terça-feira, 28 de julho de 2015

Lidando com o preconceito vivido pelo autista.


Sigo com reflexões junto aos pais e cuidadores. Agora, parafraseio Norberto Bobbio, autor que diz não ser salutar ter preconceito de ter preconceito. 
Preconceito e discriminação são distintos, pois esta é perniciosa à sociedade. O preconceito, por sua vez, tem algo de útil, serve para diferenciar uma pessoa das demais e também é anterior a agressão. Portanto, podemos aprender com preconceito em evitar que ele vire tolerância, que é face da indiferença, omissão.
Esta é uma das faces da violência, violento é não perceber o outro em seu total biopsicossocial e espiritual.  Enquanto amar, é  aceitar o processo de desenvolvimento qualitativo e  dele nasce o livre arbítrio, que por sua vez, é a base do nosso destino.
Não se rendam ao determinismo desta sociedade onde incomum e atípico são rotulados de doentes, patológicos e assim segregados.
Quando nos conhecemos, aceitamos nossa humilde condição humana. Assim temos maiores probabilidades de desenvolvimento positivo e de não ver negativismo nos preconceitos, pois estes revelam desconhecimentos de causa; como também nos dá a possibilidade de não sofrer ante o agressor, pois quem agride precisa encontrar paz. Diante destes, então, temos a chance de promover a cultura de paz.
E, então, não absolva as coisas destruidoras que vem destes. Por outro lado, ame como prática da aceitação da condição humana que nos é permitida. Não apenas tolerar, porque, ao suportar nega-se o sofrer diante do diferente e isso é porta para futura violação, pense em um animal acuado, pronto para atacar! Tolerar é manter um ciclo vicioso, esse comportamento nega o diálogo, portanto, não agrega mais atores a nossa causa, mantém "neutros" indiferentes, eis o desamor.
Junto às diferentes formas de interagir de pessoas atípicas, por exemplo, aprende-se a amar a beleza humana que está na diversidade, pois somos uma diversidade de direitos iguais. Isso fica evidente quando atípicos nos ensinam a variedade de modos de viver intensamente, em suas lutas diárias. Ao aceitá-los como são e, não como gostaríamos que fossem, evoluímos a seres biopsicossociais e espirituais.
Pensemos na estereotipia, que pode doar prazer e alívio ao filho, que queremos pará-la sem ao menos nos perguntar se é prazeroso, porque pensamos no preconceito que ele pode sofrer. 
Mas, depois de nos permitir escutar/ entender/ amar o filho, dentro de nós, pode-se viver a homeostase (equilíbrio) entre o desejo do filho, expresso na estereotipia e a nossa liberdade dos preconceitos, deixando fluir a autonomia destes revolucionaremos o mundo a partir de nós.
E, portanto, entenderemos porque fomos presenteados com o privilégio do convívio com seres evoluídos como um atípico, pois os fracos vivem e só privilegiados amam, por estarem abertos ao mistério do novo de cada diversidade que é um autista.


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