segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Caminhar na solidão ou libertar da prisão do desejo de outro?

Cada vez sinto a solidão como a ausência de um alvo a amar, um 'des-amor', situação em que a pessoa fica abandonada, ao ponto de atuar em perene romantismo, por assim dizer, 'estericamente' em uma paixão direcionada a um algoz, este que se sustenta através de suposto direito de ser nosso juiz sádico.
Portanto, essa solidão retroalimenta uma angustia tamanha que assassina a saudade do futuro, de forma que  nos comportamos como se reduzindo ao corpo, e pode assim, ensinar-nos a sofrer como meio para obter prazer.
 Este estado  é diferente da solidão criativa, aquela que dela aprendemos tirar proveito  quando é apenas acessada através da inteligência emocional.
Essa inteligência também serve para entender a solidão criativa ou não de  um filho com Transtorno do Espectro Autista - TEA, através da linguagem escrita no corpo de cada um dele.
Essa escrita nos demanda maior liberdade à pessoa com seu peculiar autismo e, como cada pessoa que com ele convive, permite o conhecer e favorecer sua autonomia, mas também, traz a marca que todos esses marcam nesse corpo que possivelmente pouco pertence a pessoa com TEA. Pois, eles aos poucos se reconhecem e precisam se ajudados a esse encontro consigo mesmo, quem sabe que assim, acessamos a alma, vida social e espiritual. 
Afirmo isso contando com a hipótese de que da solidão da pessoa com autismo é de onde ele se libertará da prisão de um desejo alheio a ele que o impede se regozijar consigo mesmo. Afinal é o biologismo que o acusa de doente, que alimenta os preconceitos da ignorância popular, manobra o bem estar das famílias, acusam as mães e aprisionam pessoas com o espectro com um discurso de "cientificismo".
Por outro lado, essas pessoas que são enquadradas no TEA em sua solidão podem se encontrar consigo desde que apoiado em seu auto processo, o que pode promover revoluções em si, em família, comunidade, sociedade em fim, quando todos são libertos desse discurso cientificista arrogante.
Mas só  se o rótulo "doente" não o aprisionar em si, acoado devido o desejo do outro de que ele se cure do que ninguém ainda consegue nominar. Apenas porque ele assume sua diferença de maneira explícita. 
Entretanto, como disse, se pacientemente for acolhido, entendido em suas falas corpóreas e, em seus desejos serem levados  a potencializá-los no seio familiar a sociedade o acolherar como um gênio, ou autodidata, ou ainda um estranho que venceu suas diferenças, ou seja qual for o eufemismo que essa sociedade invente. O importante a ser vencido é como cada modo diferente de viver e sentir ainda é proibidamente doentio virando sinônimo de sofrimento.
Todavia, essa prisão do desejo dessa sociedade é tão cruel, fria e calculista, que não sei outra forma mais louca de que é a prisão do desejo dela querer todos iguais, como se fossemos feitos em série, ou seja, pré-moldados para desejar consumir o único modelo de viver, o capitalista.
Até isso o ser humano enquadrada no TEA nos faz refletir que temos que viver e lutar pelo direito de desejo mais íntimo, mesmo que este pareça loucura, pois que somos se não nossos desejos. 

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