
Se na primeira palestra dialogamos sobre inteligência emocional das mães de filhos com o Transtorno do Espectro Autista - TEA, que elas usam para saber lidar com tamanha demandas junto às pessoas com o Espectro e, devido a tantas responsabilidades muitas são acolhidas pela solidão e tantas outras, talvez a maioria, pelo frio do abandono.

Mas que, as que são acolhidas pela solidão, se se perceberem biopsicossocioespiritualmente, poderão aproveitar do momento particular, para encontrar na saudade do futuro, reencontro com seus sonhos de menina, paixões de moça e desejos de mulher, vida para além de esposa e mãe.

Todavia, as que deixadas ao abandono, podem ser resgatadas em suas
demandas (facilmente confundidas com o próprio autismo), afim de se separarem deste rótulo e para poderem enxergar a si e ao seu filhote, assim não mais se sentirá só, poderá libertar a si e a ele, da discriminação adoecedora.
Com esta introdução, caminhamos nesta segunda palestra até a agressiva invasão do desejo do outro sobre cada um de nós. Para exemplificar, basta lembrarmos como que para alguns, os desejos de nossos pais podem ser difíceis de satisfazer. Imagina, um casal de médicos, pode desejar que o filho também o seja, porém, quando este se ver dono de seus desejos, pode não se encontrar feliz em cumprir tal compromisso, por assim dizer,o prazer dos genitores.
Para além deste contexto, é, pelo menos, duplamente frustrante, para pais de um filho com o TEA.
Pois, sabe-se que nem todos entre eles, são favorecidos em seus desejos, por estes serem avassaladores e, até porque poucos são entendidos, para serem ajudados, então como realizar o desejo dos pais?
No caso da mãe, pensaremos pelo viés do contexto socioafetivo e familiar. Sabe-se das históricas e antropológicas distorções do "famigerado instinto materno" citando uma mãe, onde culpam a mulher por boa parte das mazelas dessa sociedade.
Essa culpa referente ao filho com TEA se personifica mais evidentes em relações frágeis, famílias desenformadas e de afetos desestruturantes. Estas, evoluem, assim, para o isolamento da genitora em cuidar quase que exclusivo do filho, chegando ao ponto de esquecer de seus desejos de mulher, assim é (de)negada o gozo de sentir desejada e desejante. Basicamente, algumas delas, nem se percebem que elegeu, de alguma maneira, erroneamente o companheiro, aquele que a deixou imersa ao demandas do autismo, abandonada, porque o TEA se tornou instrumento de sacrifício e escravidão aplicado por alguns "parceiros" e "certas famílias". Coloco entre parenteses, para reforçar que muitos deles nem percebem que assim agem.
Conscientes ou inconscientes, agem como juiz e algoz dessas mulheres, que as julgam, condenam e as executam. Ciclo silencioso de real violência sexista, hoje com nome eufêmico, doméstica.
Enfim, neste segundo encontro vamos pensar um pouco como (re)voltar para se sentir, morando em um corpo de desejos que alimentam o bem estar na alma e, mesmo que esta sociedade não aceite, elas são donas também de uma espiritualidade, fonte única para retomar aos sonhos, desejos e prazeres para além de esposa e mãe.
E onde está o desejo violento do outro contra a mãe de uma pessoa com o TEA?
Está em negar a realidade dela como dona de desejos, prazeres através de sua vida própria, quem nega isso, abre-se para o real adoecimento e demais sofrimentos, do que chamei de sacrifício e escravidão.
E este é o pano de fundo de nosso próximo diálogo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário