quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A mãe que se liberta do autismo.


Suponho está caminhando com vocês a uma possível liberdade para pais e filhos, assim em Laura Gutman em O Poder do Discurso Materno entendo o discurso que  não é de alguém específico, ao menos conscientemente – pois, ele é a prisão do papel social que escraviza“a conduta humana – é a submissão infantil na qual permanecemos, em consequência do poder do discurso materno”.
Poderás perguntar como atinge aos genitores de autistas, alguns inconscientes adoecidos não enxergam o filho e, sim o Transtorno (TEA) e como muitos deles serão dependentes até seus últimos dias, estes pais esquecem que não são eternos para sempre os protegerem.
Mas não podemos equivocadamente apontar erros, pelo contrário, sabemos que as mulheres são as vítimas da odiosa ideologia que aprisiona a todos inclusive os algozes, os homens machistas que são os que mais morrem vítimas de sua própria ignorância:
“Todos nós – nascidos em uma sociedade patriarcal na qual o cuidado e o amor realmente não têm espaço – vivemos infâncias desprotegidas, submetidos a ordens repressivas burras, e dependentes de mães por sua vez submetidas a seus próprios medos e rigidezes afetivas. Assim crescemos: muito necessitados de cuidados. Então, quando viramos adultos e temos problemas, da ordem que sejam, pretendemos que alguém os resolva para nós (como esperam as crianças em relação aos adultos). Por isso somos tão viciados em soluções mágicas”
Temos que nos libertar dos ciclos das diversas faces da violência, pois sabendo que os lares são lugares vis e perigosos e quase sempre culpamos as mulheres “maioria dos casos nos referimos à mamãe. Então continuaremos alinhando nossas ideias e nossos preconceitos em relação direta com o ponto de vista de nossa mãe.” Mas, esse discurso covarde, serve apenas para mascarar nossa necessidade de aceitar a mútua dependência que temos com todo parente.
O autista é para mim o maior indicador disso, como um Transtorno nos faz confrontar com nossa mediocridade. Penso que o atípico não encontra em nossa sociedade estímulo para acatar os nossos discursos limitados, são tão evoluídos que preferem suas percepções a todas nossas mentiras construídas para nos escravizar mutualmente.
“Dissemos que a consciência só recorda o que é nomeado. Isso significa que, se nos acontece algo que ninguém nomeia, não recordaremos (…)Portanto, até mesmo se nos aconteceu algo bem concreto, doloroso, sofrido, triste ou ofensivo, a consciência não lembrará. Porque não houve palavras. (...). Podemos ter vivido algo e não lembrar. E, ao contrário, podemos não ter vivido algo e, no entanto, se foi nomeado por alguém importante durante nossa infância, lembrar disso como se fosse uma verdade inquestionável. ”
Então concluo, dizendo que a mãe para não aprisionar o filho a seus medos de sermos faltantes, precisa aceitar suas verdades doloridas. Enfim, sair da sua própria prisão por excelência, aquela da mentira que alimenta toda a forma de relação desigual de poder, como a de gênero onde erradamente aprendemos que nossos filhos, mesmos os autistas são dependentes.
Texto base: Gutman, Laura - O poder do discurso materno: introdução à metodologia de construção da biografia humana / Laura Gutman; tradução Lizandra Magon de Almeida – 1. ed. – São Paulo : Ágora, 2013.

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