segunda-feira, 28 de setembro de 2015

BIOPSICOSSOCIOESPIRITUAL - PSÍQUICA


Dando continuidade ao conteúdo da pesquisa “O Autismo que Estamos Vivendo”, apresentamos as demandas psíquicas, mas antes,  temos a esclarecer que nossa visão do mundo é holístico, sempre biopsicossocioespiritual:
Comungamos do impacto do ser humano sobre ele mesmo. Então, alertamos que mesmo sendo psicanalista de base lacaniana, saliento que isso jamais será limitador para entendermos a vida, é, apenas um instrumento de aproximação, pois vida é ilimitada e nunca será contida por qualquer teoria ou abordagem , a condição humana é por si só, holístico, ou seja, multifacetada, única e complexa em seu contexto diverso.
Enfim, após termos visto através da lente biológica, onde pontuamos qual corpo, o do autista que expressa emoções pouco interpretadas e, que é, por isso, canal de angustias, mas não passa de reflexas de sinapses neuroquímicas (des) harmonizando-se com os estímulos externos sentidos intensamente.
Nós diferentes dos atípicos, comumente interagimos verbalmente mais com os seres humanos, os atípicos menos com o verbalizado e mais com as emoções (biopsicossocioespirituais) expressas por cada um de nós e, além disso, se afetam com o universo mais diretamente, com todos os sentidos simultaneamente. Talvez por termos um mundo poluído de imagens, sons (barulhos), mentiras sociais, cegueira afetivas etc. os atípicos pouco interagem do nosso modo, porém vivem intensamente com suas mães, aquelas que os entendem por não estarem tão adoecidas como nós, emocionalmente imaturos.
Nas demandas psicológicas, foram feitas quatro perguntas. Sobre as habilidades desenvolvidas pelos autistas, as satisfações deles percebidas pelos parentes, quanto tempo eles as praticam e se eles têm objetos fixos.
A primeira resposta, das habilidades, parecem causar certos contentamentos sociais às mães, sobretudo, aquelas da pós modernidade as tecnologias (3 citações) e somada com o modelo intelectual medieval, a memorização (3 citações) que se soma à musicalidade (5), fazem-me pensar a relação intergeracional latente, entre o contemporâneo ( os filhotes)  e o passado( genitores), para aliviar da discriminação sofrida ou seria apenas certo auto preconceito?
Enquanto, habilidade como língua estrangeira, matemáticas, lógica (razão); e a imaginação, criatividade, desenho e outras artes (emoção). Razão pode ser parte do discurso sinalizando adulto imposto aos filhos. Talvez elas queiram no  seu intelectualismo, equilibrar o medo das semelhanças com a déficit intelectual; enquanto expressões da emoção, pode ser sinal das carências, que não nos enganemos, quase todas ficam “autistas” junto aos seus autistas. Mas, lembro, que a aptidão da música, pode ser reflexo da satisfação dos autistas advindas da harmonia.
Estes detalhes são sim, preconcebidos por mim, mas partem também da minha pequena experiência clínica, do sofrimento com que lido diariamente em setting terapêutico e do não dito devido ao sofrimento inconsciente. E por isso quase sempre negado, mas sentido na alma.
O meu discurso, ficará visto menos preconcebido se, por exemplo, vermos que as habilidades alcançadas demonstram a interação (emocional), por razões peculiares a cada caso. Tanto que ao se indagar o prazer dos familiares ante a satisfação do filhos nas atividades desenvolvidas, as respostas são surpreendentemente reveladoras do vazio em que parte delas se encontram:
Nunca observei o "sentido prazeroso/ para alcançar/ as habilidades sociais” esta fala denota que não consegue emocionalmente comunicabilidade; isso visto também em “Não consigo avaliar/ prazer dele em estar na piscina (sobre a habilidade) Muito Feliz/nós ajudando (sobre a satisfação familiar)”, percebamos que a declarante não pode avaliar, mesmo a família em contentamento, mas  não  ela não se apercebe do ganho afetivo. Se o filhote tivesse uma habilidade supostamente útil  (socialmente) como os outros autistas, talvez ela percebesse evolução, elegendo o olhar do outro como seu juiz, para o alegria e para a dor? 
Mas nada tão sofrido por uma delas, ante a satisfação da criança ela diz, “Difícil saber”, não há como quantificar a impotência que, possivelmente, ela carrega devida a falta dos frutos do seu desejo projetado no filho, ainda quando não era tido como autista. Estas falas, correspondem um terço das entrevistadas.
Estas senhoras carentes de acolhimento seu discurso denota  personalidades nascidas da falta, o autismo pode está cegando-as do filho sonhado e precisam reescreverem as duas biografias: A dela e do filho. Aqui fica nítido o quanto pesa um diagnóstico, pois ele pode condenar ou limitar o que a natureza sabiamente levaria com o apoio do amor sociofamiliar, se acolhido a frutificar pela batuta do altruísmo, pois o equilíbrio que sempre traz o desenvolvimento. 
Não é assim que somos, seres a vir a ser? Porque não seria assim também os autistas?  Precisamente sei, elas têm horas que pensam estar em pesadelos e que irão acordar; outras que um belo dia o filho a acordará para o hoje. Mesmo que esse não venha, eles acordarão com o vigor desse amor, precisamos apenas através da inteligência emocional para ouvir/ver no corpo, sons, gestos, olhar fugidios expressando emoções.
Outra genitora afirmou “há frustração pois não são todos que se recorda” se referindo que o filho parece esquecer os nomes de animais que tanto ama. Ela, quanto aos avanços socioafetivos do filho, parece não perceber que as frustrações são os grandes socializadores para o amadurecimento: corte embrionário; desmame; não ser mais criança etc. Mas, é claro, que ela provavelmente demostre sua frustração (reativa) pode ser medo de um possível traço do espectro similar ao retardo mental.
Por fim, outras afirmaram “demostra prazer satisfação (4), ou seja, 45% das entrevistadas que sentem prazer para além da vivência trabalhosa, parece não presas ao autismo, vivem o filho e a mãe que espero também a esposa, mulher, sonhadora, etc. Mas veremos se isso ocorre de fato.
Quanto ao tempo de atividade dos filhos o que elas mais responderam que “Se deixarmos o dia todo (3)” e outra resposta interessante é “Ela é uma caixinha de surpresa”, necessidade do filho autista em manter estável seu meio ambiente interno e externo, que chamamos homeostase (equilíbrio que a natureza rege). Mas, obviamente, o autista não equilibra as influências externas, por isso a caixinha de surpresa torna-se a de Pandora trazendo sofrimento ao filho. 
Curioso é que quatro das pesquisadas afirmaram que buscam modelar os comportamentos, será que os papeis psíquicos na relação mãe e filho é substituído por frustração e autismo adoecendo a ambos? Duro, mas temos que concordar que muitos de nós ficamos paralisados diante dos comportamentos atípicos, ou aceitamos que eles fiquem o dia todo no seu mundo e nos convide, ou os bitolarmos em comportamento sem afeto. Parece que precisamos nomear o autismo: perseguir e curar. Mas não nos ceguemos, pois também quatro delas, não tinham diagnóstico autismo e pior, ou melhor, não se tem uma única forma de único tratamento.
A quarta e última pergunta quanto a fixação em objetos, 45% delas afirmaram que eles não se fixam em algo, dá-me suporte para enfatizar que eles são muitos voláteis aos diversos estímulos. Por outro, nós típicos adoecemos na mesmice. Os atípicos parecem não se permitir adoecer na rotina, porém, sabe-se que a medida que crescem parece se atrelar a ela, só quando descobrem um prazer, talvez por já está mais seletivo quanto as influência que internalizam ou porque descobrem o "mais do mesmo" da forma de vida adulta.
Em suma, falei da homeostase, o equilíbrio que a natureza tende a nos direcionar e que serve de base para concluir dizendo que se assim também somos, nós precisamos apenas não sobrecarregar os autistas com nossas angustias e medos e, sim buscar nosso fortalecimento, através da inteligência emocional, para perceber quais as virtudes dos filhotes e as dar maior vazão a elas; sentir nas atipias meios de sobrevivência ante o caos que esse mundo de estímulos enlouquecedores (basta ver os autistas em contato com a natureza como melhor interagem); e, por fim, se não sufocarmos e invadirmo-los com tantas intervenções técnicas,  pois  - lembro que apenas uma declarante afirmou um trabalho interdiciplinar - que na maioria nem sabem ao certo que estão fazendo, eles evoluíram mais harmonicamente. Sobretudo, porque buscar cura incessantemente é o mais adoecedora e desencadeadora de tantos transtornos, as chamadas comorbidades, que jogamos sobre os filhos, mas na realidade estaremos tratando em nossos filhos apenas nosso discurso, pois poucos profissionais também escutam e percebem as linguagem emocionais dos atípicos.
Portanto, psiquicamente nos cuidemos, pois a angustia é nossa, se assim agirmos, estaremos sendo pais, mães e filhos e não três autistas. Mesmo os que teimam em dizer que os filhos são os sintomas dos pais, não para culpar a estes, mas para os lembra de que são adultos sim, mas nem sempre inteligentes emocionais, sobremodo porque estamos em evolução diante dos filhos muito mais ainda.
Indaguemos pois como desenvolver a inteligência emocional?
 Leiam as demais publicações e entenderemos.


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