domingo, 23 de agosto de 2015

LILIANNE e Sua Amiga da Sabedoria!


A descoberta do autismo para nós, diferente de muitos pais, veio como um alívio. Desde um ano de idade percebemos algumas diferenças entre o desenvolvimento de Sofia e outras crianças.
Nossa filha, que seu nome significa “amiga da sabedoria”, apresentava crises, onde chegava a se machucar e isso era muito angustiante para nós, além do sono agitado e inconstante... De acordo com a pediatra o motivo para esse comportamento seria o fato dela conviver em um ambiente com mais adultos e ser criada com a avó (detalhe pois moramos todos juntos), em determinada ocasião recomendou que a solução seria que nós nos mudássemos.
Com o passar do tempo Sofia não olhava nos nossos olhos, não pedia as coisas nem perguntava, se desejava algo ela mesmo ia e pegava ou pegava nossa mão e levava para onde queria...  Aliás, perguntava apenas o que já sabia...
Foi momento em que foi sugerido colocá-la na escola em tempo integral...Aí a coisa piorou, não sentia interesse em brincar com outras crianças, preferia a interação com adultos e entrava em crise cada vez que na hora do almoço era obrigada a dormir...Dormir nunca foi um forte dela, 5minutos de olhos fechados era o suficiente para recarregar toda aquela energia... Os anos passando e nada mudava, as crises passavam a aumentar inclusive se machucava e nos machucava, gerando momentos angustiantes para nós...
Apesar do amor pelos desenhos (DVD)  os quais sabia todas as frases e repetia com tanta propriedade (ecolalia) não suportava ir ao teatro por causa do barulho e multidão, era crise na certa. Sair com ela não estava sendo fácil pois não sabíamos o que fazer nem entender o motivo daquele comportamento...
Aí fomos indicados a profissionais especialistas, uma Neuropediatra que, apenas olhou  pra ela e, disse que ela não tinha nada e era comportamental ,encaminhando  para uma outra médica especialista em desenvolvimento infantil que deu a mesma informação enfatizando a criação. Nesse momento não sabíamos o que fazer a culpa daquele comportamento era NOSSA e nada que fizéssemos mudava a situação. Passamos então a acreditar nas MÉDICAS e a achar que a culpa era nossa, ou seja, má criação e começamos a enfrentar, obrigar olhar nos olhos, castigo quando crise etc...Mas, mais uma vez nada deu certo, estávamos sem saber o que fazer, éramos pais terríveis então... Até que um dia indicaram o CAPS infantil ( Centro de Atenção Psicossocial  Infantil) de minha cidade e a levamos até lá...
Inicialmente passamos por uma triagem que marcou para a avaliação multiprofissional (interdisciplinar). Geralmente só precisava de um encontro, mas com Sofia foi diferente, ela se comunicava razoavelmente bem, não apresentou crise no primeiro e olhava nos olhos entre outros requisitos...Até que na última avaliação ela entrou em crise e iniciamos o acompanhamento.
Lá no CAPS i ela não aceitou de início participar das atividades, não entrava para a oficina porque não aceitava ficar sozinha sem nós, nem com a crianças então eu (mãe) ficava fora empurrando ela num pneu (era o único atrativo que tinha do lado de fora), mas não desistimos...Passava  40 minutos com ela lá para que ela entendesse que era hora da terapia, e assim foram 2 meses até que um dia ela entrou... Passamos 1 ano fazendo acompanhamento sem diagnóstico, todavia, estimulando de todas as maneiras possíveis sempre recomendado pela psiquiatra q a acompanha até hoje, após um ano ela fechou o diagnóstico em TEA, mas para nós não importou o diagnóstico e, sim toda a orientação que tivemos e até hoje temos para ajudar nossa filha. Hoje não estamos mais no escuro e isso nos alegra muito, Sofia estuda em escola regular, faz natação, participa de competições, vai ao shopping, teatro e cinema, leva uma vida normal, às vezes com recaídas, mas faz parte. Claro que como todos os pais temos um tempo de questionamentos, de como será o futuro, mas logo lembramos cada coisa a seu tempo.


Lilianne Monteiro 31 anos e Hugo Santos 33 anos.

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