sábado, 22 de agosto de 2015

História de vida de um Vitorioso!



Meu nome é Juliana, tenho 34 anos e sou Pedagoga e especialista em Psicopedagogia.Tenho um filho de sete anos, o seu nome significa Vitorioso!
A gestação desde o início mostrou características atípicas a uma gravidez normal; ameaça de aborto, em seguida parto prematuro e placentite aguda aos 6 meses.
Vitorioso nasceu aos 8 meses, com baixo peso, mas com  todas as funções vitais completamente normais; não sendo necessário a ida à UTI.
Seu desenvolvimento ocorreu de forma natural e absolutamente sem intercorrências. A não ser pelo fato de ele ser uma criança altamente birrenta.
Porém como toda mãe, achei que fosse uma questão de personalidade forte!
E assim nossa vida foi seguindo normalmente, até que aos 2 anos comecei a perceber comportamentos fora dos padrões comuns de uma criança. Ou seja, aos dois anos meu filho não falava absolutamente nada! Nem sequer um simples “mamã”!
Fazendo um comparativo com as crianças nas quais eu convivia na escola, percebi que algo estava errado. E deixei de lado meu olhar mãe para dar lugar ao olhar Pedagoga.  E nesse contexto percebi um olhar distante, birras e alguns movimentos que se repetiam sempre, principalmente em momentos de ansiedade, e mais pra frente descobri que eram os chamados movimentos estereotipados.
Com o sexto sentido avisando que algo não estava funcionando bem procurei uma Fonoaudióloga que fez uma avaliação e me sugeriu pesquisar sobre Autismo.
Oi? Au o que? Essa foi minha reação!
Bom, de fato pesquisei e saí lendo e conversando com todas as pessoas da área. E em cada conversa eu recebia um diagnóstico. TGD( Transtorno Global do Desenvolvimento) , TEA ( Transtorno do Espectro Autista), ASPERGER... Enfim, muitos doutores para muitas dúvidas!
Fomos fazer o correto então, procurar uma NEUROPEDIATRA, que de início deu seu diagnóstico: NADA!  Meu filho não tinha NADA!
Inconformados iniciamos uma verdadeira batalha em busca de uma resposta. E essa resposta demorou muitos anos para chegar.
Mas, chegou e junto com ele,  meu marido e eu vivenciamos o momento de luto, aquele momento em que você mata as expectativas criadas naquele bebê perfeito, o tal sonhado bebê “Johnson”. Quando você recebe uma notícia como esta é como se aquele bebezinho que você idealizou tivesse morrido. É um luto muito sofrido. A aceitação é muito difícil.
Nenhuma mãe, no mundo, engravida pensando em ter um filho especial. Essa possibilidade nunca é cogitada, na maioria dos casos. Mas você tem, aí, um novo bebezinho, meio desconhecido, é verdade. Mas que também vai te dar muitas alegrias
É importante enfatizar que toda mãe deve sim viver esse momento de luto, porque é a partir deste momento de negação, dor e perda que nasce a vontade de ajudar, de abraçar seu novo filho e encaminhar para uma vida normal.
Mas, voltando ao termo AUTISMO, muitas questões se falam a respeito e o mais simplificado é que autismo é um transtorno global do desenvolvimento que afeta a parte da comunicação, da socialização e do comportamento da criança e ponto!  Sem mais. E diante desta tríade nós pais devemos procurar entender e montar uma equipe que se encaixa melhor na necessidade da criança, pois as crianças não são iguais e cada uma tem uma necessidade diferente de profissionais.
Ante ao fato deve-se levar em consideração que se seu filho tem TEA, ele tem um transtorno e não uma doença! Que sim, ele pode precisar de medicação, mas continua a ser uma criança normal que traz consigo um transtorno que irá acompanhá-lo para o resto de sua vida, mas que sendo bem assistido tem total condição de seguir o ritmo normal da vida.
Em todos esses anos de busca passamos por várias terapias, vários profissionais que contribuíram para seu crescimento intelectual, porém como toda terapia, o prazo de validade se expirava e tínhamos sempre que recomeçar. E iniciar outra terapia e buscar outro profissional que estivesse mais especializado e tivesse uma abordagem melhor.
Hoje meu filho é um menino altamente socializado no meio em que vive independente carinhoso e convive normalmente como uma criança comum.
Possui sim dificuldades nas quais busco todos os dias contribuir para que ele supere todas as barreiras impostas.
Acredito fielmente que nada é por acaso e Vitorioso veio a este mundo para contribuir com sua enorme capacidade de mostrar as pessoas que somos fruto daquilo que acreditamos daquilo que fazemos e daquilo que aprendemos.

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