quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Acolher a família de uma pessoa autista? Aprender com a mãe dela!

Antes de prosseguir com algumas falas quanto o TEA, fui provocadoa trazer algumas citações com base na ciência psicológica, onde ancoro as ideias. E aproveitarei então para provocar a todos que me leem a sair da zona de conforto do descompromisso com as causas das desigualdades e destas as diversas formas de discriminação.
E àqueles que têm convívio com uma pessoa com TEA, essa luta se faz indo além de onde os sintomas  ocorrem e não baixar a cabeça para os discriminadores e mostrar que o estranho é quem não reconhece sua própria diferença.
Digo isso porque, sabe-se que os vícios  cristalizam-se, isso através dos comportamentos supostamente sociáveis, todos nós escondemos as nossas almas onde encontra-se estampados nossos vícios. E isso apreendemos se esconder por medos aprendidos  nas relações  familiares. 
Daí, sem querer, nasce desses  medos o preconceito que evolui para a discriminação. Esse processo pode ser melhor entendida como um "O processo de ancoragem se caracteriza pelo encaixe do desconhecido em categorias pré-existente"(1). Este desconhecimento pode se dar pelo menos por duas vertentes, por inacesso (ignorância) ou por por interesses bem pesado e medido. Por exemplo, enquanto  eu busco na ciência psicológica  fincar minhas ideias, alguns desinformados,alimentam-se nos desencontros da mídia  alienante, mas ambos são, ancoragem. E, também  nos dois exemplos, pode-se ter êxitos e descaminhos.
"A ancoragem é sinônimo de classificação e denominação. Ela está do lado da categorização do desconhecido que se torna familiar". Mas tudo depende do que se objetiva, "a objetivação se fundamenta na construção de imagens naturalizadas que tomam o lugar do desconhecido e assim o explicam (...)", no meu caso, pesquiso em psicologia baseando-se na objetivacão pois seu  "uso buscava conscientizar os sujeitos que são acometidos por representações sociais (RS) a serviço de forças ideológicas hegemônicas".(1)
 Aqui cabe sinalizar  que "as RS e a ideologia diferem se pensarmos que as RS são dinâmicas, relacionadas com a transformação, e a ideologia é estática, e, segunda, e mais interessante, as RS e a ideologia se assemelham, pois ambas são formas simbólicas. No entanto, a ideologia se caracteriza por ser uma forma simbólica a serviço de relações de dominação, logo, nem toda RS é ideológica, mas devemos verificar se ela fundamenta ou não uma relação de dominação (Guareschi, 2004). Os psicólogos sociais latino-americanos se debruçaram, em muito dos casos, nas representações sociais com o intuito de apontar o seu caráter ideológico." (1)
 Por sua vez "O materialismo histórico-dialético usado pelos psicólogos sócio-históricos, por outro lado, produzia uma visão comprometida com a realidade da população, já que defendiam o resgate da historicidade e a produção de conhecimento comprometido com a transformação social. Este é o compromisso aqui pretendido  por mim.
Assim,  como Guareschi, vejo "O homem é histórico e suas relações o constroem. Ele é produto e produtor da História. No entanto, sem o pensamento crítico, ele deixa de lado sua potencialidade de criador de sua própria história e reproduz as palavras hegemônicas regidas pelas ideologias dominantes".(1)
Aqui pesa duas variáveis. Uma, que as forma de vivida em cada história por famílias de pessoas com TEA,  fazem suas história e, outras tem sua historia escrita por uma ideologia mercadológica capitalista. Nesta última, o compromisso não  é  libertar as pessoas com TEA partir  da história  dessas pessoas  em seus limites de desabilitados (como sinaliza a Organização Mundial da Saúde - OMS, da Organização  das Nações  Unidas - ONU) e sim, os deixar apenas deficientes, como traduziu o Sistema Único  de Saúde -SUS a partir  da convenção  dos direitos  das pessoas com "deficiências" e ainda pouco evoluiu para vê-las como desabilitadas. Parece-me o SUA preso a ideológica consumista.
Digo isso por que "A compreensão da ideologia como dominação aponta o entendimento de uma psicologia social crítica que tende ao compromisso social e à conscientização. Assim, sua maior preocupação não está em formular leis gerais sobre o comportamento social, mas sim, no entendimento das relações de dominação ideológicas e de sua possível saída, através da conscientização. (1)".  Então, lembro que o que interessa  ao capitalista  é  vender, no cado do TEA vender supostas curas farmacológicas ou de terapêuticas descontextualizadas, são  formas de ciência  que não valorizam , por motivos  capitalistas, as RS das mães  de cada autistas, não porque cada uma delas é  poder do senso comum e sim porque com elas estão  também a solução particular má dinâmica  junto ao TEA e não  nos laboratórios ou consultórios. É  uma questão  de poder.
Todavia,  as RS construídas  Por essas mães, que são  psicólogas  24 horas, como uma delas fala, contribuem para eu elencar milhares de razões  para  pensar uma ciência  comprometida com as verdades dessas mães. Pois contrário  a isso estaria eu concordando  com que segue, a fala de Bauman.
"Bauman ao analisar a ética da modernidade. Para ele, o Holocausto nazista nada mais foi que uma consequência coerente da modernidade.  É conhecida a comparação que Bauman faz ao descrever esses procedimentos “científicos”: o mundo  deveria ser como um jardim todo alinhado, organizado e limpo.Tudo o que fosse desordem, ervas daninhas, deveria ir para a fogueira. E a ética que governava esse empreendimento (aqui a questão) era a eficiência, o rigor científico, o funcionamento prático e útil.(...) se não funciona é “ruim”. Um tipo de pragmatismo e o cientificismo de mãos dadas. "(2)
E, pior estaria ratificando  o que citou Bauman, para a prosperidade, pois eu estaria tratando  o conhecimento de cada mãe  como o irracionalismo denunciado por Moscovici "Procurando dar um exemplo de como uma ciência pode se tornar reducionista e servir para fins ideológicos, Moscovici comenta como alguns economistas projetaram as normas e atitudes de uma sociedade capitalista, baseados nos processos de troca.Como resultado de tudo isto, esta versão da economia concebe uma imensa área da conduta humana como irracional, uma vez que, dentro de sua prática, tudo o que vai além do individualismo e tudo o que diverge um pouco de um modelo de capitalismo, entra, por definição, no domínio da irracionalidade" (MOSCOVICI, 2002, p.125–126, grifos no original)(2)
Entretanto, prefiro me atrelar a crítica de Durkheim "O grupo e o coletivo, são a verdadeira e única realidade. Os elementos desse grupo (as pessoas) passam a ter importância a partir de sua pertença aos grupos. As pessoas são “peças” da máquina: o que vale é a máquina. Não importa a consciência individual: importa a consciência coletiva". 
Pois, em cada grupo familiar o conhecimento se faz no cotidiano diuturnamente,  esse impirismo é  base para entendermos como dar maior qualidade de vida a cada pessoa  com TEA, porque o conhecimento  distribuído  e repensando por essas mães  pode trazer uma nova prática de atenção às pessoas com autismo.
Então  para concluir inicio com que Lenin, pensa  – se somos parte da solução, provavelmente somos também parte do problema. Sobretudo  quando  se fala sobre conhecimento, especialmente  quando  é  uma  de RS do empírico. As mães  não me deixam enganar quando afirmo que na busca de acertar erramos. E assim se não  formos humildes não entenderemos  o que Lenin nos falou.
"Bader mostrou a relevância da dicotomia indivíduo-sociedade para o estabelecimento das concepções de comunidade no decorrer dos processos históricos de produção de conhecimentos. Constatou que na medida do avanço das relações comunitárias se fortaleceram utopias individualistas e vice-versa."(3). 
A autora, apesar de valorizar o conhecimento  advindo das experiências  coletivas sociais, parece me alertar para o que Lenin dizia, ao menos para sermos crítico em não sermos donos de verdades  absolutas para não caímos jo pecado semelhante  da ciência racional determinista e generalista, sobrepondo as demais pensamentos e conhecimentos:  
"No contexto da globalização, a comunidade pode ser depositária da utopia de conversão do egoísmo, da exclusão e da fluidez presentes nas relações humanas. Tal utopia atribui ao espaço das comunidades vivências de parceria e de solidariedade e reaviva a esperança de pertencimento a um grupo desprovido de interesses individualistas(...)" (3)
Bauman, diz isso que alertei anteriomentem pois A cada dia são  repensados as maneiras de destruir o conhecimento  empírico, a exemplo do de cada mãe:  "A desconstrução deste conceito, então, está marcada pelos processos de industrialização e de formação do estado-nação os quais favoreceram fenômenos de fragmentação da sociedade. Nesse contexto, a busca livre pelo lucro promoveu a dissociação entre produtores e fontes de subsistência, a ruptura entre laços morais e emocionais e propiciaram os modos de vida capitalistas com seus ritmos regulados externamente. Além disso, a racionalidade predominante impôs rotinas e processos de naturalização dos padrões de conduta “abstratamente projetados e ostensivamente artificiais”  (Bauman, 2003). (3)
Enfim,mo mesmo Bauman, diz "Numa sociedade na qual parceiros são adotados ou descartados, de acordo com sua utilidade e funcionalidade, os compromissos por tempo indeterminado e os vínculos mais duradouros poderiam interromper ou ameaçar os modos de vida contemporâneos". Faz-me concluir que dá mesma importância  da humildade de que aprendemos  a cada dia e em cada contexto tem suas próprias  soluções as parceiras de conhecimentos, ou seja, a troca entre mães  de pessoas com TEA humilde e colaborativa é  o meio mais efetivo e harmonioso  para alcançar dignidade e favorecimento de vida à  pessoa com TEA  mas também a uma relação  Social verdadeiramente , como cultura de paz.
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(1)ALMEIDA,Leonardo Pinto: Para uma Caracterização da Psicologia Social Brasileira, Universidade  Federal  Fluminenses.


(2) GUARESCHI,Pedro.O que é  Mesmo Psicologia  Social.Uma perspectiva crítica de sua historia e seu estado hoje.

 (3)(Psicologia & Sociedade; 19, Edição Especial 2: 100-108, 2007,Scaparo, H.; Guareschi, N. “Psicologia Social Comunitária e Formação.

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