quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Acolher a família de uma pessoa autista? Aprender com a mãe dela!

Antes de prosseguir com algumas falas quanto o TEA, fui provocadoa trazer algumas citações com base na ciência psicológica, onde ancoro as ideias. E aproveitarei então para provocar a todos que me leem a sair da zona de conforto do descompromisso com as causas das desigualdades e destas as diversas formas de discriminação.
E àqueles que têm convívio com uma pessoa com TEA, essa luta se faz indo além de onde os sintomas  ocorrem e não baixar a cabeça para os discriminadores e mostrar que o estranho é quem não reconhece sua própria diferença.
Digo isso porque, sabe-se que os vícios  cristalizam-se, isso através dos comportamentos supostamente sociáveis, todos nós escondemos as nossas almas onde encontra-se estampados nossos vícios. E isso apreendemos se esconder por medos aprendidos  nas relações  familiares. 
Daí, sem querer, nasce desses  medos o preconceito que evolui para a discriminação. Esse processo pode ser melhor entendida como um "O processo de ancoragem se caracteriza pelo encaixe do desconhecido em categorias pré-existente"(1). Este desconhecimento pode se dar pelo menos por duas vertentes, por inacesso (ignorância) ou por por interesses bem pesado e medido. Por exemplo, enquanto  eu busco na ciência psicológica  fincar minhas ideias, alguns desinformados,alimentam-se nos desencontros da mídia  alienante, mas ambos são, ancoragem. E, também  nos dois exemplos, pode-se ter êxitos e descaminhos.
"A ancoragem é sinônimo de classificação e denominação. Ela está do lado da categorização do desconhecido que se torna familiar". Mas tudo depende do que se objetiva, "a objetivação se fundamenta na construção de imagens naturalizadas que tomam o lugar do desconhecido e assim o explicam (...)", no meu caso, pesquiso em psicologia baseando-se na objetivacão pois seu  "uso buscava conscientizar os sujeitos que são acometidos por representações sociais (RS) a serviço de forças ideológicas hegemônicas".(1)
 Aqui cabe sinalizar  que "as RS e a ideologia diferem se pensarmos que as RS são dinâmicas, relacionadas com a transformação, e a ideologia é estática, e, segunda, e mais interessante, as RS e a ideologia se assemelham, pois ambas são formas simbólicas. No entanto, a ideologia se caracteriza por ser uma forma simbólica a serviço de relações de dominação, logo, nem toda RS é ideológica, mas devemos verificar se ela fundamenta ou não uma relação de dominação (Guareschi, 2004). Os psicólogos sociais latino-americanos se debruçaram, em muito dos casos, nas representações sociais com o intuito de apontar o seu caráter ideológico." (1)
 Por sua vez "O materialismo histórico-dialético usado pelos psicólogos sócio-históricos, por outro lado, produzia uma visão comprometida com a realidade da população, já que defendiam o resgate da historicidade e a produção de conhecimento comprometido com a transformação social. Este é o compromisso aqui pretendido  por mim.
Assim,  como Guareschi, vejo "O homem é histórico e suas relações o constroem. Ele é produto e produtor da História. No entanto, sem o pensamento crítico, ele deixa de lado sua potencialidade de criador de sua própria história e reproduz as palavras hegemônicas regidas pelas ideologias dominantes".(1)
Aqui pesa duas variáveis. Uma, que as forma de vivida em cada história por famílias de pessoas com TEA,  fazem suas história e, outras tem sua historia escrita por uma ideologia mercadológica capitalista. Nesta última, o compromisso não  é  libertar as pessoas com TEA partir  da história  dessas pessoas  em seus limites de desabilitados (como sinaliza a Organização Mundial da Saúde - OMS, da Organização  das Nações  Unidas - ONU) e sim, os deixar apenas deficientes, como traduziu o Sistema Único  de Saúde -SUS a partir  da convenção  dos direitos  das pessoas com "deficiências" e ainda pouco evoluiu para vê-las como desabilitadas. Parece-me o SUA preso a ideológica consumista.
Digo isso por que "A compreensão da ideologia como dominação aponta o entendimento de uma psicologia social crítica que tende ao compromisso social e à conscientização. Assim, sua maior preocupação não está em formular leis gerais sobre o comportamento social, mas sim, no entendimento das relações de dominação ideológicas e de sua possível saída, através da conscientização. (1)".  Então, lembro que o que interessa  ao capitalista  é  vender, no cado do TEA vender supostas curas farmacológicas ou de terapêuticas descontextualizadas, são  formas de ciência  que não valorizam , por motivos  capitalistas, as RS das mães  de cada autistas, não porque cada uma delas é  poder do senso comum e sim porque com elas estão  também a solução particular má dinâmica  junto ao TEA e não  nos laboratórios ou consultórios. É  uma questão  de poder.
Todavia,  as RS construídas  Por essas mães, que são  psicólogas  24 horas, como uma delas fala, contribuem para eu elencar milhares de razões  para  pensar uma ciência  comprometida com as verdades dessas mães. Pois contrário  a isso estaria eu concordando  com que segue, a fala de Bauman.
"Bauman ao analisar a ética da modernidade. Para ele, o Holocausto nazista nada mais foi que uma consequência coerente da modernidade.  É conhecida a comparação que Bauman faz ao descrever esses procedimentos “científicos”: o mundo  deveria ser como um jardim todo alinhado, organizado e limpo.Tudo o que fosse desordem, ervas daninhas, deveria ir para a fogueira. E a ética que governava esse empreendimento (aqui a questão) era a eficiência, o rigor científico, o funcionamento prático e útil.(...) se não funciona é “ruim”. Um tipo de pragmatismo e o cientificismo de mãos dadas. "(2)
E, pior estaria ratificando  o que citou Bauman, para a prosperidade, pois eu estaria tratando  o conhecimento de cada mãe  como o irracionalismo denunciado por Moscovici "Procurando dar um exemplo de como uma ciência pode se tornar reducionista e servir para fins ideológicos, Moscovici comenta como alguns economistas projetaram as normas e atitudes de uma sociedade capitalista, baseados nos processos de troca.Como resultado de tudo isto, esta versão da economia concebe uma imensa área da conduta humana como irracional, uma vez que, dentro de sua prática, tudo o que vai além do individualismo e tudo o que diverge um pouco de um modelo de capitalismo, entra, por definição, no domínio da irracionalidade" (MOSCOVICI, 2002, p.125–126, grifos no original)(2)
Entretanto, prefiro me atrelar a crítica de Durkheim "O grupo e o coletivo, são a verdadeira e única realidade. Os elementos desse grupo (as pessoas) passam a ter importância a partir de sua pertença aos grupos. As pessoas são “peças” da máquina: o que vale é a máquina. Não importa a consciência individual: importa a consciência coletiva". 
Pois, em cada grupo familiar o conhecimento se faz no cotidiano diuturnamente,  esse impirismo é  base para entendermos como dar maior qualidade de vida a cada pessoa  com TEA, porque o conhecimento  distribuído  e repensando por essas mães  pode trazer uma nova prática de atenção às pessoas com autismo.
Então  para concluir inicio com que Lenin, pensa  – se somos parte da solução, provavelmente somos também parte do problema. Sobretudo  quando  se fala sobre conhecimento, especialmente  quando  é  uma  de RS do empírico. As mães  não me deixam enganar quando afirmo que na busca de acertar erramos. E assim se não  formos humildes não entenderemos  o que Lenin nos falou.
"Bader mostrou a relevância da dicotomia indivíduo-sociedade para o estabelecimento das concepções de comunidade no decorrer dos processos históricos de produção de conhecimentos. Constatou que na medida do avanço das relações comunitárias se fortaleceram utopias individualistas e vice-versa."(3). 
A autora, apesar de valorizar o conhecimento  advindo das experiências  coletivas sociais, parece me alertar para o que Lenin dizia, ao menos para sermos crítico em não sermos donos de verdades  absolutas para não caímos jo pecado semelhante  da ciência racional determinista e generalista, sobrepondo as demais pensamentos e conhecimentos:  
"No contexto da globalização, a comunidade pode ser depositária da utopia de conversão do egoísmo, da exclusão e da fluidez presentes nas relações humanas. Tal utopia atribui ao espaço das comunidades vivências de parceria e de solidariedade e reaviva a esperança de pertencimento a um grupo desprovido de interesses individualistas(...)" (3)
Bauman, diz isso que alertei anteriomentem pois A cada dia são  repensados as maneiras de destruir o conhecimento  empírico, a exemplo do de cada mãe:  "A desconstrução deste conceito, então, está marcada pelos processos de industrialização e de formação do estado-nação os quais favoreceram fenômenos de fragmentação da sociedade. Nesse contexto, a busca livre pelo lucro promoveu a dissociação entre produtores e fontes de subsistência, a ruptura entre laços morais e emocionais e propiciaram os modos de vida capitalistas com seus ritmos regulados externamente. Além disso, a racionalidade predominante impôs rotinas e processos de naturalização dos padrões de conduta “abstratamente projetados e ostensivamente artificiais”  (Bauman, 2003). (3)
Enfim,mo mesmo Bauman, diz "Numa sociedade na qual parceiros são adotados ou descartados, de acordo com sua utilidade e funcionalidade, os compromissos por tempo indeterminado e os vínculos mais duradouros poderiam interromper ou ameaçar os modos de vida contemporâneos". Faz-me concluir que dá mesma importância  da humildade de que aprendemos  a cada dia e em cada contexto tem suas próprias  soluções as parceiras de conhecimentos, ou seja, a troca entre mães  de pessoas com TEA humilde e colaborativa é  o meio mais efetivo e harmonioso  para alcançar dignidade e favorecimento de vida à  pessoa com TEA  mas também a uma relação  Social verdadeiramente , como cultura de paz.
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(1)ALMEIDA,Leonardo Pinto: Para uma Caracterização da Psicologia Social Brasileira, Universidade  Federal  Fluminenses.


(2) GUARESCHI,Pedro.O que é  Mesmo Psicologia  Social.Uma perspectiva crítica de sua historia e seu estado hoje.

 (3)(Psicologia & Sociedade; 19, Edição Especial 2: 100-108, 2007,Scaparo, H.; Guareschi, N. “Psicologia Social Comunitária e Formação.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Porque o homem é vítima do macho? Um Vigotski, para uma nova psicologia

 Todo o homem um dia foi macho, é,  ou será? Que será  que isso tem a ver com paternagem e, como ambos opostos, afetam à pessoa com Transtorno do Espectro  do Autismo  - TEA?
Prendam suas cabritas  (observe, plural) que meu bode (singular e desde de idade de cabrito, já tem título  de superioridade) está a solta. Esse ditado popular traz algo da filogenese, ramo científico que estuda a história  da evolução  humana. Pois, a grosso modo ela, de algum modo, explica  que ao homem foi dado atributo de desbravar o mundo externo,  enquanto, a mulher  ao cuidar, após gerar. Até  então, a mulher era divinizada, por ter o dom da vida. Entretanto, como existe quem cuide necessariamente precisa manter a subexistência,  assim  surgiu a propriedade  privada.   
Isto,surgiu com a suposta força  do caçador, destronado  pela sentinela e este pelo guerreiro. A saga da relação  de poder, baseado já  não mais do dar a vida e agregar através  do cuidar, em detrimento do matar e do medo.
No entanto este contexto, ainda não  explica  porque o macho é o mais violentado  e maior vitimado de sua próprio sanguinário modo de viver. 
Tentemos, clariar com o apoio de Vygotsky, ele diz que quanto a formação dinâmica da personalidade  "todas as funções superiores constituíram-se na filogênese, não biologicamente, mas socialmente (...) Elas são transferidas para a personalidade, relações interiorizadas de ordem social, base da estrutura social da personalidade. Sua composição, gênese, função (maneira de agir) – em uma palavra, sua natureza – são sociais".
 Então, voltando  ao macho, de personalidade estritamente grotesco, violento em tudo que faz, aquele que nem criança  aprendeu a ser, sua formação de si resume-me a procriação, saciedade e sobrevivência de modo geral. Assim, ele se encontra longe de ser ao menos filho, e dificilmente  será paternal, no máximo, genitor, ou ainda, em melhor das hipóteses, pai mantenedor. Todavia, seus atos são frutos violentos.Parece-te,  um discurso pessimista  ou antisocial, mas assim é  o macho. 
Pior é  que poucos são  agraciados em sua formação  sociocultural e histórica a chegar a ser homem, pois essencialmente, estes já são destruídos ainda quando crianças  ou na puberdade por esta sociedade posmoderna. 
Entretanto, a boa notícia  vem do socioconstrutivismo, reflexões  críticas, onde o humano pode reeditar dialeticamente sua personalidade e o mundo mutuamente, porque "Mesmo sendo, na personalidade, transformadas em processos psicológicos –, elas permanecem ‘quasi’-sociais. O individual, o pessoal – não é ‘contra’, mas uma forma superior de sociabilidade(...) atrás das funções psicológicas estão geneticamente as relações das pessoas".Então o psicólogo  russo,segue dizendo que "A questão está na personalidade (...) o mais básico consiste em que a pessoa não somente se desenvolve, mas também constrói a si. " Em pleno "construtivismo" dinâmica  e continuamente  estaremos  nos desenvolvendo
Sobretudo porque, se "A personalidade é o conjunto de relações sociais. As funções psíquicas superiores criam-se no coletivo", onde  pode-se recriar de macho a homem, através  de se ver criança, filho, por exemplo, no filho  TEA, que pode ser eternamente apenas criança, na essência, seja na pureza  inocente ou ainda na liberdade infantil. Mas também, apenas um pequeno tirano, destronado você  que se nega a paternagem, causando  a manutenção do ciclo da violência.
"O pensamento autista diferencia-se do pensamento filosófico não pelas leis do raciocínio, mas pelo papel (...)A diferença entre o doente mental e o saudável e entre diferentes doentes mentais não está tanto em que a) as leis da vida psíquica dos doentes mentais são violadas ou b) têm algo (novas formações) que não têm os saudáveis. Ou melhor, os saudáveis têm o mesmo que têm os doentes: delírios, suspeitas. Idéias fixas, medo, etc. Mas o papel de tudo isso, a hierarquia de todo sistema é diferente. Isto é, outra função, que não aquela que está em nós, destaca-se em primeiro plano e recebe funções reguladoras.  Não é a loucura que diferencia o doente mental de nós, mas o fato dele acreditar neste delírio, obedecer, enquanto nós não.Freqüentemente o infantil não desaparece, mas perde seu papel, lugar, significação".
Aqui, abro uma conclusão  provocando se o macho diante do TEA ou outra forma atípica  de ser e ver em sua condição  humana, o macho também  acredita na sua loucura de detentor  de um suposto poder?
O machismo  vitimiza a todos  e mais mata o homem em sua condição  de vida e ensina à pessoa com TEA a tirânica forma de esufruir da relação desigual desse poder, pois  "A essência do homem não é uma abstração, que pertença a um indivíduo específico. Em sua realidade ela é o conjunto de todas as relações sociais”. Estas, aprendidas e reprodutoras de adaptações em busca do bem  estar, neste contexto, cobrando o preço  das diversas violações contra a mulher e destronando  o homem de um trono erguido, do sofrimento, também  deste, o que pode explicar porque o homem que mais morre precocemente e de forma quase sempre letais. E algumas pessoas com TEA exacerbam traços  machistas.
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 (Marx K. e Engels F. Lev S. Vigotski: Manuscrito de 1929*Educação & Sociedade, ano XXI, nº 71, Julho/00 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O porque não ao modelo biologista ao tratar do humano e, muito menos ainda, quando se fala da pessoa com TEA.

A fim de clareiar a razão, na qual creio que o filho com TEA que se comporta  ditatoriamente, denuncia, que a relação  de poder é  uma forma errônea  de viver, não só  porque neste contexto  quem manda não são os adultos. Mas, porque me pergunto com quem ele aprendeu estar assim? Então, segue reflexão  crítica.
Para tanto, preciso protestar contra que "apesar de muito se falar do modelo biopsicossocial, observa-se que se continua privilegiando a etiologia biologicista, a concepção fragmentada de saúde e o caráter impositivo e normatizador da visão positivista de ciência, esquecendo-se a relevância dos aspectos sociais, psicológicos e ecológicos como mediadores dos processos saúde-doença. O modelo biomédico mostra-se totalmente funcional para as necessidades do sistema socioeconômico vigente, condicionando uma visão individualista, fragmentada e descontextualizada dos comportamentos humanos relacionados à saúde e à doença"(1).  
Esta verdade, se não alimenta  culpa, ela serve para  deixar as mães de mãos atadas imersas em impotência, enquanto, alguns pais por sua vez, agem  cegos, por estarem descontextualizados conscientes ou inconscientes condenam as suas companheiras. Neste contexto o filho  com TEA, de alguma forma, calado observa e pode aprender  a manipulação da relação  desigual  do poder.
Então temos que,  prioritementem vencer a crítica e fatalmente ir além da denuncia de Traverso-Yépez: "o modelo biopsicossocial tem sido apenas uma postura paliativa com relação ao modelo biomédico, acrescentando as dimensões psicológica e social muito mais como retórica, que como prática real"(1). Esta é  uma das justificativas do meu neologismos, biopsicossocioespiritual. Sendo esse espiritual, amor incondicional. Pois, o exemplo do biologismo é  base para alienação e sofrimento destas famílias desassistidas, desinformados ou apenas mal acolhidas.
Procedimentos não  estruturantes não veem em um filho com TEA,  a inteligência  de cada um deles, esta mais  holística da inteligência  emocional do que reducionista  da inteligência  racional, cartesiana. Porém, basta  notar como eles dobram os seus pais em busca  de realizarem seus desejos. Perdem-se, assim, temporariamente, em seu amor egoísta afetados pelas relações  utilitaristas desse século, ond etodos precisam de ir ao amor altruísta através da empatia  dos adultos, a fim de se encontrar, no  amor crítico dos não's necessários.
Todavia, mesmo que eu tente minimizar, mas é inevitável apontar que o reducionismo  no biologismo encontra-se vetor da postura de culpabilzação do ser humano, em especial contra as mulheres, estas bode expiatórios das mazelas dessa doentia sociedade."Realmente, o modelo mostra-se totalmente funcional às necessidades do sistema sócio-econômico vigente. Isso acontece não apenas no que se refere aos interesses econômicos que vêem no modelo uma das melhores fontes de lucro no mercado de consumo de medicamentos e alta tecnologia (Barros, 1995; Velasquez, 1986), mas também no campo das idéias, já que este reforça a visão individualista e fragmentada dos fatos sociais. É assim que, decorrente desse acentuado individualismo e antropocentrismo do sistema, condiciona-se uma visão descontextualizada dos comportamentos humanos, focalizando a responsabilidade das doenças e sofrimentos nos indivíduos, tanto em seus estilos de vida considerados como inadequados quanto nos denominados aspectos “mórbidos” da personalidade (1)(Sarafino, 1994).
Então,necessariamente estas reflexões nasceram  da mais recente palestra  sobre as relações  em família (12/02/16). Na ocasião, aprendi que a pessoa com TEA é,   de alguma forma, presa a um individualismo dele, que precisamos  entender, como proteção deste mundo. Todavia, como eles ficarão  mais autônomos sem relacionarem-se? E com suas mães como culpadas, podemos esperar ser aceito e acolhido? Posso supor, que as pessoas  com TEA imitam quem detém  o suposto  poder sobre ele é a mãe, pelo  menos no tipo de núcleo  familiar, onde isso  fica evidente? É  mais plausível que  eles imitem os dominantes,  usurpando, inconscientemente, do cuidado da dominada, de forma arbitrária?
Isso, não sei em que  proporção, mas  ocorre, também não sei se posso se utillizar de uma  generalização, todavia, nesta sociedade o profissional deve favorecer criticamente  e, assim, facilitar o fortalecimento  dos desejos de cada um, enfim, se assim se satisfazem torcemos  que não  gere violências. Mesmo  assim, fica-nos o risco  do individualismo:"Defende-se, ainda, a necessidade de superar essa visão antropocêntrica e individualista do modelo vigente, acreditando que o agir do profissional de saúde deveria ser forçosamente mais humilde, baseado na escuta, no diálogo e não na imposição de “receitas” (1)(Campos, 1997a; Vasconcelos, 1997, 1999).
Dito isto, reitero que apesar  do risco  da exacerbação, já observada, do individualismo, torcemos  que conscientes dos seus desejos, sejam críticos a perceber que estamos em desenvolvimento e nunca prontos e, portanto, carentes um dos outros:Estamos hoje conscientes de que não existem comportamentos ou ações separadas das relações e valorações que as pessoas fazem de suas condições de existência.Acreditando na necessidade de mudanças e com o referencial teórico fornecido pela psicologia social crítica, pensa-se ser impossível deixar de considerar, junto com as pessoas implicadas (profissionais incluídos), o universo simbólico que está permeando esses comportamentos e a relevância de que os próprios agentes sociais envolvidos “construam” criticamente suas próprias alternativas. bem como o reconhecimento da necessidade de estabelecer formas horizontais de intercâmbio tanto, entre os membros da equipe de profissionais, como na relação profissional/paciente-usuário do serviço(1).
 Então, concluo, humilde que nada sei. Apenas vou semeando  o melhor  possível, crente que acolhendo o outro com o amor que  quero  ser acolhido, faço  da emoção  uma linguagem, que comunica-me ao outro, não necessitando que falemos, pois a inteligência  emocional nos protege e não deixa que a mentira  seja a mediadora. Essa inteligência  ler no corpo o melhor para o bem, se estiver estar abertos para  evoluirmos. E, não atado a um individualismo  doentio dessa pós modernidade  que imita o autismo. Como se  ele  fosse doença ou desamor "tem-se também verificado que a codificação, elaboração e julgamento sociais são mediados pelas emoções, na medida em que elas contribuem para a ativação de informações com elas congruentes, além de provocarem reorganizações mentais que se mostrem mais consistentes com as experiências afetivas individuais (2)(Quinn & cols., 2003).
Na realidade, o conteúdo  biológico  do TEA, até  no quadro mais grave é  apenas  uma  parte  da que,a pessoa, temos o psicossocialespiritual, estas dialeticamente trazendo novas sínteses em contato  com o contexto e as demais estruturas biopsicossocioespirituais que afetamos e somos afetados. Em suma,  a pessoa TEA, como qualquer  um outro pode resignificar seu destino que desejar através do verdadeiro amor e aprender outra forma de  viver além de ser um pequeno  ditador. 
Então, pagará além  da visão  apenas biologia tá que busca uma culpa, abramos-nos para a inteligência emocional, humildade  de carentes  um dos outros. Quiçá os nossos  autistas assim também  imitem  essa forma de relacionar.

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1. Traverso-Yėpes, Marta A INTERFACE PSICOLOGIA  SOCIAL E SAÚDE: PERSPETIVAS E DESAFIOS. Psicologia  em Estudos, Maringá, v.6, n.2, p.49-56, jul./dez.2001;

2. Ferreira ,Maria Cristina. A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e Perspectivas Nacionais e Internacionais Universidade Salgado de Oliveira,55Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, 2010, Vol. 26, n. especial,  pp. 51-64 Psicologia Social

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Discurso contra à violência do nosso Desejo: Quando elegemos o Outro como fonte de vida.

Em outras publicações tenho falado do Desejo do outro, como dos pais sobre o filho.
Creio, que se temos que aprender a barrar nosso desejo. Porque a violência do nosso desejo barra até os vestígios dos sonhos e matam na criança as delícias de viver. Para cada Pessoa Sem Desejo há mais de uma pessoa propensas a ser infanticida.
Produto da culpa, a vergonha e a punição, pois diferentes da solidão libertadora, vive-se  no seu próprio corpo como prisão, apenado com a solidão adoecida entre a angustia e a ansiedade.
Se ficarem presos aos corpos dos filhos, como fonte de vosso desejo de não realização, ficá-se-á atado a possível determinismo imersos a um destino morto no hoje.
Enfim temos que viver  para além destas amaras, sair da solidão que esteja ligada ao desejo não realizado e ir a a peculiar solidão que ensine quanto ao nosso estágio e, como se pode evoluir.
Neste contexto, trago alguns apontamentos sobre representação social, conceito pensado na psicologia social que é concernente ao conhecimento humano para além do cientificismo cartesiano, pois considera o conhecimento do senso comum fonte inesgotável de significativas contribuições ao inserção das diferenças como meio de efetivação da dignidade humana, como as mãe de filhos com TEA.
 Jovchelovitch, em seu artigo "Psicologia Social, saber, comunidade e cultura", sabendo da vitalidade desse conhecimento popular alerta "A representação também distorce, mente, ilude e confunde. A hiper-representação é, naturalmente, parte do poder da representação, já que o simbólico é uma esfera onde a lei do “faz-de-conta” se aplica".  Nessa citação alerto da necessidade de não esquecermos que todo conhecimento é instrumento dotado de poder  e pode ser usado de maneira não libertadora, pois toda a mãe por exemplo, é maculada por um simbólico que não a fortalece como pessoa de direito e, pode ela, mesmo que inconsciente, em busca de espaço nesta sociedade, desfavorecer o filho.
Neste sentido, a autora articula o conceito de representação com o das relações de poder,   sabendo que essas coexistem em todas as relações humanas  e, quando um adulto impõe seu desejo à criança são relacionados interesses e projetos adutocêntricos independente do gênero junto as questões geracionais, sempre penalizado é o dependente ( crianças, adolescentes e idosos, por exemplo).
 Lembro-me, assim das relações objetais que ocorrem quando se quer transformar o outro em responsável pela realização do nossos desejos, como as crianças são usadas.
Enfim, Sandra Jovchelovitch, no mesmo artigo , foca ,sobretudo, na polifasia cognitiva, deste conceito podemos apreender que contrário a impor nossos desejos as nossas crianças e, em especial às pessoas com TEA, devemos a elas novas formas de relações sociais, para produzirmos juntos as infantes, novos formas de conhecimento.
Tal como as mães que lidam com filhos complexos como pessoas com TEA:  "para as psicologias de Piaget e Vygotsky, que tinham um entendimento claro da natureza social da lógica e se propuseram a demonstrar em detalhe a maneira através da qual a sociedade dá forma ao desenvolvimento das estruturas lógicas na criança. Os dois mostraram que relações sociais diferentes levam a modos de saber diferentes".
Esse modo de saber multi é basilar para aceitarmos as diferenças e também funda a aceitação do diferente como cidadão de direitos e deveres e favorecer melhor escuta à maior riqueza humana, a diferença: "A análise da constrição e da cooperação - os dois tipos de relação social que Piaget estudou – forneceram mais evidência à proposição de que formas diferentes de interação produzem lógicas diferenciadas". Não há muitas alternativas para a vida em sociedade que vencermos a lógica utilitarista e competitiva dessa sociedade do consumo.
Neste sociedade pós- moderna os estudos de Vygotsky e Luria tem pouco valor, pois o biologismo poda e exclui o poder das relações humanas, como a mãe-bebê, precisamos resgatá-la como meio mais que curativo, preventivo: (graças) "a estes estudos hoje nós podemos afirmar que tanto o conhecimento como a mentalidade do sujeito do saber que lhe corresponde são organicamente vinculados ao contexto social da comunidade em que eles são produzidos".
 Portanto, o conhecimento das mães de filhos com TEA não pode servir apenas para elas precisam ser estudados e disseminados.   Pois, o saber é amarrado a uma comunidade e seu contexto, segue-se a derivação quase óbvia que os saberes variam. Há um número infinito de formações sociais que produzem um número infinito de formas diferentes de saber. 
Por outro lado, sabe-se que a partir de "Durkheim e Piaget era claro que formas superiores de saber, encontradas em adultos e populações “civilizadas”, deslocariam formas primitivas, encontradas em crianças e povos “primitivos”". Aqui vamos a autora vai além do valor do adulto ( aproveito para citar a mãe), e onde me apoio para citar a virtudes de nossas pessoas com TEA, precisamos as escutar e favorecermos suas experiências, isso para melhor lidar tanto com as diversas formas de autismo, como também as psicopatologias. E quicá, aprendermos mais sobre nós de fato,através do amor às diferenças.
Lévy-Bhrul, me dá base para afirmar que se cada pessoa com TEA é única e produzem ela com sua mãe forma particular de viver a sua realidade dentro do espectro, podemos com cada vivência, aprender mais sobre a riqueza da vida humana, através da aceitação das diferenças, assim, este autor, "demonstrou que lógicas diferentes não são mutuamente excludentes e não operam sob o imperativo da substituição". 
Neste sentido, Vygotsky  coincidia  com ele na noção mais fundamental de que "a transformação do saber é descontínua e não há substituição nas formas do saber, mas co-existência" (parafraseio co-existência das diferenças).
Segundo Moscovici, "os saberes coexistem e podem ser contraditórias, mas isso não é um problema se nós abandonamos a lógica formal e sua dualidade ao concebê-las como opostas e abraçamos uma perspectiva dialética". Neste ínterim, cada dialética entre mãe- pessoa com TEA, nascem, portanto, novas riquezas humanas e dessa interação nascem novas formas de viver com maior dignidade.
A autora, baseada em Moscovici, "o conceito de polifasia cognitiva mostram que todo saber é produzido em uma relação entre sujeito-sujeito-objeto, no tempo e no espaço. O entendimento dos saberes e de suas múltiplas lógicas envolve o entendimento da representação, enquanto um sistema de relações psicossociais que envolvem".Neste sentido,portanto, ela é enfática  "o saber é sempre obra de uma comunidade humana e, portanto, deve ser entendido no plural". 
Enfim, posso afirmar que ninguém melhor que cada autista pode ensinar o que é o TEA e mesmo suas mães que são as suas melhores alunas, não sabem quanto eles sobre o que vivem. Então, nessa relação de poder mãe-filho com TEA, temos que favorecer que eles sejam os vencedores. Eles livres dos nossos desejos,nos libertaram de certos limites que nos podam a vida.
E é nesse posicionamento que temos que os libertar favorecendo  como a autora conclui seu artigo e aproveito para findar essa reflexão:  diálogo entre formas diferentes do saber não apenas é possível como é desejável; se o que todo saber deseja é, de algum modo, dar sentido ao estranho, isso significa dizer que todo saber é capaz de encontrar a estranheza do outro desconhecido e mediar as diferenças que encontra.

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(Jovchelovitch, S. “Psicologia Social, saber, comunidade e cultura”  Sandra Jovchelovitch London School of Economics and Political Science)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O que o autista, ao usar o corpo, tem a dizer a mãe?

Um autor chamado Miller, afirma que "o corpo não fala, serve para falar"*, já Lacan diz que só se tem um corpo graças a linguagem, eis o que quero trazer hoje aos colegas, leitores desse blog. Estou a fim de pensar o que as pessoas com  autismo tem a dizer a suas mães. Digo a elas, porque são elas que estão mais próximas de os escutar e, traduzir a linguagem desses corpos falantes.
E, assim reafirmo que temos que deixar o autista nos chamar, através do seu desejo, como  crianças, ele é puro desejo.
Mas penso que o caminho é fazer ele sair de toda e qualquer infantilização e, também,sobretudo, que ele aprenda a partir da falta, dos "nãos", que nos ensina tanto. Pois, ao se colocar como alvo de piedade é sempre viciante, temos que evitar isso. 
Mesmo que "O improvável do gozo pode angustiar"*, se bem bem dosado não traz adoecimento, pois se damos tudo aos nossos filhos eles um dia pode angustia-se pela falta pois não somos eternos.
Pois se eles são mais complexos que psicóticos, não é temendo as informações dadas por eles pelas estereotipias  que acessaremos suas almas,  a fim de perceber o além do desejo e favorecermos as reais necessidades deles. 
Enfim, pelo corpo ele tem o que dizer  e, esta é a forma dele não adoecer, temos que ouvir seus corpo falante, para ajudarmos eles (re)significarem o que vemos eles em seus sofrimentos. Digo isso porque eles mudos não quer dizer que sofrem, entretanto, se o acolhemos neste suposto sofrer, eles equilibrarem-se e passam pelo que vemos como crises de maneira mais célere e estruturante, pois eles ao se verem aceitos até nestes momentos difíceis saberão que não estão sós.
E, se eles repetem certo comportamento, é que este lhes dar prazer, ou alívio a algo mais complexo, por onde precisamos guiá-los a outros formas de encontrar equilíbrio, pois (re)enfatizo, não podemos contabilizar o grau de tolerância a dor de cada um deles e, outra, nossos medos são nossos, nem sempre deles.
Eles se utilizam de nossos corpos. Isso para descobrir como suportar nossa invasão a eles, através de seus corpos, não esqueçamos o "auti" quer dizer autonomia, independência (...), então tudo que é externo aos corpos deles é invasivo.
Esta verdade é uma das bases para que surja a humildade técnica de "eu sei que nada sei" de todos que lidam com cada uma pessoa com autismo. Assim volto a Lacan que diz "todo mundo delira, seja com o corpo, seja com a linguagem"*, então não podemos querer reduzir ao cientificismo de que somos todos iguais, em detrimento a isso, vivemos a marca do singular. 
Isso é o que o corpo de cada um de nós acusa, que no singular vamos ouvir desejos como portas abertas para realizações de cada ser intimamente.  Sobretudo porque, "num certo modo o espectro é um enforma, e, em outro ponto, é um sem forma"** ou seja, nenhuma ciência que não considere a universidade da diversidade acolherá o TEA de maneira humanizada satisfatória.
Lacan se referindo a hipersensibilidade auditiva de crianças enquadrada no Transtorno do Espectro Autista - TEA, diz, por exemplo, que "a sensibilidade está do lado alucinatório. Trata-se de uma alucinação não no mesmo registro alucinatório que se dá na psicose, mas em outro regime de funcionamento alucinatório", ou seja, se diante das psicoses temos variados deslizes em todos os processos de acompanhamento, imagine no caso de pessoas com TEA.
Então vós que leem em seus filhos os corpos falantes, estão propensas a libertá-los para a forma que eles queiram viver.
Tanto que a Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas - ONU marca uma mudança de paradigma "altera a percepção tradicional das pessoas com deficiência, possibilitando que eles deixem de ser vistos como alvo de caridade (...) consolida o entendimento de que a pessoa com deficiência é um sujeito de direito (...) definiu com clareza a deficiência como parte da experiência humana e equacionou esse experiência específica com o resultado de impedimentos de longo prazo, indicando que quem impõe limites e barreiras é a sociedade e não a deficiência"***. 
E por fim, lembro que a pessoa com o TEA é pessoa com deficiência para fins legais segundo a lei 12.764 de 2012. E assim, sinalizo que se pessoas com TEA, para o Sistema Único de Saúde - SUS é alvo desse direito e a convenção citada, indica que existe uma tradução errônea dos termos "mental disability" e "psychosocial disability"***, que não significa deficiência e sim desabilitado.
Então, essa tradução errônea serve ao biologismo que quer resumir toda as terapias ao corpo e a medicação, por outro lado, traduzindo por desabilitado podemos ter um passo a autonomia da pessoa com TEA e as pessoas tidas com deficiência.
Portanto, abre-se assim mais diálogo para entendermos que as pessoas com TEA tem muito a nos ensinar.

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*SCILICET - O corpo falante, Sobre o Inconsciente no Século XXI, Associação Mundial de Psicanálise, 2015;
**Autismo(s) e Atualidade: Uma Leitura Lacaniana. Escola Brasileira de Psicanálise, 2012; 
***Linha de Cuidado a Atenção às Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo e suas Famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único da Saúde. Brasil, 2015.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Caminhar na solidão ou libertar da prisão do desejo de outro?

Cada vez sinto a solidão como a ausência de um alvo a amar, um 'des-amor', situação em que a pessoa fica abandonada, ao ponto de atuar em perene romantismo, por assim dizer, 'estericamente' em uma paixão direcionada a um algoz, este que se sustenta através de suposto direito de ser nosso juiz sádico.
Portanto, essa solidão retroalimenta uma angustia tamanha que assassina a saudade do futuro, de forma que  nos comportamos como se reduzindo ao corpo, e pode assim, ensinar-nos a sofrer como meio para obter prazer.
 Este estado  é diferente da solidão criativa, aquela que dela aprendemos tirar proveito  quando é apenas acessada através da inteligência emocional.
Essa inteligência também serve para entender a solidão criativa ou não de  um filho com Transtorno do Espectro Autista - TEA, através da linguagem escrita no corpo de cada um dele.
Essa escrita nos demanda maior liberdade à pessoa com seu peculiar autismo e, como cada pessoa que com ele convive, permite o conhecer e favorecer sua autonomia, mas também, traz a marca que todos esses marcam nesse corpo que possivelmente pouco pertence a pessoa com TEA. Pois, eles aos poucos se reconhecem e precisam se ajudados a esse encontro consigo mesmo, quem sabe que assim, acessamos a alma, vida social e espiritual. 
Afirmo isso contando com a hipótese de que da solidão da pessoa com autismo é de onde ele se libertará da prisão de um desejo alheio a ele que o impede se regozijar consigo mesmo. Afinal é o biologismo que o acusa de doente, que alimenta os preconceitos da ignorância popular, manobra o bem estar das famílias, acusam as mães e aprisionam pessoas com o espectro com um discurso de "cientificismo".
Por outro lado, essas pessoas que são enquadradas no TEA em sua solidão podem se encontrar consigo desde que apoiado em seu auto processo, o que pode promover revoluções em si, em família, comunidade, sociedade em fim, quando todos são libertos desse discurso cientificista arrogante.
Mas só  se o rótulo "doente" não o aprisionar em si, acoado devido o desejo do outro de que ele se cure do que ninguém ainda consegue nominar. Apenas porque ele assume sua diferença de maneira explícita. 
Entretanto, como disse, se pacientemente for acolhido, entendido em suas falas corpóreas e, em seus desejos serem levados  a potencializá-los no seio familiar a sociedade o acolherar como um gênio, ou autodidata, ou ainda um estranho que venceu suas diferenças, ou seja qual for o eufemismo que essa sociedade invente. O importante a ser vencido é como cada modo diferente de viver e sentir ainda é proibidamente doentio virando sinônimo de sofrimento.
Todavia, essa prisão do desejo dessa sociedade é tão cruel, fria e calculista, que não sei outra forma mais louca de que é a prisão do desejo dela querer todos iguais, como se fossemos feitos em série, ou seja, pré-moldados para desejar consumir o único modelo de viver, o capitalista.
Até isso o ser humano enquadrada no TEA nos faz refletir que temos que viver e lutar pelo direito de desejo mais íntimo, mesmo que este pareça loucura, pois que somos se não nossos desejos. 

A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO

Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...