segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Pai, irmão mais velho? Contextos da Pessoa no Traço do autismo

muitos a se tornar pai cai em um jogo psicológico, atuando como o irmão mais velho do filho. Isso se expressa em posturas quase sempre inconscientes, pois psicologicamente as demandas das pessoas no Traço do Transtorno do Espectro do Autismo  em seus contextos nos confrontam com as nossas maiores inseguranças. Tanto que muitos, desesperam, outros infantilizam-se, alguns os abandonam e, enfim, ficando sobre as mães todas as respostas a serem dadas a essas pessoas no traço. E pior, as demandas do marido mais complexas ainda.
Essas inseguranças atingem não só aos responsáveis pelas pessoas no Traço do TEA, questionam também a nós, os profissionais, onde a cada acolhimento temos desafios que se avolumam a cada acolhimento.
Por sua vez, é na família que se desenvolvem maiores desafios imersos a tantas formas de sofrimento, nunca passível de ser dimensionado, por serem de ordem pessoal, subjetivo, em suma, vira condição de vida, pertinente a cada um envolvido no universo da família da pessoa no traço.
Ninguém, quer lidar com tamanho poder questionador  que sempre nos coloca impotente, pois, o traço autista, além de ser peculiar a cada acometido é em cada um que temos a aprender sobre ele, entretanto, nem sempre o sofrimento deixa os seus parentes entenderem o particular fenômeno e, poucos em seu comportamento tirão lições que o ajudem a estar neste mundo.
Isso para o homem, sendo genitor, aquele ainda educado e influenciado, majoritariamente, pelo machismo e mesmo sendo pai (provedor), pouco pode  terá meios de acessar ao filho, pois terá como forte e impenetráveis as demandas íntimas dele,talvez, porque somos forjados a prazer imediato.
Isso se dá, geralmente por precários recursos da inteligência emocional, como se esses pais nem como filho tivesse tido êxito carregando sua carência, depositam ao filho suas faltas antigas agora na criança atualizadas e, então, como desenvolveria boa atuação como esposo, pai e, por fim paternal?
Parece sê-lo mais cômodo ser um irmão mais velho do seu próprio filho, pois tendo a esposa que se responsabilize , especialmente, por nada saber de como lidar com o traço do autismo da criança, pois sua subjetividade se propaga de maneira avassaladora e de modo muito particular, ao ponto de coordenar tudo ao seu bel prazer e, pior,comunica-se tão sutilmente que até eles próprios, os pais, nem sempre o compreendem; parecendo, assim, ser pertinente se esconder em apenas ajudar e não se responsabilizar de fato, pois a esposa-mãe o fará e ai se torce inclusive que acolha as demandas desse adulto carente buscando nela um resgate para resolver sua imaturidade.
Assim surge outro desamparo ao filho no traço. Perdendo a paternagem, perde um exemplo de enfrentamento da realidade e de ser para além de autônomo, ser responsável, ou seja, liberto, falhando o pai que poderia enfrentar os seus limites, complica ainda mais a independência da pessoa no traço autista, podendo este imitar essa imatura forma de lidar com suas demandas, e lamentavelmente podendo ficar ainda mais difícil leva-lo a ser responsável por si mesmo, ou seja, um dia ser mais independente.
Sei, da cobrança aqui apontada ao pai que não consegue ser co-responsável pelo desenvolvimento do filho, juntamente com a mãe, mas alguém tem que alertar tal atuação carente, pois caso contrário, pode-se alimentar um adoecimento não só da pessoa no traço, mas de toda uma família.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO

Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...