, objetável, portanto, descartável.
Elas que são mais demandadas biologicamente pela continuidade da vida: Maternagem, amamentação; são as formadoras socialmente: Cuidados e orientação; psicologicamente: base de afetos e alvo de todas as culpas; e espiritualmente é demandada para juntar a alma a Deus.
Não aprendemos ainda a perceber as pessoas pelo que estão sendo e, não pelo que fazem ou pensam que têm! . E por isso elas só se valorizam escravizando-se e não vivendo pelo simples fato do dom da vida.
Servir e ter algo, para maioria pode trazer muita satisfação pela utilidade imediata, mas ao longo prazo, cada um cala-se diante de si a sós consumidos pelo trabalho diz e dai? Nada vivi!
 Seus desejos estão sendo valorizados? Não, na realidade querem apenas serem amadas. As mulheres padecem por viver imersas em si, sem poder realizar seus projetos adiados e geralmente sofre abandono afetivo, ético e social. E, psicologicamente, presas à mentira desta sociedade.São acuadas, ante à culpa por ser só, abandonada e violentada. E quando, socialmente (re)vitimazadas são acolhidas pela sua resistência e reduzidas ao corpo: não podem sentir, pensar muito menos desejar; trabalha mais e ganha menos; é agredida em todas as partes desde sua casa até o trabalho e no caminho: nos ônibus assédio sexual, no trânsito violência verbal, no shopping são assediadas em abrandar seu vazio através do consumo, como única fonte de prazer; e em casa é culpada pelo seu cansaço na cama, a mal criação do filho e do tamanha ordem do lar (...)
Pergunto-me até quando elas não se rebelarão, quanto a tamanha demanda, será que vão enlouquecer quanto nós homens, em uso excessivos de diversas formas de negar a vida e, viver masoquistamente: em vícios, violências e diversas psicopatologias; ou, sadicamente: agressões,  homicídios, estupros ?
Sei, apenas, que se faz imperioso parar e rever a si mesmo, aonde se estar indo, ou melhor onde se deixou e caminha-se com papéis sociais que matam a alma e espírito através do corpo?
É indispensável rever sonhos desenhados, projetos estacionados, vidas substituídas. Para pensarmos uma nova relação de poder, que foi supostamente dada ao homem, com a qual ele violenta e violenta-se, precisamos horizontalizar as relações de direitos iguais, respeitosos à diferença de cada um e cada uma.
Claro, vão dizer mas como com tamanha demanda ? A resposta é exatamente ela, se a mulher é capaz de viver tamanha responsabilidade, incluir mais cuidado a si mesma, cara mulher, nesse processo é o mínimo e indispensável para a qualidade de vida. Vocês são seres mais evoluídas do que percebem. Vejam demonstrei quatro demandas enormes que vivem: casa, marido, filhos e trabalho. E no caso, o autismo? Cinco ricas demandas, e ainda conseguem tempo para serem, também lindas esteticamente.

Aqui, está a resposta: Você é capaz de tudo isso, temos que ir além de heroína, guerreira, coruja: encontrar a mulher, bela sem maquiagem, bela de dentro para fora. Temos que tirar esses adjetivos de foco para usar: rosa, bela, que sonha voltar a ser desejada, amada e liberta  das as amaras, ao menos daquelas que se lhes atou.

domingo, 8 de novembro de 2015

Novos pais, na pós modernidade: A ESCOLA EO TRABALHO


A demanda dos pais e família trazida a nós terapeutas, denotam não só certa carência de entendimento do desenvolvimento humano dos filhos. 
Percebo que, quando a demanda chega a escola, fica evidente, neste segundo socializador, que as intimidades da família  percebem-se, como  sintomas de cada família. 
No sentido do comportamento da criança deixar transparecer a carência dela e dos membros de seu núcleo familiar. Isso, ser chamado de sintomas que se trabalhados trazem benesses ao biopsocossocioespiritual de cada membro do núcleo, mas lamentavelmente, boa parte destas famílias, veem no comportamento das crianças, situações desviantes e,  muitos   'patologizam' tais necessidades afetivas dos filhotes.
Nasce assim, dois outros pais, que me parecem evidentes, adoecedores, quando contribuem para o distanciamento das intimidades e, também, para cegar ante as diferenças peculiares de cada atípico.
Refiro-me, ao fato de um novo casal, por a sim dizer, o pai trabalho e a mãe escola. Estes, como  toda relação afetiva, fruto desta sociedade pós moderna, vive a busca desenfreada de um suposto poder, o destino silencioso e escravizante de vidas, mortífero de almas e  limitador espiritual, o materialismo.
Por ele, a mãe escola, que supostamente educa, ensina nossa subordinação ao mercado de trabalho e nada pensa quanto a vida e o bem estar, portanto, a qualidade de vida fica violada pela subordinação mecânica do trabalho.
Enquanto o pai trabalho, crer-se suficientemente capaz-nos de trazer felicidade e prazer. Todavia, através do consumir, compramos o material que alivia a dor, mas não compra paz ou prosperidade das relações amável a nossas diferenças. Impede o essencial: evoluir através da inteligência emocional, ou seja, do amar.
Esta é uma escravidão, ao desejo de ter e não amar. É o mau do século, não é em vão que a depressão terá em breve afligido um quarto da população mundial.
 E o que é a depressão, senão, nada mais que o desamparo do desamor, que é a indiferença, pois a falta de amor, não é a raiva ou o ódio e, sim ser indiferente ao próximo. 
Neste contexto  a pessoa que sofre a indiferença, geralmente é alvo do descaso daquela pessoa em que ela mais depositou seus sonhos e desejos.
E o que tem, nesta dialética,  as demandas da pessoa com e no espectro autista?
Cabe-nos que a pessoa com autismo é atendida geralmente em suas necessidades, quase que exclusivamente, por pessoas que sofrem por parte das pessoas que elas supõem amar, a mais cruel indiferença. 
Estas são as mães, que sofrem caladas de desamparo afetivo. E por isso, a maioria se jogam quase que as cegas para atentar para o filho com espectro: Umas afim de se retirar da própria solidão assumem para além do filho, o autismo dele; há aquelas que desejam expurgar um fantasma da culpa; também têm as que para não enfrentar os olhares preconceituosos da sociedade negam suas vidas e amam o filho que não percebem que os atrapalham mais que os ajudam etc. e quase todas não entende o sentido maior da palavra não: amar. Não a sí mesma, não aos adoecedores, não à indiferença, não aos supostos limites que alguns técnicos ajudam a condenar os atípicos.
E pelo lado do filhote, tem quem veem pouco motivo de viver, efetivamente, com este mundo de pessoas em sua maioria desamparadas, que talvez seja mais seguro ficar ensimesmados, por isso, falamos de autismos, no plural. Sobretudo, porque a relação amoroso, afetiva e intima cada dia está ficando em desuso,justificando a quem fale na sociedade pós moderna como autística. 
Mas ainda no contexto dos filhos, penso que a corrida desenfreada  para que eles falem, esquecem que nem sempre falar significa se comunicar, se fosse assim os surdos não interagiam com o mundo.Como se o corpo, também, não  falasse a linguagem  das emoções. 
 Como também, alguns dos que vivem dentro do que se chama espectro não seria ótimos profissionais por serem concentrados,  repetitivos, discretos, sinceros, objetivos, técnicos e habilidosos (...). Sempre úteis  ao mercado de trabalho, porém  ao bem estar  do autista tenho lá  minhas dúvidas.
Mas, ainda, esquecem, alguns pais, que falar, educa-se e poder trabalhar não significa nada quanto ao futuro, no que concerne a segurança e independência. Sobretudo, porque esse mundo sempre violou e viola os diferentes, sempre agride aos que não são manipulados, sempre matou os deficientes e até entre os tidos "normais", na realidade os que aprenderam sobreviver como comuns, existem guerras sanguinárias e silenciosas. 
Mas são assim que vêem os atípicos, diferentes,  (in)domináveis quando possuem inteligência emocional evoluída, mas,  querem tratá-los, como peças, quando são habilidosos manual, intelecto e mecanicamente.
Os pais e familiares nem sempre entende que a educação e o trabalho apenas nos aliena e nos coloca em série, como iguais e sem sentimentos, como supõe que os autistas são imunes aos afetos que os circundam. E, esquecem que eles mesmos, os pais, são e foram vítimas desse mundo manipulador, ao viverem apenas através do trabalho, como único caminho para uma suposta felicidade.
Porém, lá no fundo sabem que não se é feliz, se estar, mas não se tem felicidade sem paz; não se ama, se não tiver uma alma sadia; não se vive temendo a morte, sobrevive ante o medo.
 Quero dizer que tendo quatro dimensões bio-psico-sócio-espiritual e em quatro fases infância, juventude e adulta e da sapiência, elas respectivamente,  ensina-nos como devemos evoluir.
Um dia fomos só corpo (infância) e aprendemos que precisávamos apenas nos nutrir; depois descobrimos o prazer de sermos alguém, nasce nossa psique, através de nossas escolhas e não dos sonhos de nossos pais; dai surge a necessidade de ser ou ter no social ( fase adulta)  isso para assumirmos a nós mesmo, mas, onde ficamos presos a esta lógica do poder ter, através do capitalismo, esquecemos sonhos, é o que define o bem estar ou a morte precoce, até chegar a sapiência ou amargura na fase idosa, onde o espiritual cobra seu preço.
Estas quatro fases se dão mais satisfatoriamente se podermos ver e entender que somos biopsicossocioespiritual desde sempre, isso para não ficarmos colados apenas as demandas do corpo. Somos mais que isso. Pois, se  ficamos apenas pensando no alimenta, seja do básico comer, como  beber, ouvir, olhar, falar, sexo etc viveremos, na vida , viciosamente. 
No corporal (biológico), não perceberemos nada evolutivo nos nossos autistas, que tem outras formas de lidar através de seu biopsicossocioespirtual com suas quatro fases de vida. Especulo que eles negam,sobretudo, essa forma limitada  de se relacionar com esse mundo ( apenas com o corpo), especialmente por ser cômodo não se afetar, por o discriminar e o colocar como doente. Não é em vão que eles não querem ouvir, se não querem e tem aparelho fonador intacto,pode falar, mas para que assumir compromisso com este mundo cheio de contradições? Eu sei, o quanto que sofro, por saber sentir o mundo que me circunda, imerso em suas dores e vícios para calar seus sofrimentos.
Onde a educação, não ensina para o bem estar e o trabalho, enfim, é a maior prova disso.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

REFLEXÃO FINAL, CRÍTICA FINAL, AO LIVRO O DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO - O QUE SE GANHA EM SER FALTANTE?

Enfim chegamos a outro fim de ciclo, desta feita, a crítica a obra do Thomas L. Whitman.
E a termino dizendo que na falta expressarmos traços da personalidade, da qual do corpo denuncia, através da inibição, esta com seus sinais de evolução, isso quando desta zona de conforto que se esconde o inibido, se permite ser pertubado, desta defesa que o mantém onde se sente seguro, mas que na realidade o faz sofrer, a cada situação que se sente desamparado; isso ocorre quando ele não se permite deparar consigo mesmo e, fica vivendo na na falsa sensação de bem estar, geralmente mascarando-se, e, sendo assaltado no corpo, pelas marcas da mentira de não ser diferente, impotente, carente e fruto de um vazio que o paralisa, inibe e onde impera o medo.
Todavia, conhecendo o que é possível de nossas falta, nos fortalecermos, para sermos mais verdadeiros em uma vida harmoniosa  através da paciência  homeostática, ou seja, acalmando nossos desejos que nos ensinaram, descobriremos que quase sempre desejamos o desejo do outro, daquele que nos quer desejosos de único prazer a se realizar infinitamente: o poder ter. Ter que ser, porém, lembro que sempre afirmo, que nada somos, apenas estamos. Somos sempre um ser vir-a-ser. Estamos em busca de evolução ou apenas, morremos, mesmo vivos.
Esta é a perene guerra entre o amor e o poder, que hoje se traduz no desejo capitalista,  onde desejamos tudo e não adiamos o desejo de gozar, de realizar todos os prazeres imediatamente.
Por isso, devido ao gozo que nasce desde o olhar, vivemos em um desamparo permanente, no suposto poder  da observação, somos todos um Voyer universal, desejamos cobrir nosso vazio com o consumismo.
Então se não vivermos desmentindo permanente   a mentira em nós, aquela que nos induz ao suposto poder ter, contribuímos e, nem percebemos, que discriminamos nossos filhos porque eles assumem, através do espectro, serem diferentes ao extremo que podem ser. 
Digo isso, posso ser mal interpretado, mas tento esclarecer. É que se desejamos ter, enquanto a pessoa com autismo, possivelmente, não terá a mesma gana nossa de  mais possuir, os colocamos como impotentes por não desejar  ter e, em maior grau, não poder consumir os mesmos gostos nossos e, estarem em outro nível de necessidade que nós, livres dessa corrida pelo poder ter. Chega-se até a pensar que eles ficarão desamparados sem nós, talvez um desejo de nos eternizarmos, através da necessidade deles.
Não sei se me fiz entender, mas é que não observamos que impomos ao outro nossa modo peculiar de vida, para não sentirmo-nos sós. Precisamos sentirmos parte, aceitos para não entrarmos em parafusos porque não precisamos ser lembrados que somos únicos e, possivelmente sós.
 E mais complexo é entender que estamos em tempos do Gozo excessivo e, isso, especulo, invade tão ferozmente a pessoa com autismo, que ela tenda a não desejar e se permitir ao convívio invasor do nosso desejo que ele seja igual a nós. Não é em vão que elas preferem ata-se as suas mães que realizam seus desejos, como bons alunos fazem até birras para obterem prazer a todo custo, pois sabe, que para que a mãe também goze aliviada, ela fará para parar a birra  birra dele. Claro, caso a caso, mas quando os filhotes aprendem a dinâmica afetiva da família se utilizam disso, no que chamamos ganhos secundários, ou seja, ganhos dentro de um sofrimento.
Existe uma linha da raciocínio, machista a bem da verdade, mas que tem algo que denuncia o desamparo que a criança vive, que é o declínio do paternal e ascensão  do feminino, pois o homem é , nessa sociedade, adestrado a conquistar, tal adestramento que estão sendo modeladas também as mulheres, nesse contextos, os filhos cada vez mais são deixados ensimesmados. E nessa vertente, fala-se de uma sociedade cada vez mais autística. Onde não tem tempo para formar filhos e os que não seguem os ritos desta sociedade, não rotulados e levados aos remédios para se permitirem comandar.
Assim, concluo, que é nessa sociedade, mais que nunca, precisamos aprender a sermos faltantes, pois estamos a caminho dessa sociedade autística, pode até ser. Mas enquanto não, podemos tirar lições disso, em aceitar nossas diferenças e sabermos que cada um pode, ao seu tempo, aprender a estar nesse mundo de maneira satisfatoriamente segura, sem o outro impondo seu desejo e abrindo portas para o adoecimento do diferente. E, também pode ter uma ação produtiva da maneira peculiar que lhes for necessário, a cada um, pois o mundo não pode pensar que meu direito termina quando começa o seu, nossos direitos são iguais, então tem que conviverem juntos, mesmos sendo totalmente diferentes.
Digo isso, pensando, se certas pessoas em seus autismos aprendem a tirar soluções e, até manipulando, as mães, pais e familiares, mesmo que quase todos distantes, por não saberem lidar com o diferente, porque subestimar a elas, pensando que na nossa ausência não encontrarão maneiras de satisfazer-se e viver de maneira harmônica e feliz?
Então vençamos o medo do diferente em nós e vivamos a diversidade e não deixemos que certas inibições virem-se contra nós, mas sim, as usemos para nos libertar e não nos bitolar através do império da farmacotécnica, usada sem crítica e sem desejo.


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

REFLEXÃO 3 ( DO LIVRO O DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO)


A inibição para Lacan é visto como um sintoma ( conteúdos vistos desde o comportamento incomum aos sinais rotulados pelos psicopatologistas) guardado museu, no qual me aventuro a afirmar que pode nos assustar pela idade verdadeira implicada na constituição do modo de ser individual, mas tão  avassaladora  que teima em aparecer com seu poder sedutor,alimentando-se do que tememos em  foro intimo, nos expondo a vexames, cada vez mais sutis mas de grande proporções.
 Porém  este teórico é da abordagem na qual coloca o sintoma como elo para a liberdade,portanto, não  atrela o sintoma a diagnóstico, muito menos a doença e, sim, a uma forma respeitosa a como a a pessoa  lida com sua vida,  para melhor viver, ante as demandas vistos nos desejos escondidos no sintoma. 
E esta é a única forma de desenvolvimento existencial do ser a vir a ser, quando se refere ao singelo de uma pessoa com o espectro autista,  isso fica  mais evidente.
O sintoma, para alguns serve de consolo precoce para se rotular de "doente" e, assim, mediar o sofrimento, negando que a dor não volta, cada vez mais bem camuflado e elaborado, por esconder  a maior falta de cada um. Todavia,  e  pior, também proíbe um acolhimento  humanizado, tanto da pessoa com o autismo, como sua família,  onde quase  sempre, a mãe  será  chamada a responsabilidade  do cuidado, mesmo sem saber do que demandar a atenção vigilante ou apenas ajudar a criança  em sua subjetiva  vida evidenciada a olha nu em seu corpo.
Essa é  a diferenciadora forma   de quem usa-se de sua evolução na inteligência emocional, vigiar ou apoiar a criança,  na forma que ela tem encontrando para ser único e explícito neste mundo. Porém, como vimos na obra O Desenvolvimento do Autismo, livro de Thomas Whitman e, na maioria de outros pesquisadores, como também alguns profissionais e pais de pessoas com o espectro buscam focar na inteligência cognitiva, como se esta fosse a única forma de acesso a uma vida digna. E, portanto, os autores como o citado, focam no desenvolvimento cognitivo e social, a partir, por exemplo a imitação que eles supõe que a pessoa com autista não pratica, todavia, especulo que esse seja um equívoco, pois de sua forma peculiar cada um atípico não só imita como também socializa com os que lhes dar real atenção e não o invadem.
Assim a maioria dos pais são levados a se colocar apenas, vigilante atento ao ser como quase nada (nem criança) preocupados com o futuro supondo  incapacidades cognitivas esquecendo que os testes de inteligência são padrões desassociados das emoções e portanto avaliam parte de nossa capacidade. E, então, a criança termina  sem acesso  a fantasia, sonhos, lúdicos e brincadeiras. Os adultos, parecem esquecer de que foram e têm em si mesmo  crianças, a se espantarem com a simplicidade do prazer no e do silêncio,  ou da brincadeira  estranha de fazer um cavalo voar, um carro nadar, um corpo infantilmente expressando emoção para além dos cinco sentidos simultaneamente. Não veem que em sua condições particulares as crianças com autismo, assim agem por não coordenarem tantas sensações  juntas, e portanto, aliviam-se nas estereotipias.  Por isso elas , possivelmente, se enrolam em lençóis, precisem estar tomados por água das piscinas, talvez assim  sintam uma informação de cada vez e aprendam a coordenar seu corpo, que por assim dizer, goza de corpo inteiro, desenhando seu corpo na alma.
Parece-me, então, não vigiá-los,  e sim apoiar a cada uma delas em suas peculiares, pois,   vivem em um só, de fato, biopsicossocioespiritual intensamente e precisam aprender a equilibrar tamanha riqueza, elas falam (com  o corpo todo) e entendem-nos ( através do corpo todo). E nós só os veremos e entenderemos a cada um deles, no atuar  amando e falando linguagem  das emoções  por essência  (amar). E  é por esta linguagem, mediada pela inteligência  emocional , que devemos entrar em contato  com todos os que assumem suas diferenças como as pessoas com autismo. 
 Enfim, elas servem-nos um enorme ensinamento no silêncio que fala,  o da contemplação da forma de viver da paz, através da homeostase (equilíbrio, deixado pelo Divino na natureza que a tudo ordena) e, como e onde, Deus define nosso destino de que tudo se ordenará para o seu louvor.
Temos, portanto, na fé, ter de viver através do amor. Vencer em nós cada traço egoísta e sermos humildes em aceitar as nossas diferenças, que nos faz belos por sermos únicos. Ou seja, amando  o que em nós odiamos,rejeitamos  ou indagamos, por que comigo? Temos  nessas formas de negação, ao aceitarmos o desafio, a porta para o real amor, amar o inimigo em nós mesmos e aceitarmos  inteligentemente que a emoção  do amor romperá, assim, o espectro. E  a criança  vendo você a aceitando  integralmente,  mais facilmente,  cortejará a vida, confiante em você, ambos, encontraram com a paz dele, a ciência, a paz e ciência, paciência.

A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO

Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...