JOÃO PAULO LINHARES
36 anos,
pai de autista de 4 anos de idade.
Antes do
diagnóstico, nosso filho não era uma criança que se comunicava normalmente,
havia um atraso na linguagem, com um comportamento intolerante, muito sensível
ao “não”, observamos que não era comum, até então, sua professorinha do nível 1
(com idade inferior ou igual aos 2 aninhos) havia nos avisado que ele não se
sentava na rodinha com os amiguinhos por vontade própria.
Decidimos,
então, procurar um especialista, pois sua pediatra não acreditava em autismo
até o momento. Com o neuropediatra foi diagnosticado aos dois anos e meio,
descobrimos o que é ter um filho autista.
Esse
diagnóstico significou muito, pois acreditamos num bom prognóstico, uma vez
que, foi feito de forma precoce. Claro que naquele instante não sabíamos o que
fazer. Comunicamos às pessoas mais próximas para que pudéssemos contar com sua
ajuda e compreensão e até como forma de desabafo para colocarmos fora uma
angústia que nos tomou conta a partir daquele dia.
Assim como todo pai e toda mãe, na hora em que recebemos a notícia,
ficamos sem chão, pois ninguém quer ter um filho fora do "típico". Graças
a Deus, nosso filho não passou por nenhum tipo de constrangimento, pois sempre
que chegamos a algum local “estranho”, comunicamos que ele é autista e até hoje
ele foi muito bem recebido. Apenas temos o cuidado de não o levar para locais
que possa fazê-lo se sentir mal, como locais fechados, de muito barulho,
dizemos que normalmente, ele é quem escolhe.
Entramos em contato com diversas pessoas que tinham passado pela
experiência, ficamos preocupados no que fazer, a quem deveríamos levar. A
preocupação é tamanha que não temos segurança em ninguém, e nem em nossos
próprios atos.
O medo de errar é e sempre foram grande, alguns passaram no que se
refere a sua idade, seu desenvolvimento, podemos dizer que através de estudo, pesquisas
veem como luz no fim do túnel.
Encontramos sempre pessoas dispostas a ajudar. Hoje em dia os medos são
inerentes ao seu futuro, os quais acredito que são comuns a nós pais.
Contudo, acho que a maior
aprendizagem foi saber que, se tem algo que estamos fazendo certo, é o de AMAR.
Nosso filho tem nos ensinado que amar não é só dizer “te amo”, e sim ser muito mais intenso e
profundo, pois ele
nos mostra que confiar em sua vida e sua alegria sem nenhuma condição de falsidade,
ou tristeza sem fingimento, é muito verdadeiro e em retribuição
recebemos através de seu
olhar, seus gestos e atitudes toda sua vitalidade e vida.
Isso garante o melhor futuro
possível. Sabemos que pelo amor faremos o que for possível, ou o que estiver em
nosso alcance. Esse alívio na consciência nós carregamos, a de ter um filho atípico sadio e de uma beleza
perfeita.
Eu, na verdade, não faço ideia de como é o comportamento de outros pais
com seus filhos autistas, sei que meu amor por meu filho me move a fazer coisas
que eu não pensei que pudesse. Até mudar o rumo de minha vida se preciso for,
ele me dá força, pois já fez isso, parece que para isso ele nasceu. Sou um farmacêutico bioquímico que queria mudar de
profissão e não tinha garra, ou motivação. Hoje ele me deu o que precisava,
estímulo de viver e de poder amar mais.
No meu quinto ano de Engenharia, vejo que tudo é possível para fazê-lo
feliz e me fazer completo como pai. Às vezes me pego respirando e lembrando que
respiro por ele e para ele, com muito desejo de mudar um quadro de preconceitos
que muitos por aí passam.
Hoje posso agradecer a Deus pelo presente que me foi dado. Na verdade,
tive dois filhos onde um deles é especial e o outro quando presente ajuda a dar o que seu irmão
precisa, ou seja, amor, carinho, atenção e cuidados.
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