Suponho está caminhando
com vocês a uma possível liberdade para pais e filhos, assim em Laura Gutman em O
Poder do Discurso Materno – entendo
o discurso que não é de alguém
específico, ao menos conscientemente – pois, ele é a prisão do papel social que
escraviza“a conduta humana – é a
submissão infantil na qual permanecemos, em consequência do poder do discurso
materno”.
Poderás perguntar como atinge
aos genitores de autistas, alguns inconscientes adoecidos não enxergam o filho e, sim o Transtorno (TEA) e como
muitos deles serão dependentes até seus últimos dias, estes pais esquecem que não são eternos para sempre os protegerem.
Mas
não podemos equivocadamente apontar erros, pelo contrário, sabemos que as
mulheres são as vítimas da odiosa ideologia que aprisiona a todos inclusive os
algozes, os homens machistas que são os que mais morrem vítimas de sua própria
ignorância:
“Todos
nós – nascidos em uma sociedade patriarcal na qual o cuidado e o amor realmente
não têm espaço – vivemos infâncias desprotegidas, submetidos a ordens
repressivas burras, e dependentes de mães por sua vez submetidas a seus
próprios medos e rigidezes afetivas. Assim crescemos: muito necessitados de
cuidados. Então, quando viramos adultos e temos problemas, da ordem que sejam,
pretendemos que alguém os resolva para nós (como esperam as crianças em relação
aos adultos). Por isso somos tão viciados em soluções mágicas”
Temos
que nos libertar dos ciclos das diversas faces da violência, pois sabendo que
os lares são lugares vis e perigosos e quase sempre culpamos as mulheres “maioria dos casos nos referimos à mamãe.
Então continuaremos alinhando nossas ideias e nossos preconceitos em relação
direta com o ponto de vista de nossa mãe.” Mas, esse discurso covarde,
serve apenas para mascarar nossa necessidade de aceitar a mútua dependência que
temos com todo parente.
O
autista é para mim o maior indicador disso, como um Transtorno nos faz
confrontar com nossa mediocridade. Penso que o atípico não encontra em nossa
sociedade estímulo para acatar os nossos discursos limitados, são tão evoluídos
que preferem suas percepções a todas nossas mentiras construídas para nos
escravizar mutualmente.
“Dissemos
que a consciência só recorda o que é nomeado. Isso significa que, se nos
acontece algo que ninguém nomeia, não recordaremos (…)Portanto, até mesmo se
nos aconteceu algo bem concreto, doloroso, sofrido, triste ou ofensivo, a
consciência não lembrará. Porque não houve palavras. (...). Podemos ter vivido algo
e não lembrar. E, ao contrário, podemos não ter vivido algo e, no entanto, se
foi nomeado por alguém importante durante nossa infância, lembrar disso como se
fosse uma verdade inquestionável. ”
Então
concluo, dizendo que a mãe para não aprisionar o filho a seus medos de sermos
faltantes, precisa aceitar suas verdades doloridas. Enfim, sair da sua própria
prisão por excelência, aquela da mentira que alimenta toda a forma de relação
desigual de poder, como a de gênero onde erradamente aprendemos que nossos
filhos, mesmos os autistas são dependentes.
Texto base: Gutman,
Laura - O poder do discurso materno: introdução à metodologia de construção da biografia
humana / Laura Gutman; tradução Lizandra Magon de Almeida – 1. ed. – São Paulo
: Ágora, 2013.
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