terça-feira, 11 de agosto de 2015

Dia de Mãe-pai é todo dia

Antes de ser psicólogo, fui filho de pai ausente e de mãe de dupla função até meus 8 anos. E, agora como filho órfão, sei o peso desta falta. Sobretudo, para nós homens que temos nele o referencial de ideal, mesmo que amanhã o pai nos frustre, sempre será nosso herói.
Assim foi com o meu, antes do seu falecimento tornou-se onipresente quando me pediu perdão por sua ausência, sarando o que doía. Tudo que aprendi desta falta, convergiu a ele como ideal. Sei que quando as mães atuam como pai, elas ficam mais fortes, todavia, sozinhas tendem a adoecer mais e nesse contexto, algumas se tornam invisíveis, nem o filho aparece apenas o autismo, como rótulo de dependência.
Precisa ela então do companheiro para perceber a mulher desejada e de desejo,  que ela pode ter esquecido que é devido a atenção redobrada com as questões dos filhos. Portanto, homens não sejam pais apenas nesta data alusiva, sejam mais que genitores sejam, parceiros que as amam. E se tens um autista perceba quanto ele pode ser seu espelho, ao passo que se deixa aprender com o filho a ser mais que pai, um amigo. O autismo é um comportamento tão sadio baseado na aceitação da condição humana que revela a importância do viver.
Foi assim comigo, os contextos sociais me ensinaram a duro preço, as aventuras perigosas que vivi sem a proteção paterna, por sua vez, os autistas dificilmente se contaminam a certos riscos que afeta até a família mais estruturada afetivamente. Sei que se eu continuasse a ter mãe com dupla função, provavelmente seria menos prejudicado, mas provavelmente comprometeria a qualidade de vida dela.
Todavia, mesmo nas famílias carentes dessa estrutura afetiva, para além de genitor, o pai é um referencial que, no caso do autista, é indispensável porque o Espectro acomete mais aos homens, então, a função paterna evidencia sua importância, pois ela representa o “não” que ensina a sociabilidade. Enquanto a mãe devido o que socialmente ainda é construído para a mulher é a subordinação às regras machistas por isso a maternidade nem sempre sabe usar a negação, chega a sufocar o autista com tanta atenção, então, limites são necessários, tanto ao filho, como a genitora.
Então, a genitora partilhando com pai, pode evidenciar virtudes e não limitar o filho. E os três poderão viver mais qualitativamente, porque o que pesa no autismo são as emoções não entendidas na expressão estereotipada,Enquanto a cuidadora não percebe os limites e tutelam demais o autista, o pai mais ausente pode levar a mãe a perceber o excesso.
Assim, os pais podem se valorizar, com sua presença forte e amorosa. E, portanto, perceberem a porções de carinho, emoção e amor que as estereotipias são carregadas, que não são direcionadas apenas aos pais e sim louvores a tudo que é atraente ao filho com Espectro, e é isso que temos que nós tornar a eles, nós homens, cativantes.
Entretanto, o autista é intenso para uma mãe vivenciar sozinha, mas as que são mãe e pai - são batalhadoras, vigilantes e fortes – e assim aprendem que do filho com TEA exala muita vitalidade e  por ele ser mais evoluído não usa nossa comunicação devido a nossa precária linguagem, frustram a quem não entende que existe tantas outras formas de se expressar, assim, aos mais carentes de meias verdades que se assustam de tamanha pureza.
Pois a mulher entende mais a linguagem afetiva, o homem a racional, o filho com Espectro Autista fala estas duas e tantas outras e, quando escolhe um alvo afetivo, convive profundamente com puro nas várias expressões. Portanto, eis oportunidade para o pai ir além de provedor, a possível evolução nessa convivência: pureza. 

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