Sigo com reflexões junto aos pais e
cuidadores. Agora, parafraseio Norberto Bobbio, autor que diz não ser
salutar ter preconceito de ter preconceito.
Preconceito e discriminação são
distintos, pois esta é perniciosa à sociedade. O preconceito, por sua vez, tem
algo de útil, serve para diferenciar uma pessoa das demais e também
é anterior a agressão. Portanto, podemos aprender com preconceito em evitar
que ele vire tolerância, que é face da indiferença, omissão.
Esta é uma das faces da violência,
violento é não perceber o outro em seu total biopsicossocial e espiritual.
Enquanto amar, é aceitar o processo de desenvolvimento qualitativo
e dele nasce o livre arbítrio, que por sua vez, é a base do nosso
destino.
Não se rendam ao determinismo desta
sociedade onde incomum e atípico são rotulados de doentes, patológicos e
assim segregados.
Quando nos conhecemos, aceitamos nossa
humilde condição humana. Assim temos maiores probabilidades de desenvolvimento
positivo e de não ver negativismo nos preconceitos, pois estes revelam
desconhecimentos de causa; como também nos dá a possibilidade de não sofrer
ante o agressor, pois quem agride precisa encontrar paz. Diante destes, então,
temos a chance de promover a cultura de paz.
E, então, não absolva as coisas
destruidoras que vem destes. Por outro lado, ame como prática da aceitação da
condição humana que nos é permitida. Não apenas tolerar, porque, ao suportar nega-se
o sofrer diante do diferente e isso é porta para futura violação, pense em um
animal acuado, pronto para atacar! Tolerar é manter um ciclo vicioso, esse
comportamento nega o diálogo, portanto, não agrega mais atores a nossa causa,
mantém "neutros" indiferentes, eis o desamor.
Junto às diferentes formas de interagir de
pessoas atípicas, por exemplo, aprende-se a amar a beleza humana que está na
diversidade, pois somos uma diversidade de direitos iguais. Isso fica evidente quando
atípicos nos ensinam a variedade de modos de viver intensamente, em suas lutas
diárias. Ao aceitá-los como são e, não como gostaríamos que fossem, evoluímos a
seres biopsicossociais e espirituais.
Pensemos na estereotipia, que pode doar
prazer e alívio ao filho, que queremos pará-la sem ao menos nos perguntar
se é prazeroso, porque pensamos no preconceito que ele pode sofrer.
Mas, depois de nos permitir escutar/
entender/ amar o filho, dentro de nós, pode-se viver a homeostase (equilíbrio)
entre o desejo do filho, expresso na estereotipia e a nossa liberdade
dos preconceitos, deixando fluir a autonomia destes revolucionaremos o
mundo a partir de nós.
E, portanto, entenderemos porque fomos presenteados
com o privilégio do convívio com seres evoluídos como um atípico, pois
os fracos vivem e só privilegiados amam, por estarem abertos ao
mistério do novo de cada diversidade que é um autista.
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