
A descoberta do autismo para nós,
diferente de muitos pais, veio como um alívio. Desde um ano de idade percebemos
algumas diferenças entre o desenvolvimento de Sofia e outras crianças.
Nossa filha, que seu nome significa
“amiga da sabedoria”, apresentava crises, onde
chegava a se machucar e isso era muito angustiante para nós, além do sono
agitado e inconstante... De acordo com a pediatra o motivo para esse
comportamento seria o fato dela conviver em um ambiente com mais adultos e ser
criada com a avó (detalhe pois moramos todos juntos), em determinada ocasião recomendou
que a solução seria que nós nos mudássemos.
Com o passar do tempo Sofia não
olhava nos nossos olhos, não pedia as coisas nem perguntava, se desejava algo
ela mesmo ia e pegava ou pegava nossa mão e levava para onde queria... Aliás, perguntava apenas o que já sabia...
Foi momento em que foi sugerido
colocá-la na escola em tempo integral...Aí a coisa piorou, não sentia interesse
em brincar com outras crianças, preferia a interação com adultos e entrava em
crise cada vez que na hora do almoço era obrigada a dormir...Dormir nunca foi
um forte dela, 5minutos de olhos fechados era o suficiente para recarregar toda
aquela energia... Os anos passando e nada mudava, as crises passavam a aumentar
inclusive se machucava e nos machucava, gerando momentos angustiantes para
nós...
Apesar do amor pelos desenhos
(DVD) os quais sabia todas as frases e
repetia com tanta propriedade (ecolalia) não suportava ir ao teatro por causa
do barulho e multidão, era crise na certa. Sair com ela não estava sendo fácil
pois não sabíamos o que fazer nem entender o motivo daquele comportamento...
Aí fomos indicados a
profissionais especialistas, uma Neuropediatra que, apenas olhou pra ela e, disse que ela não tinha nada e era
comportamental ,encaminhando para uma
outra médica especialista em desenvolvimento infantil que deu a mesma
informação enfatizando a criação. Nesse momento não sabíamos o que fazer a
culpa daquele comportamento era NOSSA e nada que fizéssemos mudava a situação. Passamos
então a acreditar nas MÉDICAS e a achar que a culpa era nossa, ou seja, má
criação e começamos a enfrentar, obrigar olhar nos olhos, castigo quando crise
etc...Mas, mais uma vez nada deu certo, estávamos sem saber o que fazer, éramos
pais terríveis então... Até que um dia indicaram o CAPS infantil ( Centro de
Atenção Psicossocial Infantil) de minha
cidade e a levamos até lá...
Inicialmente passamos por uma
triagem que marcou para a avaliação multiprofissional (interdisciplinar).
Geralmente só precisava de um encontro, mas com Sofia foi diferente, ela se
comunicava razoavelmente bem, não apresentou crise no primeiro e olhava nos
olhos entre outros requisitos...Até que na última avaliação ela entrou em crise
e iniciamos o acompanhamento.
Lá no CAPS i ela não aceitou de início
participar das atividades, não entrava para a oficina porque não aceitava ficar
sozinha sem nós, nem com a crianças então eu (mãe) ficava fora empurrando ela
num pneu (era o único atrativo que tinha do lado de fora), mas não desistimos...Passava 40 minutos com ela lá para que ela entendesse
que era hora da terapia, e assim foram 2 meses até que um dia ela entrou...
Passamos 1 ano fazendo acompanhamento sem diagnóstico, todavia, estimulando de
todas as maneiras possíveis sempre recomendado pela psiquiatra q a acompanha
até hoje, após um ano ela fechou o diagnóstico em TEA, mas para nós não
importou o diagnóstico e, sim toda a orientação que tivemos e até hoje temos
para ajudar nossa filha. Hoje não estamos mais no escuro e isso nos alegra
muito, Sofia estuda em escola regular, faz natação, participa de competições,
vai ao shopping, teatro e cinema, leva uma vida normal, às vezes com recaídas,
mas faz parte. Claro que como todos os pais temos um tempo de questionamentos,
de como será o futuro, mas logo lembramos cada coisa a seu tempo.
Lilianne Monteiro 31 anos e Hugo
Santos 33 anos.
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