segunda-feira, 19 de setembro de 2016

TRÍADE DE TEXTOS PARA A PALESTRA COMO ACOLHER O AUTISMO: Texto Base 3A LIBERDADE ASSISTIDA LÚDICADe como a psicanálise pode contribuir do brincar simplório ao evoluir à socialização, do simples ao complexo.



Brincar é  fantasiar e também  é  copiar por imitação ao mundo em seu redor, portanto, a criança vive treinando para as dores do desafio de se  manter  vivo  de forma prazerosa.
O desafio da Liberdade Assistida para ser tornar lúdica, tem duas fontes, uma é  não frustar-se com a simplicidade  e desuso que a pessoa no traço dar aos objetos usando-os de forma que jugamos não socializante, mas isso só não é diretamente. Pois, com esse uso simples, as pessoas incomuns ou diferentes, assim chamo, para não cair no dilema, dos neurotípicos, atípicos, que parece-me formas diferentes ou camufladas de chamar as pessoas no traço de doentes.
A outra dificuldade é alimenta-se da anterior, mas é mais  complexa, é  a resistência  de brincar dos pais das pessoas  no traço. Pois remete a carências  e desamparos atualizados  no presente e, reforçado  na frustração  diante  dos dilemas ressuscitados  com o TEA.
Todavia, de acordo  com todos as culturas, o brinquedo é  o maior instrumento pedagógico. E no caso da pessoa no traço é mais que isso é terapêutico.
Para a psicanálise é  especialmente indispensável para acessar  e favorecer  novos frutos tirados de objetos simples  a priori a-sociais na interação  de troca, mas é no lúdico que os pais se permitem que se pode evoluir ao transformar  o simples modo de brincar  em complexo modo de estar no mundo.
Então  o maior entrave  esta em trabalhar os pais e levar estes  a perceber  que e5 no brincar  que além de acessar a fórmula  do filho viver, também  e no jogo que se vive e se protege da sobrevivência. Ali se aprende  a viver e em prazer.
Então, sendo o brinquedo, o brincar um jogo que se realiza  com o outro e só se faz com quem é confiável, eis a marca  que pode se deixar aberta para uma independência.
Sobretudo, porque, como já foi dito, o objeto  simples  é para a pessoa no traço um instrumento  terapêutico  é  porque através  dele a pessoa  alivia as suas ansiedades  e ou angústias de estar vivendo de modo diferente e até incomum de acordo com o seu desejo, acesso cultural e ou com a fase e estágio  maturacional de cada um.
Então ao se permitir brincar  os pais podem abrir  portas para a complexidade  do objeto simples. Assim favorecendo ao filho evoluir  do concreto ao abstrato, do Real ao Imaginário, podendo  ir ao Simbólico. E se simboliza, não só estar aberto a escrever, ou falar, mas o principal, desejar de modo mais evidente.




TRÍADE DE TEXTOS PARA A PALESTRA SOBRE COMO ACOLHER O AUTISMO: Texto Base 2 COMO ACOLHER O DIFERENTE?



Basicamente, como cada filho ou pessoa diferente nos ensina a lutar, não apenas pelaa mágica  liberdade, mas sim por independência, isso no inovar  na aproximação e formação  do rapport terapêutico para que cada um não sinta discriminado,  ou vivencie outras formas de violências  sofridas por cada um dos chamados  atípicos, temos que ser permitidos a ser conduzidos terapeuticamente.
Isto significa respeitar, necessariamente,  a riqueza de modos da nossa extensa, se não, eterna  diferenciação entre as pessoas em suas multidões de meios de estar no mundo.
Em um desses exemplos respeitosos em  acolher  as pessoas no traço é  observar em quais objetos simples  podem ser transformados ou favorecidos  seus usos em objetos complexos, quero dizer, aqueles instrumentos que cada um deles usam de maneira particular e pouco socializado, ao observar podemos especular meios de possibilitar a socialização através do desejo de cada pessoa no traço.
Neste procedimento, o acolher pode parecer precedido do assistir, todavia, neste último, quem escolhe ser acolhido já tem ou não,  permitido o profissional  o observar  o assistir.
É simples,  cada pessoa no traço, em determinados  ambientes mudam de acordo  com e como  estes  os afetam, pois, engana-se quem pensa que eles não  interage  ou não  modificam o mundo ao seu redor. É provável que eles façam isso, mais imediatamente  que os comuns, nós. Eles de seus modos incomuns determinam quem,  como e quando será  modificado no seio raio de interação.
Assim,  portanto, quando  o terapeuta, analista,  ou educador está  na zona de interação da pessoa no traço, essa já é como um objeto  simples, propenso  a ser usado por ela.
Entender essa fusão  do acolher  e assistir a tal pessoa é  se permitir a dinâmica  de satisfação  de desejos daquela pessoa, aí que nasce a possibilidade  de transformar o objeto  simples em complexo, ou seja, favorecer  o entendimento daquele uso incomum de um brinquedo  lúdico ou qualquer objeto incomum, possibilitando  em uma possível complexidade  para além da “esteriotipia” daquela forma de brincar.
Quero dizer por aproximação, podemos fazer que quando uma pessoa  no traço  nos usa para dar acesso  a realização  do desejo dela, podemos  visualizar meios de os frustrar com  evolutivas e pequenas negativas, sustentadas no vínculo  estabelecido, para essas pessoas elas mesmas, aos poucos na aproximação respeitosa, realize seus desejos, através  de uma liberdade a eles assistida por nós e caminhe ao encontro de uma independência.








TRÍADE DE TEXTOS PARA A PALEDTRA DE COMO ACOLHER O AUTISMO: Texto Base 1 ACOLHER OU ASSISTIR?


No atuar da psicologia, afianço que tanto acolher como assistir são posturas profissionais plausíveis e, em certo contexto específico, acolher evolui para assistir, em outros, creio, só se acolha, mas, nunca só  se assiste, sem o devido acolhimento. E, em todo processo uma troca humilde de comunicação é princípio, meio e fim.
Quero dizer que tudo nasce de uma doação mútua durante todo processo, pois, se “só sei que nada sei”, e, mesmo que o profissional tenha um “suposto saber”, este poder é um engodo, mentira que não se sustenta, sobretudo, quando lidamos com o ser humano. Por isso, fala-se em saúde de modo amplo, holístico mas também, contextual e dialética entre forças dinâmicas de contribuição partilhada.
Portanto, não mais se fala em deficiência e sim, desabilitados. Em suma, podem todos, desenvolvendo em suas limitações tornarem-se não meramente autônomos e funcionais e, sim, independentes, respeitando a riqueza de caso a caso, ou seja, parceria profissional/demandante/demandado, ou seja, técnico/pais/filhos.
Exemplo disso, é as diversas formas de adaptabilidade das pessoas no traço de em seus modos diferentes de estar vivendo, onde, de seu modo único pode surgir um poder criativo genioso, porém, o mais importante, é a salvação própria de cada um desses atípicos, a particular maneira de cada um deles lidarem com as dores e dessabores  no perigoso processo de viver. Pelo qual, cada um deles ao seu modo, não aceitam a indigna sobrevivência.
Então, para se chegar e seguir para e com a dignidade  da pessoa no traço, ou seja, assistir, necessariamente, deve-se estruturar um bom rapport, um ambiente seguro com setting dinâmico que contemple todos os possíveis  modos diferentes de ser durante o acolher.
Dele, segue-se a fórmula mais empoderadora, o assistir o paciente em sua força e vitalidade. Neste contexto, o conhecimento é perseguido para transformar ele para além da liberdade, à independência. Por isso, chamo liberdade assistida, ou seja, maneira de favorecer que as pessoas no traço possam vivenciar experimentos dentro de suas fragilidades especialmente, aquelas adaptativas ante as invasões
e violências do desejo  alheio que elas desde  cedo, não  esperam a adolescência para frustrar, provando-nos desde  já, sua autossuficiência. Tanto que a cada dia, elas subordinam às famílias aos seus desejos, até aos mais primitivos?











sábado, 13 de agosto de 2016

O DIZÍVEL

O dizível
A única função  do cuidar, creio que seja o de tornar possível  a simbolização da dor de viver e ser livre do desejo alheio, sensações  invasivas sentida por  nossos dependentes.
Enquanto eles se  permitirem a suposta  orientação,  pois prefiro exercitar uma tal de liberdade assistida, na qual, - processo que  também supõe  Ferrari, expoente contemporâneo, visivelmente baseado em Winnicott -, pode-se assistir certos ganhos para além da funcionalidade, uma certa independência.
Mas, para isso, a fim de ir além dos desejos alheios e da orientação que alcança apenas uma precária autonomia funcional, sustento fé no brincar  como viés  para ir do Imaginário  ao Simbólico ante a dura vida do e no Real.
Nisso, também, especulo  que  ao brincar,  não necessariamente, com e como concebemos  utilidades aos objetos comumente usados, especialmente  porque somos todos e temos  diferentes  maneiras de realizar e nos satisfazer  em desejos. Que não  criou usos diversos com um único objeto? E melhor,  o uso diverso  é  sinal de genialidade e não mediocridade  criativa.
Aquele  primeiro  teórico,   ao falar de quem  comumente  chamo de pessoa no traço  autista, cita a necessidade, que nos analistas temos, de ampliar nosso ponto de vista a partir da escuta do que acontece  consigo e com o outro durante  do encontro  com paciente. 
Claro  que esse encontro, brincado, é a fim de desenvolver  o Simbólico, no tocante a ajudar  aos pequenos a suportar  o Real, rascunhando do Imaginário os símbolos. Processo em que o paciente no traço  tem  que ser  observado  e favorecido a florescer. Para tanto, a intuição é  instrumento elementar. É como uma comunicação inter – inconsciente.
Neste  exercício  o lúdico deita e rola, onde  até  a ecolalia deve e pode ser provocadora ao brincar e divertir, assim sendo,  o medo ou os egoístas acertos  não  entram em questão, pois certo e errado ficou para juízes e deuses, especialmente, porque  no olhar clínico junto  a qualquer  criança, o brincar estabelece  no social  a saída  do Imaginário  através da confiança e empatia  e altruísmo sentido pela pessoa  no traço  como mecanismos  de inclusão  e pertencimento.
Mas o brincar não zombeteiro para com as ecolalias, por exemplo, mas sim para  te ter amenizar  os sentimentos dos pacientes quanto a sua participação  verbo e corporal comunicação, como também  considerando  uma forma de arqueologia  das expressões  para além  do verbal no processo comunicativo  dele em Inclusive, em ensaio-erro buscando  uma  adaptabilidade possível  a socialização, dentro e através  das emoções.
Sobretudo, que no brincar tudo é  permitido, mesmo havendo regras claras entre os brincantes respeitosas as dinâmicas  dos pares, estas regras é  base filogenética, por assim dizer, do humano  para viver como dependente um  do outro, na minha  visão  baseada em Lacan o Grande  Outro, Este como determinismo pre-onipresente, ciente e potente.
Aquele que melhor  se explica  pela cultura, onde o pai  é  tão  importante  quanto a mãe, nas divisões  de funções do e no brincar isso fica explícito, a paternidade com sinal  da lei, mecanismo  basilar para a socialização. O que  me parece falho junto às famílias de pessoas no traço(na maioria ao menos das que acompanho, falha  sobretudo, inconsciente). Enfim, para  socialização  a função  paterna  é  crucial que seja desenvolvida firme e amorosamente .
Em produção que tem muita  contribuição significativa  de Pocconi, em texto winnicotiano, falando sobre o corpo, diz que as “respostas  comportamentais insólitos  e  bizarras aos estímulos  sensoriais(...) aparentemente  incompreensíveis, sejam na verdade,   ricas de significados”, e diante  do Real apresentando  por este Grande Outro  invasor “estas  crianças utilizam para manter e proteger  certo  tipo de sistema, isolado e isolador”, no qual este amor forte presente, pode dar segurança a pessoa no traço no acesso ao pertencimento  social.
Aqui nos dispersamos  do que ela mais  a frente  vai  chamar  de “ casulo protetor “, tanto que ela, a autora reconhece  que a “criança  lança mão  de proteções manipuladoras“ ante a interrupção precoce do holding. Discordo, portanto,  pois se a criança  manipula  o meio ele interaja e adapta  a suposta da mãe suficientemente  boa. E portanto, suponho, que o Amro forte de uma paternagem, deve ser um excelente atuar para sair dos ganhos secundários nessa manipulação por parte das pessoas no traço, pois assim, prova a sua  não aceitação  a socialização, pois esta suponhe uma negação  individual  em detrimento do coletivo, ausente nas pessoas que se utilizam  da manipulação  para ter seus desejos realizados.
Aqui cabe  um adendo, quanto a essa falha. Winnicott supõe  que temos a se utilizar  de objetos transnacionais para suportar  a falta que todos temos que vivenciar  para se tornarmos quem somos. E são  estas faltas, carências deixadas pela inabilidade natural da mãe ou outra cuidadora  de nunca poder suprir todos  nossos desejos. Mas para esses  pensadores, parece-me ver as pessoas no traço  muito fortes ou frágeis   ante tais faltas. Ao  ponto  deles chamarem  de aniquilamento sentido por tais pessoas se assemelhando  ao vivido  pelos psicóticos ao lidar com o real. Não creio em estremos e sim nos contextos de como são dados a essas pessoas inserções  ao social.
Então conclui-se que não  há  culpa ante  a es a suposta  falha, pois nunca  se alimentara o desejo  por inteiro, bem como essas pessoas no traço não  se colocam encapisulada pelo  menos  de imediato.
Penso que se em suas maneiras de se adaptar e de manipular o meio encontrar pessoas suficientemente  boas para parafrasear  Winnicott pode a ajudar a suportar o peso do Real tanto na descoberta  de uma morada (corpo), gozar dele (falar), ou seja, descobrir que  ele não  é um pequeno Príncipe Tirano  e que terá  que  também  escrever seus desejos no mundo, no dizível  possível  a cada um deles, respondendo  por seu desejo e assim, escrever sua independência pessoal.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Autismo, brincar diferente: ensaio de um gênio


A importância do brincar a todas fases se fazem, por ser a melhor maneira de socialização, pois ela precedo do imaginário“O brinquedo infantil (...) permite representar o papel (...) o brinquedo ensinar a exercer    simultaneamente diversos papéis, ponde em atividade, no indivíduo, a própria interação social, permitindo-lhe colocar em lugar do outro” (pag.18).
No imaginário podemos criar e recriar sem a destruição e sofrimento comum do mundo adultocêntrico presos a status, “No campo traço da personalidade são muitas as diferenças (...) Maslow, faz notar (...) os traços da personalidade ( são) ligados aos diversos status” (pag.35-6).
Porém, na infância não somos presos ao status, como também as pessoas no traço autista não sofrem, ao menos inicialmente, com os preconceitos, talvez quando estes evoluem a discriminação em sua violência comum é que eles são mais afligidos a isso. Todavia, é pertinente citar que as discriminações são frutos sociais: pois “Muitos grupos aceitam como normal o que chamaríamos de ilusões, alucinações, histerias ou neuroses” (pag.39).
O maior alvo de discriminação as pessoas no traço autista talvez seja a ingenuidade, passividade e a docilidade, onde se camuflam preconcebidos de incapacidades cognitivas, todavia:
“Klineberg (...) os fatores ecológicos são mais importantes do que os fatores raciais (...) a noção de patrimônio psicológico inato, indispensável a interpretação dos fatos, permanece vazia de conteúdo.  (...) Certamente, é admissível que o próprio meio traga elementos materiais que contribuem para produzir os desempenhos intelectuais (...) somos induzidos a imaginar a hereditariedade como conjunto de virtualidades positivas de um indivíduo, que marcam o máximo de seus desempenhos admissíveis. ‘Mas esses limites só muito excepcionalmente  serão atingidos, nos raros caso em que o meio social (...) seja favorável” (pag. 61)
 Então, é possível que o meio cultural, que chamamos de estímulos podem ser mais promissores que as informações genéticas herdadas, se assim são também, cabe-nos sinalizar que provavelmente, ninguém nasce com uma predisposição ao autismo e, necessariamente, a desenvolva sem que seja favorecidos ou potencializados no social.
Mas, para lidar com este sociocultural, quero dizer então, que sendo o brincar um grande mecanismo criativo é mais favorável, suponho, que sendo os comportamento diferentes, manias e costumes ( que chamam de estereotipias) se forem aceitos e delas criados, mutualmente, brincadeiras dentro da dinâmica incomum da pessoa no traço autista, este se sentido respeitado, aceito e acolhido pode desenvolver habilidades, quiçá geniais e inovadoras para não só sobreviver mais ser dignamente aceitos.
 Afinal, não se conhece um gênio que não tenha sido rotulado de esquisito. Assim, 
“o habitat,  o nível econômico-social expresso pela profissão dos pais e a dimensão da família. Cingir-nos-emos aos resultados perfeitamente decisivos”.(pag. 57-9). O que me faz pensar que quanto melhor tempo e qualidade deste, no tocante dos afetos ( qualidade de vida) podem promover melhores escores (resultados), no processo de aculturação e socialização que não “se desenrolem inteiramente sem crise. O bloqueio de uma tendência, num ser vivo, acarreta um estado de tensão (...)As proibições e coerções de ordem fisiológicas produzem certamente graves frustrações (...) Não ter acesso direto às pessoas e às coisas origina também estados de ansiedade, não apenas fortemente sentido no momento, mas deixando trações duráveis” (...) Os traumatismos devidos à aculturação são mesmo capazes de provar certos efeitos (...) Um desses efeitos é ulterior reação à autoridade (...) A criança não sentirá ressentimento para com a autoridade, quando sua experiência tenha sido a de contato com os adultos que amenizavam a severidade das privações que impunham, que infligiam as frustrações com benevolência (...) Já a criança criada com brutalidade guardará, com respeito a autoridade, o ressentimento agudo que teve em relação aos pais e aos adultos em geral. Desincumbir-se-á dos mandados com hostilidade e repugnância e cada ação lhe custará um conflito interior. Conforme o temperamento, aproveitará todas as ocasiões para exprimir sua hostilidade; ou, se muito fraca ou medrosa para lutar, ficará ruminando seu agravos  e tratará de livra-se deles em atividades dolosas ou obstrutivas” ( pag. 70-1)
Então, que criança estas forjando em vossos filhos? Independente de estar ou não no traço autista, a regra é a mesma, a imitação será direcionada a autoridade que tem mais ganhos no social. Se, ages com sua companheira a coloca-la submissa, ele assim tratará a genitora e o próximo será você. E, se na escola existe uma hierarquia acentuada, ele tenderá imitar isso, aprovando regras dos adultos sobre os seus pares, porém, cada vez mais agradando a aqueles, ficando cada vez mais só, e não necessariamente anti social.
Portanto, por outro lado, para os incluir de maneira mais interativa e menos adultocêntrica, precisamos favorecer o lúdico,  o que necessariamente temos que os facilitar é brincar. Brincando, eles podem sair do Imaginário indo ao Simbólico, ou seja, podem fantasiar brincando no Real, onde desenvolvendo o brincar pode-se desenvolver o ser e o estar, portanto, aliviando a grande responsabilidade de ter em si o sopro da vida. E, assim, podendo nos ensinar a sua forma verdadeira, franca e direta de ser, talvez de maneira menos abrupta.

 ___________________________
JEAN STOETZEL, Psicologia Social, Companhia Editora Nacional, São Paulo(1972)

sábado, 9 de julho de 2016

Educar para a vida.

Se de repente  os alunos  atípicos denunciam nossas limitações, nos colocado em  cheque ante a nossa precário conhecimento sobre eles mesmos, encaramos nossos limites de conhecimento, afetam inevitavelmente a frágil estabilidade  econômica (status) e sobretudo, a  nossa precária inteligência emocional (subjetividade), especialmente se somos da rede privada de ensino.
Quero dizer que assim, eles nos confronta em nossa particular dimensão  social e psíquica  afetando somática e diretamente nossos corpos e, assim, interagimos com eles como sem regra, perdendo  nosso destino de ser o melhor no que fazemos.
É um dilema, que concerne à nossa segurança  biopsicossocioespiritual de educador e/ou de outro  qualquer  profissional  que lida com a pessoa com traço do Transtorno  do Espectro do Autismo  TEA, bem como qualquer outro  atípico.
Refiro-me de imediato  a segurança  econômica  porque  esta está diretamente ligada a atual conjuntura ideológica. Sobretudo, porque em um mundo  pós moderno, o neoliberalismo ensina que somos mais livres tanto quanto  podemos consumir, ter  em detrimento de ser. Mesmo que não concorde que nem somos, apenas estamos sendo algo em cada contexto, essa realidade da grande maioria, alienada.  Eu não sou psicólogo e ativista em direito humanos 24 horas, tem horas que nem sei o que estou sendo, principalmente para os meus pacientes, por exemplo. Logicamente, porque sei que o que estou sendo é dialetizado com quem estou partilhando em determinado  contexto em perene dinâmica.
Enfim, através do econômico nos aliena de nossas virtudes consumindo-nos, nos aprisiona em precárias percepções  errôneas de nós, de contextos e dos demais mecanismos que nos enriquecem de vida real e sapiência potencial em cada ser vivo, sobretudo, os nossos educandos, que teimamos, eufemicamente chamar de especiais.  Não nos enganemos, eles apenas sofrem devido a nossa deficiência de não os entender colocando contra eles barreiras.
Especiais são as ciências que eles desenvolvem para lidar  com esse mundo adoecedor. Basta citar aqueles educadores, ainda, alienados, educam a partir de pressupostos desumanizantes ampliando nossas diferenças como se não fossem virtudes. Estas diferenças que nos pune e nos limita e a os no traço TEA infinitamente mais.
A maioria de nós, somos, por exemplo, manipulados a um processo alienante e desumano de como são elaborados as especializações. Através delas, formamo-nos especialistas em um foco minúsculo de determinado conhecimento e, com isso, caso nos fecharmos ao universo e dinâmica  dos novos saberes, nos transformam em doutores iletrados, especialmente quando  se referimos ao ser, e muito menos a vida e para que aqui estamos e para onde viemos. Pois, sabemos muito pouco além do nada que nos especializamos.
Nesse sentido, o educador, o maior profissional e cidadão, nesta concepção de sociedade, é o mais mal remunerado, em sua dura missão  de libertar cativos da ignorância, o que mais trabalha, pois tem que estar (re) editando a todo instante suas práticas, este profissional é quem melhor  espelha a verdade de que nunca estamos prontos, que somos sempre  uma obra em desenvolvimento.
Nisso, nasce a humildade de  estar aberto permanentemente ao novo. Caso não  queira ficar ao caminho, presa fácil, também, à alienação. Mas diferente da humilhação que vivem os educadores, a humildade é que pode ajudar a nos se libertar, mas apenas se nos colocar como aberto a aprender a aprender cotidianamente com o alunado.
Por sua vez, humildade é mais indispensável quando lidamos com uma atípico. Junto a um deste fica mais evidente a célebre frase “eu sei que nada sei”. Com uma criança  com traços TEA temos que além de humildes se deixar guiar pela criança, para além do desenvolver de uma empatia e uma força  respeitosa,  amar o que se faz e a quem faz. Todavia, isso apenas se instrumento de vínculo. Ensina para a vida, através disso.
E ai surge outro mistério, a criança é quem escolhe  a que(m) se vincular. A pessoa com traço TEA introduz essa máxima, como marca de sua autonomia e sua forte interação com o meio. Tudo depende disso e, assim o escolhido, provando que eles não vivem em seu “mundinho”, ele também escolhe o que fazer, através do vínculo estabelecido, pode-se adaptar o conteúdo à dinâmica da pessoa com o traço TEA.
Portanto, todos que se dispõe  dar acesso ao conhecimento a essas criaturas  tão  únicas como nós, precisam atuar através de uma independência significativa ( através de uma boa dose de inteligência emocional) para ser guiado  pela criança  em sua  peculiar forma de ver e viver nesse mundo. Não foi por engano que coloquei  “que (m)”, pois, para sua  proteção parece-me, comum entre algumas pessoas com traço TEA,  quem se utilize das pessoas como objetos,  na busca de atenção e cuidado, usam as pessoas como instrumentos de acessos aos seus desejos.  
Esse é o instrumento, onde o educador  humilde ( para além do pensamento paulofreiriano) se coloca para partilhar um pouco da forte invasão sensorial que essas crianças sofrem, em nos permitindo ser objetal, podemos favorecer que eles (quicá) possam se adaptar aos contextos de maneira menos sofrida e, assim também, encontramos meios mais estimulantes para os educar.


domingo, 26 de junho de 2016

Pessoa no Traço Autista e a Intolerância a frustrações


Escutando relatos e observando algumas crianças ou pessoas com necessidades expressas de maneiras diferentes de nós, tidos comuns, especialmente daqueles no traço do autismo, parece ter-me mostrado um vetor de canalização da intolerância a frustração ou ao adiamento da satisfação para comportamentos incomuns, estranhamente chamados estereotipias.
Pois considerando que “as estereótipos, (são) a formação de impressões e a percepção de pessoas” vistas por terceiros, enquanto, “Em contraste com os autoesquemas, que contêm as estruturas de conhecimento sobre o próprio indivíduo”, denuncia, então,  que para nós, os comportamentos das pessoas no traço autista é estranhamente vistos, para eles são as formas de adaptações a vida, que como a nós, a eles, foi-lhes dada. E assim, incomum ou estranhamente eles se inserem no social, onde não vejo, portanto, nada de anormal, muito menos adoecido, porque, sobretudo, é uma forma de buscar inserção e não evitação social. Nós é que não os entendemos, assim agimos como deficientes e construímos barreiras com nossos medos e frustrações.
E é na sociedade que “dependendo de sua motivação e habilidade, poderá corrigir essa impressão inicial, com base em informações mais individualizadas e que se mostrem congruentes ou incongruentes com seus estereótipos" (Quinn & cols., 2003). Mas, creio que a abertura para as esteriopias é como canal para suportar a necessidade na qual a frustação parece ativar ou ampliar. E então, não entendendo suas necessidades os barramos, ampliando a frustração.
Porém, por sua vez, estas necessidades podem nascer ou serem reforçadas socialmente, “Adolphs (2009) adverte que cognição social também é sensível ao contexto, o que faz com que a interface entre cérebro e cognição social seja modulada pelo contexto social e pelo autocontrole volitivo ( vontade)”. Quero, enfatizar então, o que dizem "os psicólogos sociais evolucionistas defendem que processos similares à evolução genética operam na transmissão da cultura”.
Então, “algumas dessas variantes culturais são mais prováveis de serem aprendidas e lembradas, em geral aquelas transmitidas por modelos mais proeminentes (pais, celebridades etc.)”.
Aqui, cabe-nos entender o que de fato se baseia este texto quanto a aprendizagem social através da
imitação: “Nesse sentido, a transmissão da cultura se dá por meio de processos de imitação e aprendizagem social, por meio dos quais ocorre a seleção natural dos valores a serem transmitidos à outra geração" (Mesoudi, 2009).
Talvez, não tenhamos percebido que nossas pessoas no traço autista imitam-nos em comportamentos anteriores aos que chamamos erroneamente a esteriopias, que na realidade são expressões ora de frustrações ante a necessidade não saciada e, em todos outros contextos, expressões adaptativos a realidade que os invade pelos sentidos, sobretudo, pela pele, como maior órgão vivo em nós. Em suma, tais comportamentos são adaptativos.
Todavia, chorar, agredir, gritar em outras formas de expressar as diversas frustrações podem ser aprendidas e reforçadas por pessoas significativas que se rendem ao desejo da pessoa no traço autista, quando estas agem destas formas. A problemática disso que reforçando birras ou demais manias infatilizadas não favorecemos autonomia funcional, muito menos independência, através da liberdade assistida.

Afinal quem não quer seus desejos realizados e, quando não, agimos infantilmente? Basta lembrarmos de tantas ações passionais de pessoas em grau acentuado de ciúmes, para ficar com esse exemplo das diversas formas da violência infantilóide do mundo adultocentrico.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Falar da subjetividade humana é falar em objetividade em que vivem os homens (...) As capacidades humanas devem ser vistas como algo que surge após uma série de transformações qualitativas (...) a linguagem é a mediação para internalização da objetividade, permitindo a construção de sentidos pessoais que constituí a subjetividade. O mundo psicológico é um mundo relação dialética com o social".

Tentando concluir, apenas por pedagogia, pois precisamos pensar um pouco sobre os traços de autismos encontrados nas diversas pessoas que atendemos direta ou indiretamente, trago a reflexão de necessidade de um novo empoderamento feminino, um que combatam toda a forma de relação desigual de poder. Tentaremos ver como os estereótipos (rótulos) são miseravelmente as nossas atuais formas de justificar todas a manutenção das discriminações às diferenças, estas que ferem-nos por sermos únicos. Sobretudo porque somos únicos, isso é a única verdade. Dela nasce a verdadeira essência da vida, a humildade de que temos apenas um sopro de vida. Uma simples centelha de divindade.
" Os estereótipos consistem em esquemas ou representações mentais sobre grupos sociais. (...) eles interferem ativamente no processo de formação de impressão e percepção de pessoas, que é o responsável pela integração de informações e avaliação de outros indivíduos, ou seja, pelas formas com que o percebedor interpreta os indivíduos que o rodeiam”(1).
Nestas representações é que criamos os rótulos a partir da “primeira impressão”, aquela que nunca fica como verdade, ou que negamos a todo preço por ser quase sempre inconsciente, “As pessoas costumam realizar inferências iniciais (formação e percepção de pessoa) baseadas em estereótipos, o que significa dizer que essas categorias sociais são ativadas de modo automático ou inconsciente”(1)  
Todavia, na aproximação com o real, as representações fazem vencermos ou não o desconhecido, e nesse sentido podemos transformar conhecimento em poder político de efetivação dos direitos" a função das representações sociais é dar sentido ao desconhecido, transformando o não familiar em algo familiar". Neste sentido o autor Martin-Baró diz que para enfrentar a injustiça social presente no mundo latino americano:
“A principal tarefa do psicólogo social deve ser a conscientização de pessoas e grupos, como forma de levá-los a desenvolver um saber crítico sobre si e sobre sua realidade, que lhes permita controlar sua própria existência. De contribuam para a construção de identidades pessoais, coletivas e históricas capazes de romper a situação de alienação das maiorias populares oprimidas e desumanizadas que vivem à margem da sociedade dominante e, consequentemente, levar à mudança social. Trata-se, assim, de desenvolver um saber psicológico historicamente construído que se mostre capaz de compreender e contribuir para sanar os problemas que atingem as maiorias populares e oprimidas”(1).

Bock em sua Psicologia Sócio- Histórica, traz que mesmo que o capitalismo trouxe o individualismo como direito, através da noção do “eu” surge a necessidade da existência da psicologia e em um contexto de ideias liberais, ela deve ajudar-nos a desenvolver nossas potencialidades. 
"Sentimento do eu (...) uma ciência que estude esse sentimento também é resultado desse processo histórico ( da individualização, sobretudo com o capitalismo) assim a psicologia torna-se necessária"(2)
Em pesquisa Bock, junto a 44 psicólogos, percebeu a importância da percepção no processo consciente e inconsciente do ser humano e este visto bio-psico-social ( a qual comumente acrescento o espiritual), que ela também cita a interação entre as pessoas e o indivíduo como agente e sujeito no fenômeno  psicológico. Este que nos habita o corpo e em certos "momentos de crise nos domina" em o meio social como "estranho ao nosso eu". (2). Essa diferença é que nos coloca humilde dependente ao outro, "falar em fenômeno psicológico é falar em sociedade. Falar da subjetividade humana é falar em objetividade em que vivem os homens (...) O mundo psicológico é um mundo relação dialética com o social".(2)A autora alerta que nessa relação temos algo a combater “do cultural somos mediados pelas ideologias que mantém a submissão e alienação do ser humano, pois segundo Chaui as " as ideias das ideologias são, pois, universais abstratos" (2), exemplifica, portanto, a existência de um perigo necessariamente para quem é acrítico: "mãe e do  pai sem se falar da  família como instituição social marcada historicamente pela apropriação do sujeito (...) fala-se de identidade da mulher sem se falar das características do machismo de nossa cultura (...) na verdade não se fala nada, se faz ideologia"(2) Pergunto-me quem lucra com essa ideologia? Bock aponta um exemplo de como nós psicólogos estivemos e, muitos ainda estão, a serviço de uma "higienização moral da sociedade".  Ou seja, exclusão dos que só conseguem viver sem as mentiras sociais, como a pessoa no espectro:" o diferente não é anormal, é menos provável, menos comum. Porque não se deu acesso as condições necessárias para o desenvolvimento daquelas características". (2) 
Neste, exemplo de exclusão do diferente, sabe-se que a  relação de poder está impregnada em tudo não apenas na relação de gênero como, de certo modo se omite o movimento feminista:
"A ideologia, neste contexto, não pode mais ser vista como ilusão, mistificação ou falsa consciência. Precisa ser vista como instrumento de dominação.(...)Introduz-se, sim, a questão do poder, ou dos interesses; O indivíduo, nesta perspectiva, seguindo a tradição vigotskiana (Vigoysky, 1978), é sempre uma entidade social e, como tal, um símbolo vivo do grupo que ele representa.(2) 
Mas, enfim, é em Morin (1984), que Bock, vai trazer a necessidade de união das forças de todos e todas destituídos de acesso as conquistas devido a relação desigual de poder, especialmente as causas das pessoas no espectro, que como disse em outras publicações, acomete a todos indicriminadamente:
Tudo o que é humano é ao mesmo tempo psíquico, sociológico, econômico, histórico, demográfico. É importante que estes aspectos não sejam separados, mas sim que concorram para uma visão poliocular. O que me estimula é a preocupação de ocultar o menos possível a complexidade do real” (2)
Nesse sentido enfim, chegamos ao que desejava conclamar a todas as mães de pessoas no espectro a de fato a atuarem politicamente organizada diante da perspectiva de unirem-se em torno de uma causa maior em  nome da inclusão de todos aquelas pessoas que sofrem com as diversas desigualdades nas relações de poder. Isto posto, afianço que somente em organização social é que se faz de fato um saúde do bem estar física, mental, social e espiritual, ou seja, biopsicossocioespiritual, a fim de fato, valorizarmos o sopro de vida em cada um de nós, como dom divino que nos foi confiado para amar como forma única de viver.
É nesta perspectiva que estivemos silenciosos montando um projeto basilar chamado Espaço Azul a fim de contemplar de maneira humanizada e respeitosa as todas as dinâmicas que nos chegar, a fim de empaticamente trazer reflexões para melhor adaptação junto a um bem estar físico, mental e social.
----------------------------------
1.Psicologia: Teoria e Pesquisa 2010, Vol. 26 n. especial, pp. 51-64A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e Perspectivas Nacionais e Internacionais Maria Cristina Ferreira1 Universidade Salgado de Oliveira

2.O Conceito de Representação Social na Abordagem Psicossocial - Mary Jane P. Spink.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

A não liberdade da mulher, contribui para a indignidade da pessoa noTEA

Dificilmente podemos prognosticar onde leva o caminho das atuais gerações, sobretudo no tocante as relações humanas. No tocante, ao fim da antiga lógica da função do pai, onde creio, criarmos o que chamo de paternagem, pois com a ampliação do acesso aos meios de produção à mulher, essa inovação se fará indispensável.
Pois, se o machismo levou a várias violações, tanto que hoje no Brasil foi instituído pela Presidenta, a lei do Feminicídio, imagino que ante a ampliação de jornadas às mulheres, elas além de serem filhas das violências mil ao longo da história da humanidade, elas de “prisioneiras domiciliares”, agora também, estão “escravas” ao mercado de trabalho, “prisioneiras em meio semi-aberto”. Em suma, são punidas por serem vítimas e agora cumprem pena mais severa, e,por isso, não sabemos que resultará deste contexto.
Sei que há séculos crianças são, depois das mulheres, mais violadas no seio familiar; adolescentes e jovens são mortos e ou abusados, com saldo contemporâneo de vítimas mais que as duas grandes guerras. E, dos que sobrevivem, muitos acabam retroalimentando o que aprenderam como meio socializador, em uma sociedade neocapitalista morrem subjetivamente, em um individualismo narcisista hedônico insaciável. Sonham alienações televisivas e se relacionam artificialmente nas redes assustados com contato humano como em uma histeria coletiva, a caminho de uma sociedade “autística”, mas em doentia auto exclusão.
Neste sentido, não sei se ainda cabe “a desconstrução da grande narrativa do homem branco, moderno e ocidental”(1), porque penso criticamente que os movimentos ideológicos parecem ilhados, como se pudessem ignorar que estamos falando de relações desigual de poder que está sim, baseado na lógica hierárquica e, crer que apenas as mulheres são vítimas, parece um reducionismo. Todas as ideologias são necessárias mais não como “autisticamente” aleias à cada momento histórico.
Afianço a necessidade da união de todos os excluídos em prol ao acesso a todos aos bens conquistados socialmente e de maneira equânime, pois quando fechados a uma causa excluímos outras.
Como, sou ativista em Direitos Humanos, e milito em bandeiras como a da pessoa no Espectro do Autismo, sinto que a unanimidade pode ser excludente. O espectro abençoa com sintomas a todos sem distinção de raça, etnia, crença, gênero, geração e renda.
Neste sentido, precisamos pensar mobilizações de excluídos onde o discurso único destes ressoe acesso a direitos não exclusivos e sim coletivos. Pois comungo de uma ciência política crítica e historicamente que estuda a subjetividade em e com a coletividade: “urge, portanto, que os psicólogos sociais contribuam para a construção de identidades pessoais, coletivas e históricas capazes de romper a situação de alienação das maiorias populares oprimidas e desumanizadas que vivem à margem da sociedade dominante e, consequentemente, levar à mudança social.”(2)
 Assim portanto, não se fala de saúde, por exemplo, sem o bem estar físico, mental e social, ao qual incluo o espiritual. E isso não se concebe sem contextualizar“(...)Trata-se, assim, de desenvolver um saber psicológico historicamente construído que se mostre capaz de compreender e contribuir para sanar os problemas que atingem as maiorias populares e oprimidas. Para ele (Martin-Baró, 1989), então, a construção teórica em psicologia social deve emergir dos problemas e conflitos vivenciados pelo povo latino-americano, de forma contextualizada com sua história”.(2) 
Neste sentido fica evidente que as mulheres que agora “prisioneiras em meio semi-aberto” do sistema neoliberal, pouco terão, como os homens que foram apolíticos, meios de efetivar ganhos reais socialmente, se continuarem alienadas aos supostos ganhos capitalistas?
No caso das mães de pessoas no espectro do autismo isso é tão evidentes que muitas que conseguem vencer as amaras do preconceito transformados em armas a partir da discriminação de ser mãe de alguém TEA, culpabalizam-se ante o Transtorno e seu estigma; ficam perdidas nos sintomas do Espectro de tantas contradições e negociatas farmacotécnicas de “a-profissionais” em suas éticas questionáveis; pois, o Autismo, o pequeno traço que o filho possa ter, precariamente se encaixa nos sintomas adestrados por uma medicina pouco preventiva, proibindo as mães, de fato, acessarem um caminho terapêutico que inclua de fato, a pessoa do filho.
Neste sentido, as pessoas no espectro, tornam-se com alguns falam, o sintoma dos dilemas sócio familiares dos discursos adultocentricos, antrocentricos, eurocêntricos (...) enfim, de homens e mulheres esteticamente seguindo modelos que não respeitosos as nossas reais características, hoje, americanizados, pois nos tornamos, ideologicamente, colônia, quintal do país ianque. E nossa medicina excludente provém dessa ideologia.
Nesse sentido não se tem razão uma pessoa no espectro e sua família lutarem isoladas visto que nessas pessoas fica nítida a dependência a suas mães, sobretudo, essas sobrecarregadas não têm meios de lutar, seja pela demanda do TEA ou a diversas jornadas. Especialmente porque muitas delas são as únicas provedoras e, pois, muitas são abandonas por homens fracos em suas condições machistas.
Portanto, as vítimas que coletivamente se levantem e se empoderem, ou seja, façam do conhecimento armas de poder articulador de atos inclusivos de direitos a dignidade à pessoa no espectro e qualidade de vida a todas os excluídos, que afinal, alcançando-se conquistas beneficiaram a tod@s.
 ________________

1. João Manuel de Oliveira Centro de Investigação e de Intervenção Social Lígia Amâncio Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, 
 Teorias feministas e representações sociais:  desafios dos conhecimentos situados para a para a psicologia social;
2. Psicologia: Teoria e Pesquisa 2010, Vol. 26 n. especial, pp. 51-64. A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e Perspectivas Nacionais e Internacionais Maria Cristina Ferreira;Universidade Salgado de Oliveira














domingo, 3 de abril de 2016

PATERNAGEM ( DE TANTO AMAR) O SER ÚNICO QUE HÁ EM CADA UM!

De fato, o paternal é o ser mais evoluído de todos os tempos, pois humildemente é aquele que foi alvo de um suposto poder em si mesmo sobre os outros e a natureza,  abdica dessa mentira e assume que nada sabe e estar aberto, através do amor, a aprender a aprender,   tentando parafrasear Morin.
O homem que decide ser paterno, passa de genitor (o que gera), vai além do pai (que mantém socioeconomicamente) e chega à paternidade, que não contente em apenas dividir as demandas com a companheira, consciente exercitará o cuidar, a paternagem, que cuida pelo menos de duas pessoas: a mulher, que geralmente, mesmo que é de fato mais forte, é historicamente tolhida por tudo e todos; e pode cuidar do filho que de acordo com a criação executará o desejos de seus genitores. 
Mas Atualmente,é a mulher que sustenta imponente a logica dessa sociedade, basta ver quantas jornadas elas têm, hoje além de manter todas as demandas da casa, dos filho e do companheiro, tem que trabalhar, além de cuidar de si mesma; é neste contexto, mesmo que quase impossível, que se  pode desenvolver a paternagem, pois a sociedade está se destruindo e não sabemos qual seu destino sem o real amor.
Esse desenvolvimento vai de filhote macho,  ao evoluir do homem, genitor, pai, paterno e, enfim chegar à paternagem, o que carece de um auto conhecimento. Isso em ter consciência e assumir que igualmente a todo ser humano sofre, padece dor e precisa de cuidado. Todavia, muitos sabem disso mas não aceitam, outros sofrem e desconhecem e, muitos, agridem e nem percebem, por estarem sofrendo, assemelhando tal qual animal acuado ataca para se proteger. A maioria  vive na defensiva.
Aquele que se abre a paternagem se verá como ilhado, a princípio, pelo menos, devido a dor de conviver, ao se auto responsabilizar pela forma que nos tratam; pois ser humilde a partir do perdão e aprender a amar verdadeiramente como o outro é e não como nós desejamos, em suma, porque os três (genitores e o a pessoa no TEA), desenvolvem uma forma padecedora de lidar com as diferenças entre si, onde o TEA vira apenas um sintoma do adoecimento dos três, nisso com certeza, o filho no TEA é o mais, se não único sadio, deste contexto.
Por outro lado na paternagem, aceitando-se ilhado, poderá através da humildade, facilitar o diálogo baseado no perdão e para além precária forma de amar. Esse diálogo será o caminho de saída da defensiva, em se aceitar como errante, mas que era querendo acertar.
Neste processo havermos de perceber três variáveis antropologicamente construídas.
Uma, é aquela que, em um processo inconsciente ou não, a imagem do homem, é imagem da autoridade e este é alvo, direta ou indiretamente, de nossos rancores advinda deste poder por quase sempre ser atuado de forma arbitrária e impeditiva de prazer estremo. Lembremos que desde cedo, o menino tudo pode, enquanto ela quase nada, apenas ser alvo.
A outra variável é que diante de todas mulher lidamos com as frustrações de origens, também inconscientes, ora desamparos devido que ela nunca nos protegerá de tudo; sentimento de preterido, porque ela um dia busca prazer para além de nós etc., são diversos exemplos, mas quase todos as colocam com alvo de nossas dores.
E a maior, no meu ver, variável é a necessidade de sermos nós mesmos, psicologicamente, que temos que matar os pais idealizados (perfeitos) ( perfeição,  das variáveis anteriores por exemplo), isso é o parricídio e o um auto infanticídio, ou seja, matar os resquícios dos desejos de nossos pais em nós, caso contrário, sobretudo, no infanticídio, ficamos presos querendo agradecer ao desejos infindos dos outros, substitutos de nossos pais. Isso fica evidente em casos que nos surpreendemos quando vemos que nossas mulheres parecem ou são o extremo contrário de nossas mães e, no caso das mulheres os pais delas. Mas não é regra tem homens que são preso ao desejo do pai e mulheres ao da mãe. E até a ambos. Cada caso, em si com suas complexidades.
Enfim, busquei enfatizar o processo do como nasce o filho no filhote, para esse fazer nascer o homem, como ser consciente e humildemente na impotência da condição humana e não arrogante de não aceitar os pais como errantes. Caso não assumimos o parricídio achamos que eles são heróis e nós iguais, nos achamos prontos, o que impede nossa permanente evolução.

Mas se aceitarmos os limites deles, os nossos serão meios para buscarmos melhorias perenemente e caminhar para uma postura mais assertiva ante nossos sonhos, desejos e projetos baseados no no caminho que eles levam ou não, no amor se for de modo mais divino, o modo de viver. Pois, como mentem o amar é muita sacrificial, quando guiados pelos sonhos
 Mas, viver é a condição humana através de amar incondicionalmente e a todos em suas formas únicas de ser e estar em evolução. Amar é uma liberdade biopsicossocioespiritual.

sábado, 2 de abril de 2016

O MUNDO DEVERIA APRENDER UM MELHOR MODO DE AUTISTA SER ( POESIAS)

AUTISTA QUE NOS ENSINA O QUE MELHOR SER
Amanhã não é viver
Ontem também não será
O hoje até pode ser
Mas não tão belo quanto agora
Quanto d'Olhar Azul sonhar.
A sombra mais suave
Lá fora o sol a brilhar
Pássaros a cantar
Mas nada é mais belo que o sorrir
De anjo azul a brincar.
Dia ou noite
Ele sozinho a amar
Eu atenta ao seus singelos
Tempos
Na sua paz a se eternizar.
Nada é tão suave que seu querer
Tão sincero quanto o seu amar
Tão claro quando sua sede de viver
Porém digno é seu desejar.
Não a dor
Desamparo
Frieza ou morrer
Tudo é a mais pura essência
No seu modo de viver.
Que guiamos cada pessoa Autista
A seu melhor em nosso querer
Para ele melhor ser?
Não eles nos ensina a bem viver
Nos mostram evitar o sofrer
Eles são canais emocionais
Nos mostram como florescer
Que galhos deixar crescer
Que caule se fortalecer
De que líquidos pelas raízes beber
Que semente
Pura germinar para
O verdadeira essência ser.
Humildade sem correr
Sinceridade sem o sonho perder
Amar sem sofrer
Singeleza de viver
Simplicidade ter
Eis o desejo de cada uma pessoa TEA
Carrega e alimenta em nosso ser.

OLHAR AZUL, FORMA ÚNICA DE SER, TÃO INTENSO COM A COR DO MAR

Poeta, não aceito mais sofrer
Vim cantar o AZUL da COR do MAR e do bem querer
Louvar o amor de cada Pessoa Azul que aprendi 
Na beleza de em tudo de seu sorrir.
Tem o belo e verdadeiro amar
Na diferença brindar
Pois todos desejos são só estranhos antes de aflorar!
Mas aos realizar todos neles querem se cortejar.
Realizando-me eno meu estranhar
Dos que dizem defeitos meus
Fazendo cativeiros os sonhos
Em bando voando cantando o azul sublime do meu eu
Saber da dor poeta, só mãe, que amou primeiro meu único eu
Todo coração corre sangue vermelho tanto meu quanto seu
Diferente é o desespero de quem não assume o seu
Modo único de pulsar, mas em muitas amor não morreu.
Pois em cada autista a mentira social não o corrompeu
Sua pureza não se perdeu
A paz preciosidade, na realidade, tudo se verteu
Pois a liberdade em tudo nela se deu.
Cada pessoa no TEA nos ensina a viver
Na mais bela forma benevolente do não ter
Nega a simplicidade de apenas ser
E humildemente estar sendo o que é o melhor no viver:
Cada molécula respirada
Lapidar o ser
Humano sonhar sem dormi
Realizar paz aqui agora e no povir.
De forma a amar o bem estar para mim e para ti
Assumindo o único que há em cada si
Apoiando a diferença que está em mim
Vivendo a pessoa azul dele que verte ao mundo enfim.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Psicanálise Religião do Pai


Se a Psicanálise se fez como uma religião do pai, creio que se realizou através do pai morto, metaforicamente ou inconscientemente, pois Ela traz como base o pai morto em Édipo e o não sacrifício de Isaque, em ambos, o desejo e vida do filho em detrimento do parricídio e castração do pai, respectivamente.
Na mitologia grega, Édipo ao cruzar com o pai o mata e desposa a própria mãe, e ao saber  arranca-se os olhos; na ética judaica, Abraão é levado a ofertar o filho. Nisso lhe é negando seu desejo três vezes, de ter filho com idade avançada, de ter que sacrificar e de não o fazer.
Não é em vão que a Religião do pai, na época de Freud, hoje a psicanálise estuda o filho. (...) “As famílias de hoje se definem mais com base na criança do que no pater famílias”(1).
O filho não castrado em seus desejos tem sido constante na sociedade atual. A pós modernidade tem ofertado suposto gozo desmedido. “Freud propõe a imagem da satisfação do lactante saciado que adormece no seio para ilustrar o que se repetirá mais após a experiência do orgasmo”. (2)Como se reproduzindo esta satisfação.
Este gozo psíquico funciona como carrasco, a pulsão de morte, ao seio da mãe estendendo o acesso ao todo corpo, o objeto de desejo da mãe, como Édipo que após o incesto vai ao deserto após extirpar os glóbulos oculares.  No caso atual, temos a atual geração livre ao gozo estremado, adormecido entre tantas formas de entorpecentes, crente que sempre terá a mãe para saciá-lo, autistica (mente).
Neste contexto, o desejo da mãe, desvairadamente é satisfazer essa pulsão de morte dela e do filho, e obrigada pela sociedade que a condena. Essa é a demanda do pai. A moral, a responsabilidade da mulher hoje é ter diversas jornadas, enquanto o pai morto, segue sua saga necessitando se ressuscitar. Mas nisso, muitos se revestem de um machismo violento, tentando viver, através de vícios mil, máscaras de mortes pequenas.
Ante a isto, fica nítido que nunca se foi tão gritante a necessidade do Édipo pai não temer o oráculo que anuncia a tragédia e, enfrentar sua  necessidade do amor e humildemente entender que todo este sistema o faz de apenas peça de desejos alheios. É preciso reconquistar o sonho de ser pai, para não ser apenas genitor e chegar a paternidade libertadora onde nossos pais falharam.
Lacan, anuncia em Freud  que (inconscientemente), “ A lei freudiana, a do Édipo, era correlata ao amor pelo pai (...) lei do amor, isto pai versão” (1). Entendo esse conceito de pai versão, a do macho  (apenas gera)  vencendo seus instintos de filho ( como neste século de gozos ilimitados), não se contento de ser aquele que apenas mantém, provém (pai), evolui a paternagem aquele que cuida em favorecer o filho através de reflexão dos caminhos do desejos dele, guiando-o quanto as consequências do destino traçado por ambos

.

_______________________
1. Sophie,Gayard.: Pais Versões, in Scilecet, O corpo Falante – Sobre o inconsciente no sécuo XXI, Escola Brasileira de Psicanálise, Rio de Janeiro, 2016;
2. Béraud,Anne.: Orgasmo, in Scilecet, O corpo Falante – Sobre o inconsciente no sécuo XXI, Escola Brasileira de Psicanálise, Rio de Janeiro, 2016



quinta-feira, 10 de março de 2016

EM NOME DO PAI

Em tempos que a ordem e lei está sendo destronados por uma ética individualista, faz-se necessário pensar sobre a função paterna. O individualismo é, para mim, expressão gritante das satisfações mais desumanizantes. A isso, Lacan, poeticamente, diz “(...) o sujeito alucina seu mundo. As satisfações ilusórias do sujeito são evidentemente de ordem diversa das satisfações que encontram seu objeto no real puro e simples. Nunca um sintoma aplacou a fome ou a sede de forma duradoura, sem a absorção de alimentos que as satisfaçam”. (1).
No Em Nome do Pai, o freudiano amplia que “elementos de comportamento instintivo deslocado no animal são suscetíveis de nos fortalecer o esboço de um comportamento simbólico. O que, no animal, denominamos um comportamento simbólico é o fato de um segmento deslocado assumir um valor socializado e servir ao grupo animal como referência para certo comportamento coletivo” (1). Essa coletividade melhor acontece através da paternagem, ela  gera um verme da sociabilidade ao filho. Isso se dá quando o pai proíbe ao filho de prazer extremo do corpo da mãe, assim o filhote pode perceber sua existência para além do corpo dela e, portanto, tem que lutar pela sua, ainda, sobrevivência, visto que só se viverá, quando este torna-se livre, metaforicamente, parricida. Neste sentido temos em Lacan “O eu é isso em que o sujeito só pode reconhecer incialmente alienando-se” (1). Esse é o filho.
Por sua vez, o pai, Freud, fala “O pai primordial é anterior (...) ao surgimento da lei(...) da cultura”(1), ele introduz tanto a lei e a cultura ( como poder que liberta) ao filho, poder horizontal em cada núcleo familiar. Seguindo esse princípio, basta dizer que o nome do pai nasce da mitologia hebraica, a de Abraão e infanticídio sobre Isaque. É o fim do genitor (na fala de Freud o pai perverso), surge o pai, e disso provoco, o  paterno cuidador e harmonizador junto à maternagem.
Quero dizer que, o  homem sem direito ao infanticídio, surge a possiblidade de nova regra de uma lei democrática participativa. Onde o poder não é desigual e, sim harmônica. Assim, o dom de gerar filhos é dado ao humano, a morte Deus retém a si. Então o filho pode definir, quando livre, seu destino, salvo sejam os pais, também, livres, ou seja materna e paterno.
Em seu artigo Pai-Versão, alcunha de Lacan, Sophie Gayard, afirma que “Estilhaçados, recompostas, monoparentais (...) as famílias de hoje se definem mais com base na criança do que no pater família que por muito delas definiu o estatuto”(2). Lacan, traz em sua noção de Pai-Versão, o pai morto, do mito edipiano. Aquele, onde o filho inconscientemente mata o pai e casa-se com a mãe. Aqui incluído a metáfora do parricídio, que entendo como a negativa do pai de poder sobre o corpo do filho, uma negação a morte do desejo do filho, pelo contrário permissão para que ele deseje e faça seu destino. Pois, ambas metáforas, falam da morte (necessária) do sonho do filho idealizados pelos pais.
Falei que o pai introduz o filho ao mundo através da lei e da cultura, vejamos como quanto temos que os ajudar. Em Corpo da Criança, Neus Garboneu, diz que “A chegada ao mundo implica que os efeitos da linguagem no organismo o transformem em corpo. É dessa maneira o bebê deve chegar a conquistar seu corpo(...) E deve fazê-lo precocemente” (...) a impotência motora da criança será a chave para conceber o peso (...) na formação do eu(2A). Esse peso, em diversos casos de filhos, como pessoas com TEA, é mais duradoura e esse eu fica menos visível a olhos não treinados. Garbonel, faz-me lembrar que crianças típicas jubilam com sua imagem refletida, ao tempo que a criança com TEA, isso, possivelmente, não ocorrerá tão facilmente assim. E esse jubilar ajuda a montar a consciência do seu corpo, que para Lacan é imaginário. E, isto, junto ao fato do objeto transacional pensado por Winnicott, que são objetos que ensinam a criança a se libertar da ausência do corpo da mãe. Tal fenômeno é mais complexo para a pessoa com TEA. Este parágrafo foi dirigido ao pai, o que pode se permitir às metáforas do parricídio e do infanticídio, especialmente se vosso filho estiver dentro do espectro.
E, assim podemos citar enfim, Alba Flesler, em sua obra A Psicanálise de Crianças e o Lugar dos Pais, onde ela diz que a criança só existirá a partir da mãe, através mediado com o paternal como a lei. E quando essa função falha, abre-se para morte, um vazio orientador, aqui basicamente se instala o infanticídio.
Assim, concluímos que a paternagem nasce da morte do macho que apenas procria, evolui ao pai apenas provedor, até chegar no paternal, favorecedor do amor, da liberdade da criança, capacitando-a a escrever seu destino.
Para isso, nega-se o poder matar os sonhos e, também, de ser dono da verdade. Nasce  humildemente a possibilidade para o que Winnicott, chama com a Mãe Suficiente Boa, aquela que não castra os sonhos do filho, mas sonham os três juntos. Pois, pode ela, assim, não precisar ser muito defensiva para proteger o filhote o sufocando, nem tão pouco o abandonará, o negando, por ela também estar só e, pelo contrário, os três serem um só.
____________________________

1.        Em Nome do Pai , JAQUES LACAN 1901-1981. Ed. Zahar, Rio de Janeiro 2005;
2.    Pai-Versão,  SOPHIE GAYARD. SCILICET O Corpo Falante, sobre o inconsciente no século XXI, X Congresso da Associação Mundial de Psicanálise, Rio de Janeiro, 2016 ;
2A.    Corpo da Criança, NEUS GARBONEU. SCILICET O Corpo Falante, sobre o inconsciente no século XXI, X Congresso da Associação Mundial de Psicanálise, Rio de Janeiro, 2016 ;

3.      A Psicanálise de Crianças e o Lugar dos Pais, ALBA FLESLER,Ed. Zahar,Rio de Janeiro,2007.

segunda-feira, 7 de março de 2016

As relações na rede social, o olhar que não ver a pessoa no TEA

A sociedade que mais enxerga e nada ver, pouco observa, então nunca verá o que estar  para além do que se precisa ser refletido.  Se enxerga então como se diz da pessoa enquadrada no Transtorno do Espectro do Autismo -TEA.
Se essas pessoas, apenas olham de relance, usam os objetos de maneira incomum, usam-nas em parte, não no todo, é porque a parte que não é um todo completo, não o interessa e o deixa em sua forma de usar o mundo, diferente como nós usamos o celular, pouco ou não falamos por ele. Será que também estamos pouco ou não nos relacionamos com as pessoas?
Existe uma tese, a da Gestalt, da soma das partes, que não é o todo. O todo não  é sem estas somadas, para fechar a Gestalt, a imagem a ideia a relação, precisamos  conhecer  as partes para viver o todo.
Penso que como, para psicologia social, somos o que nos diz que somos. E sei da a psicologia do desenvolvimento e da psicanálise, que o mundo onde cada um nasce, já vem pronto e querem que nos adaptemos a ele. Uma dura violência ocorre ai. Então se nos relacionamos em parte e não totalmente, dizem-nos que somos parte e não um todo? E nos relacionamos em parte e cada dia ficamos mais sós?
De alguma forma, sim somos em parte vazios e não nos buscamos nas relações mais profundas, ficamos sós e vazios. Onde, a pessoa íntima nos mostre que estamos sendo e aprendemos ser melhor para nós e para o mundo que nos circunda.
Assim, para ser relacionar a três ( pais e filhos), com a pessoa em o TEA – digo assim em o, no, porque estou me indagando se  o termo “com o TEA” não comunga com uma ação  passiva da pessoa em questão. Ou seria uma parceira, não sei, apenas indago que “em o ou no TEA” tenha algo mais dinâmico e essencialmente, ativo(...) -, enfim, isso me ajuda a refletir que se somos ativos, vivos e não levados a torto e a direito  manipulados como marionetes  dos desejos alheios, podemos ser o que nossos desejos nos direcionar. Como também a pessoa no TEA não é passivo, por mais solilóquio, monólogo, só seja o agir dela.
Entretanto, tudo isso ajuda a entendermos que o nosso desejo é contaminado devido a realidade de sermos os desejos de nossos pais, antes mesmos de nascer. Até que começamos a enxergar de fato e nos constituírmos desejantes para além do que a nossa visão alcança. Mas mesmo ainda assim, dependeremos da cultura contextual que nos toma como presa fácil. Nesse, sentido, só quando fazemos dois processos de assassinatos e mortificação é  que nasceremos, para desejar por nós mesmos.
A  primeira ação violenta nossa é  o parricídio temos  que psicologicamente  mortificar os desejos que ouvimos de nossos  pais em nós. E depois matar o que as culturas deles em nós, seguirá um último,  mas muito necessário, assassinato psíquico, mortificar o nosso corpo como foi concebido até então, um auto infanticídio. Ambos, parricídio  e infanticídio que contextuei, são psicológicos e, portanto, atos de autoconsciência tratadas apenas em trabalho facilitado por um a pessoa treinada a apoiar o desenvolvimento a partir da dor ao amor.
Socializarei tal perspectiva a partir da superficialidade da interação social via as redes sociais. Onde a vida parece menos compromissada, ou ao menos, não há o olhar discriminador do outro. E sim o gozo violento do olhar do outro, onde não se pagar para ver.
Em, “Imagem Virtual” Ennia Favret, citando Lacan, no Seminário “A Angústia”, diz “O que o homem tem diante de si nunca é senão  a imagem  virtual”, parece uma enunciação do desastre do vínculo, das relações intimas o fim do amor. Ela diz,“as inovações  tecnológicas proporcionaram novas realidades virtuais, novas encruzilhadas entre o real e o imaginário”.
São, novas fontes de vida no “Império  do olhar, do gozo e satisfação imediata”. E como um excelente catalizador do prazer, um filho em o TEA, vai tomar  ou tentar ser o alvo de tamanha fonte do prazer, ser alvo dos olhos do outro, o mais importante  olhar,  geralmente da mãe, pois o filho no TEA, aprendo com o pai, que a mulher é alvo de ser conquistada, de ter a atenção dela.
Suponho até que muitos deles são tão perfeccionistas para serem alvo desse gozo escópico, do olhar do outro, que se tornam os melhores em determinado atividade. E assim se excluem, ou são socializados a partir suas habilidades e não por si próprios. Cortejando quase sempre o desejo avassalador, imediato e indesejável de seus pais. Vivem suas habilidades e não a pessoa, que luta desesperadamente negar o TEA que nele estar.
Não faço essas provocações a fim de me odiarem, mas  afim que amem-se como estão  sendo capazes serem, pois gênios  não se fazem de desejos alheios de seus pais (pois todos querem filhos gênios) e, sim de desejos íntimos  de cada filho um apoiados em cada contexto  familiar  Ou outra comunidade íntima. Mas ser ou não, apenas esconde quem realmente quem estamos sendo e, como apenas  queremos  ser acolhidos como de direitos a vida, mesmo sendo, todos de modos diferentes de viver, e a diferença é nossa maior riqueza. Como se diz, “ter direito  a ter direitos” de viver como nós  é  possível.
E não escravos do nosso olhar alienado. País que vivem as vidas alheias na distância fria das redes sociais, seja por medo de não ser aceitos, ou e também, incapacidade de aceitar o que lhe fazem ri ou repudiar, mas misteriosamente desejam, ao menos ver. Enquanto, filhos tem que se tornarem tão hiper(tensos) para ser centro de atenção e não vivem suas prazer.

Hiper tensos porque atos que os ajudavam a equilibrar as angustiantes reações  intraorgânicas  ( expressos em estereotipias), que eram alvo de cuidados e atenção, viram únicos meios  de ter o olhar daqueles que agora é viciado na fuga das redes sociais.  Levando-os a manter maior tempo em comportamento estereotipados para conquistar a atenção do olhar amado.
_________________________
Créditos das imanges, Instragram sentimentosdasociedade;

Citações:“Imagem Virtual” Ennia Favret, in: O Corpo Falante: Sobre o conhecimento do inconsciente no século XXI, Associação Mundial de Psicanálise, Rio de Janeiro, 2016


A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO

Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...