Um filósofo disse que não se banha
nas mesmas águas duas vezes. Ele queria dizer que nunca viveremos duas sensações
da mesma maneira. Isso se aplica ao autista em seu mundo interno, mesmo não
crendo que ele viva em outro mundo. Especulo que ele sabe tanto do nosso que
não aceita tantas mentiras e negações de quem, realmente, somos.
Então, se queremos o melhor aos amados,
desde dependentes até poderem escrever suas biografias, os libertemos com as
nossas, mesmo sendo precárias, verdades.
Pois, ao mentir produzimos sentimentos
confusos, que na relação intrafamiliar as ficam evidentes, favorecendo
desamparos.
Só a verdade vós libertará, já dizia
um secular homem. Pois, quem se conhece e não teme suas mediocridades e tem mais
chance de deixá-las, se elas não produziram mais ganhos que perdas, mesmo que
eu duvide.
Se você evita mentir, seus filhos podem
não cultivar tal mediocridade, ou ao menos não se relacionarão consigo e o mundo,
baseado no medo então, você poder ajuda a eles a serem mais autônomos por serem
mais verdadeiros e não culparão a ninguém por seus vazios, terão chance para
viver através do sonhar.
Se o autista souber que você é real e
não perfeitos e idealizados, ele poderá ser convosco além de da suposta
dimensão particular, ou seja, nos permitirá partilhar de suas ricas percepções,
sensações e sonhos.
Mas se não nos percebemos limitados,
já estaremos os discriminando, condenamos o gene, ou a personalidade da mãe. Se vamos a tratamentos,
palestras e ouvimos “ninguém é culpado”, mas agimos buscando um culpado, ou
apenas trabalhamos para manter a família e deixamos a mulheres únicas demandadas
com o autismo, não enxergamos nada além do problema que vemos nos nossos
filhos. O
peso da culpa recai, inclusive sobre si mesmo?
Bem quem assim age, perdoe-me, tem
mais de doente que a mãe que se cegou e não mais vivem, ela ou filho, apenas o autismo,
se você vê duas pessoas anuladas e omite-se, procure ajuda para nascer de novo
e voltar a sonhar.
Não é o autista que sonha em um mundo
paralelo, ele provavelmente viu uma sociedade que não inclui a hipersensibilidade dele.
Quem se encontra em um mundo paralelo é quem foge da realidade deixando os
sonhos, condenando o semelhante a viver dos fardos, esquece que Cristo disse: misericórdia
e não sacrifício.
Colocamo-nos fardos: a mulher é quem
cuida; educa; é dona de casa; agora também trabalha; não pode adoecer; não deseja:
não tem vida. Onde estão seus sonhos?
Nós homens cavamos nossa própria queda,
mentimos que somos fortes, mas somos quem sobrevive através de drogas, morremos
em diversas violências, tornamo-nos nada. É por isso a família é o lugar mais
violento da pós modernidade.
Enfim quem em sã consciência autista vai
querer sonhar em viver um mundo assim?
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