Antes de ser
psicólogo, fui filho de pai ausente e de mãe de dupla função até meus 8 anos.
E, agora como filho órfão, sei o peso desta falta. Sobretudo, para nós homens
que temos nele o referencial de ideal, mesmo que amanhã o pai nos frustre,
sempre será nosso herói.
Assim foi
com o meu, antes do seu falecimento tornou-se onipresente quando me pediu
perdão por sua ausência, sarando o que doía. Tudo que aprendi desta falta,
convergiu a ele como ideal. Sei que quando as mães atuam como pai, elas ficam
mais fortes, todavia, sozinhas tendem a adoecer mais e nesse contexto, algumas
se tornam invisíveis, nem o filho aparece apenas o autismo, como rótulo de
dependência.
Precisa ela
então do companheiro para perceber a mulher desejada e de desejo, que ela pode ter esquecido que é devido a
atenção redobrada com as questões dos filhos. Portanto, homens não sejam pais
apenas nesta data alusiva, sejam mais que genitores sejam, parceiros que as
amam. E se tens um autista perceba quanto ele pode ser seu espelho, ao passo que
se deixa aprender com o filho a ser mais que pai, um amigo. O autismo é um
comportamento tão sadio baseado na aceitação da condição humana que revela a
importância do viver.
Foi assim
comigo, os contextos sociais me ensinaram a duro preço, as aventuras perigosas
que vivi sem a proteção paterna, por sua vez, os autistas dificilmente se
contaminam a certos riscos que afeta até a família mais estruturada
afetivamente. Sei que se eu continuasse a ter mãe com dupla função,
provavelmente seria menos prejudicado, mas provavelmente comprometeria a
qualidade de vida dela.
Todavia,
mesmo nas famílias carentes dessa estrutura afetiva, para além de genitor, o
pai é um referencial que, no caso do autista, é indispensável porque o Espectro
acomete mais aos homens, então, a função paterna evidencia sua importância,
pois ela representa o “não” que ensina a sociabilidade. Enquanto a mãe devido o
que socialmente ainda é construído para a mulher é a subordinação às regras
machistas por isso a maternidade nem sempre sabe usar a negação, chega a
sufocar o autista com tanta atenção, então, limites são necessários, tanto ao
filho, como a genitora.
Então, a
genitora partilhando com pai, pode evidenciar virtudes e não limitar o filho. E
os três poderão viver mais qualitativamente, porque o que pesa no autismo são
as emoções não entendidas na expressão estereotipada,Enquanto a cuidadora não
percebe os limites e tutelam demais o autista, o pai mais ausente pode levar a
mãe a perceber o excesso.
Assim, os
pais podem se valorizar, com sua presença forte e amorosa. E, portanto,
perceberem a porções de carinho, emoção e amor que as estereotipias são
carregadas, que não são direcionadas apenas aos pais e sim louvores a tudo que
é atraente ao filho com Espectro, e é isso que temos que nós tornar a eles, nós
homens, cativantes.
Entretanto, o
autista é intenso para uma mãe vivenciar sozinha, mas as que são mãe e pai -
são batalhadoras, vigilantes e fortes – e assim aprendem que do filho com TEA
exala muita vitalidade e por ele ser mais
evoluído não usa nossa comunicação devido a nossa precária linguagem, frustram a
quem não entende que existe tantas outras formas de se expressar, assim, aos
mais carentes de meias verdades que se assustam de tamanha pureza.
Pois a
mulher entende mais a linguagem afetiva, o homem a racional, o filho com
Espectro Autista fala estas duas e tantas outras e, quando escolhe um alvo
afetivo, convive profundamente com puro nas várias expressões. Portanto, eis
oportunidade para o pai ir além de provedor, a possível evolução nessa
convivência: pureza.
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