segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

AUTISMOS

Existe uma verdade em meios a tantos desencontros e até mentiras sobre o autismo. Talvez a única verdade seja a de que todos os manuais de psicopatologia carecem de provas científicas contemporâneas e, sobretudo porque, pecam em não escutar quem menos pior conhece cada uma dessas pessoas, geralmente as mães.

Elas provam que tais manuais através de certos profissionais, que temem sair de suas zonas de conforto (que chamo de conflitos), pecam por saber/sentir algo que algo está errado, mas continuam a tentar bitolar a condição humana a reduzindo a uma, ou outra teoria. A verdade é que nada sabemos, para além do discurso de cada demandante.
Sobretudo, as mães, ainda denunciam que não existe autismo e sim autismos, mas também não me refiro ao espectro. E sim, que cada filho, não apenas não se enquadram exatamente nos sintomas e sinais que os une em um espectro, todavia, nem todos são transtornados, alguns sofrem é bem verdade, mas na maioria por nossas deficiências de os compreender e por causa das barreiras, tanto arquitetônicas da sociedade, como instrumentais das ciências, desde da avaliação cognitiva sem considerar a inteligência emocional, como meios de interação social sem atentar para a grande maleabilidade adaptativa humana, e ainda assim, impomos bitolas, como se os humanos fossem iguais, entretanto, esquecemos que assim agindo, os adultos que sofrem e sem querer, levados pelo discurso adultocentrico, os fazemos aprender o nosso sofrer.
Muitos dizem que eles são a-sociais, não interagem, não desenvolvem a cognição, tem um mundo particular(...). Mas a clínica Sócio Crítica, voltada aos contextos familiares percebe e prova que eles sofrem e afetam-se com as dores dos que dão a eles segurança para amar - pergunte a cada mãe.
Eles interagem tanto como o meio onde vivem a proporção que são invadidos que chegam a responder ao meio muitas vezes tão violentamente quanto são tomados via os seus canais sensitivos, quais não dimensionamos, pois eles são mais evoluíodos. Com o tempo eles conseguem, geralmente, a duras penas, equilibrar tal invasões.
 Eles são tão  mais sociais que nós que inventamos mentiras para sobreviver, eles são verdadeiros, nós que não suportamos verdades. Eles oscilam, como nós, só que teimamos em querer sempre superficialmente, bonitos com máscaras, eles as entende e usam metáforas, mas não as acatam quando encobrem suas verdades, sabe que ser direto é mais prático.
 Mas não deixam de sonhar, nós deixamos isso desde que a adolescência nos condena ao mundo adulto. Eles são tão mais inteligentes, pois usam a inteligência  emocional, tanto que todos em seus lares, geralmente servem-o, por ele subordiná-los as suas necessidades.
Eles são tão mais inteligentes que precocemente são chamados a usar a inteligência emocional, articulam as situações a gerir toda a família a seu bel prazer.
Mas então que autismos são estes que penso, vejo e sinto. São aquelas pessoas que por alguma etiologia não explicada ainda, e creio que essa geração não saberá, que os fazem mais evoluídos do século. Mas também, a maioria ingênuos satisfeitos com tão pouco, usam da mesma inteligência para ser saciado. Sabem que desse materialismo nada se leva, vive o hoje como o primeiro dia de suas vidas. São, mais ricos que nós, pois não são tão vazios para ter ansiedade, no máximo, podem ter angustia, de não ter como lidar como tantas pequenas maravilhas que a ele contamina.
São tão complexos mesmo assim,erroneamente, muitos técnicos e instrumentos têm sido usados, mas a maioria tem esquecido do conteúdo humano, especialmente a maior virtude humana, que é ser diferente e complexo. Nesse intervalo surgem de charlatães à perversos que se aproveitam do sofrimento quase que maior parte das mães, digo isso por minha ignorância de ainda não saber qualificar o sofrer de cada pessoa no traço autista, pois sabendo que estes também sofrem tem surgido um bom número de tantos outros profissionais mais libertários  que eu, para enfrentar aos rótulos adoecedores.
Especialmente porque têm sim diversas formas de sofrer destas pessoas, mas sem dúvida a da indiferença,uma dor descomunal, é menor que a ignorância advinda do preconceito transformado em discriminação.
Dessa geralmente nasce o diagnóstico, a cega navalha da guilhotina da discriminação contra alguém que assume sua diferença e fazer questão de viver a partir dela. Neste sentido o prognóstico, é sim de auto ou imputado isolamento e padecimento, tamanho que nenhum instrumento poderá medir tal dor.
Estamos falando de pessoas que apenas precisam ser acolhidas em seu modo peculiar de equilibrar-se ante tantas invasões sensoriais, que sua forma de inteligência tem base no emocional, assim sendo atenta apenas ao que lhes cativa.
E nessa mesma toada, relaciona-se como se abastecendo energia, atenta precocemente a tudo que o circunda e não perde tempo com que não lhe equilibra. Por causa disso muito desistem e se isolam, pois nosso modo de vida repetitiva é para ele como para nós, enfadonha, só que eles assumem isso e não se rendem a tal maquinismo humano e assim nascem os autismos, as formas verdadeiras de cada ser.



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