domingo, 19 de novembro de 2017

Conhecer para libertar e além

A Psicologia como ciência que pretenda ser observadora para além do comportamento observável, parte de uma Responsabilidade Social, mas não pode se render a apenas isso, deve considerar que a sociedade é onde surge as diversas formas de sofrimento humano. 

Parafraseando o poeta, penso que 'qualquer abordagem é menor que a vida de qualquer pessoa'. Sobretudo, porque a mera Saúde, não se resume mais a (bio)poder, ou seja ao suposto poder do homem sobre o corpo, Freud já bem preconizava isso, quando implicava que somos regido pelo inconsciente, ou melhor, pelos desejos e suas formas de satisfação. Então, chegamos, a inevitavelmente, à saúde como  bem estar físico, social, mental e, porque não, espiritual.
Neste contexto, a Psicologia tem que ser escrava da busca da facilitação da qualidade de vida, quero dizer, a nossa ciência deve evoluir para além do cuidar, não preso a um suposto poder de curar, pois isso é apenas ação daquele que se encontra doente se este não desejar nunca se curará. Só este pode fazer seu remédio subjetivo através do autocuidado tanto preventivo e, apenas ele, detém o poder de emergir  do seu próprio sofrimento e, o perceber como menor que a dor da dádiva fatal qual é viver.
Neste sentido, cabe a psicologia, no tocante de todas as famílias Cuidar de quem cuida, como das demandas de formação e desenvolvimento subjetivos em família. 
No tocante as famílias com pessoas no Transtorno do Espectro Autista - TEA esse cuidar se faz impreterível. Mas antes, seguindo orientações técnicas da Organização Mundial de Saúde, não se pode mais ver estas pessoas como vítimas do sofrimento, mas sim, como  (Des)abilitados  Psicossocialmente, pois não se deve mais falar de autismo e sim, Autismo(s),para tanto, proponho que os vejamos não como pessoas do TEA e sim como Pessoas com Traço autista, cada um tem vivencia sua peculiar forma de convivência. 
Portanto, por exemplo, basicamente o que faz a família sofre com as chamadas Estereotipias, não deve mais ser vistas como esquisitices, sofrimento e sim mecanismos, por parte da pessoa com traço autista, de tentativas de saídas do que o desequilibra, pois tais ações comportamentais são formas de busca de homeostase(equilíbrio) e reorganização biológico, o corpo em sofrimento em complexa interação social.
Neste contexto proponho uma(Co)responsabilidade nas relações sociofamiliares possível apenas do que chamo da Liberdade Assistida, digo, uma observação crítica e construtiva libertária efetivada no exercício formativo potencializado na ação Pater&Materno, basilar para exercício partilhado da formação e desenvolvimento familiar.
Especialmente porque a saúde com cunho do (bio)poder a muito tem culpado o filho como sintoma do sofrimento da família, esqueceu que aprendemos por um processo espelhar, imitativo de atos com consequências satisfatórias. Quero enfatizar que toda a pedagogia e formação das pessoas devem lembrar que imitamos o que potencializa o prazer. Isso deve ser a bussola para dar exemplo aos filhos e assim assistir as vitalidades de cada filho.
Em suma, somos regidos pela satisfação. Então as consequências dos atos que evidenciam gozo são os que seguimos como meios de sermos felizes. Todos os filhos, atípicos ou não, também buscam realizar seus desejos.
Entretanto, isso ocorre até percebermos que apenas realizar os desejos imediatos é mera alienação, ou seja, temos muitos vícios sociais a nos seduzir. 
Assim, as relações humanas tem que ser potencializadas para o  (Auto)conhecimento. Um bom caminho para isso é não ter preconceito de ter preconceito do desconhecido. Este, nos divide pela diferença e, se não alimentarmos o que nos separa sendo discriminadores, o conhecimento do desconhecido nos fortalecerá para o exercício de uma liberdade assistida que fomente não só a autonomia, liberdade e, quiçá, a independência possível de cada filho e a nossa, para além do prazer meramente emergente e, sim para frutos da ciência da paz, harmonia e homeostase, como o amor, empatia e alteridade.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

PATERNAGEM E O DESEJO INCONSCIENTE: ÚNICO CAMINHO, A SATISFAÇÃO.


Pensando sobre o desgaste que o amor desinteressado, amar por amar como única forma de viver, tem sofrido, especialmente na ética das relações íntimas, fico a me indagar a que evolução a sociedade contemporânea se gaba.

Como sou daqueles que pensa a saúde como bem estar social, mental e físico, ao qual acresço o espiritual, em todos os sentidos, acuso que, sinto quanto devoluímos drasticamente, pois estamos pulando as cegas a um precipício sem precedentes e sem onde se segurar caímos em nosso pior, denso e profundo buraco que desconhece seu fim.
Vejamos, temos entre nós pensadores da saúde mental que há muito, para ajudar a sociedade entender a noção de bem estar e qualidade de vida, dizia que nas relações formadoras das subjetividades, os filhos seriam o sintoma da família.
Pego essa noção e traduzo a partir de Freud, que para exemplificando que não dominamos nada, nem nossos próprio conjunto biopsicossocioespiritual. Nisso, Ele não citou esse neologismo, mas sim o conceito do inconsciente e informou-nos como este nos rege, para o explicar, formalizou-se a noção de iceberg. Na qual, a ponta exposta é a consciência nossa dos conceitos que supostamente domamos, a lâmina da água seria a nossa pre-consciência e, a grande parte da pedra de gelo submersa seria o nós mesmos que não acessamos e, sim, somos domados.
Assim, parafraseando essa metáfora freudiana aos atuais debates de saúde, penso que se o filho é o sintoma dos dilemas familiares, facilmente vejo-o como a ponta do iceberg, enquanto a lâmina do mar seria as descobertas recém chegadas do inconscientes ( chegadas então pré-consciente) feitas e vividas, ou sobrevividas pelas genitoras diante das dores provocadas pelo genitor como se domado por forças dantescas, por todos desconhecidos mas que busca o prazer imediato e total, como o inconsciente é.
Notadamente, os homens, diferente dos ainda machos, têm evoluído em perceber quanto seus desejos silenciados, porém evidentes em atos egoístas ao máximo, têm dizimados paz em tantas gerações, por que não dizer de toda história da atual humanidade. E assim, alguns evoluem de machos a homem e lutam contra os impulsos que o domam.
Assim, traduzo que nossa melhor referência desse inconsciente desconhecido e temido por puro desconhecimento é a relação desigual de poder. Esta tem sido responsável por genocídios, infanticídios, entre tantas outras formas de se matar. Atualmente chamamos de feminicídios, genocídio da juventude negra, marginalização dos que têm precário acesso aos direitos e, têm acesso contínuo as prisões e subempregos que são os eufemismos para a escravidão.
Então, o inconsciente sendo o maior vetor do ser humano, onde nasce as pulsões, ou seja, os desejos, precisam ser estudados e acessados. Isso por aqueles que precisam viver, ou seja, amar e ter paz. 
Estas relações que devem ser nossa evolução. Estes desejos inconscientes tem que ser domados para não mais escravizar a quem não os controla por pura ignorância, simplesmente não o conhece.
Seria solução, naturalmente não, pois o desejo advindo do inconsciente além de ser enormemente incalculável, ele é atemporal.
Mas ele tem um único norte, a satisfação. Conhecendo-se pode-se viver mais em harmonia com seus próprios demônios. Ignorar suas existências é sinônimo de loucura.

sábado, 11 de novembro de 2017

PATERNO (AUTO) AMOR INDISPENSÁVEL

Estes dados a seguir, partem de uma mera e pequena experiência empírica advinda de uma clínica em psicologia  com origem, basicamente, analítica, porém que não se rende a qualquer método além da qual busque a melhor forma de acolher a demanda de quem o procura através da precária experiência.
O que não impediu de especular para além dos filhos serem os sintomas dos seus respectivos pais. Por outro lado, se são as mães as principais coadjuvantes as quais mais sofrem com os filhos, estes tidos como “ponta do iceberg” dos dilemas enfrentados, a cada dia mais acolho as pessoas que confiam a mim suas lindas história, de sofrimento sim, mas como dizia o poeta “qualquer canto é menor que a história de qualquer pessoa”, portanto, belas vivencias, sobretudo, porque tais mães ante tais sofrimentos vivem sucumbindo suas próprias identidades, por terem tamanhas demandas atrelada ainda mais aos dos seus companheiros, como o restante, a base do iceberg, submerso ( por assim dizer, encoberto), pelas demandas sociais impostas pelo mundo feito para os machos, no qual, elas não tem quase nenhum espaço para exercitar suas identidades, nem no seio de suas alcovas, onde até ali tem sido negadas suas verdadeiras faces, são apenas, geralmente,  esposas ao bel prazer dos companheiros e muitas na alcova são privadas de qualquer prazer.
Neste contexto, quero pensar que sendo os companheiros dessas a continuidade da ponta dos icebergs onde os filhos representam em suas demandas desafiadoras a menor demanda na realidade, pois, alguns dos companheiros, de certas mulheres, carecem de serem tratados para evoluírem em suas percepções, estas a serem alertadas de certos vícios que a sociedade incute nas relações sociais.
Assim, para tal precário conceito, cabe salientar que o conceito de a ponta do iceberg não corresponde a mais de 5% dos dilemas da vida, enquanto o restante poderia ser representado pelos dilemas do suposto poder incutido para os homens, no qual muitos se tornam meramente machos. Assim, incute-me a pensar que neste suposto poder surge as relações desiguais de poder que é a base exemplar de todas as desigualdades e violações aos direitos basilares.
Sei que muitos usufruem das desigualdades e quando se utilizam destas desigualdades, desde aquelas análogas às implícitas na relação machista, até estes, carecem de suporte terapêutico, pois cedo ou tarde, saber-se-á que de quem usufruem destes suposto poder, padecem de um mal maior, que aqui me resumirei a chamar de carência de amor, vistos em tantas formas de vícios como o alcoolismo e violências mil, todas análogas da depressão e ansiedades em suas milhares de facetas.
Todos estes que assim sofrem, carentes de amor como amar uma mulher, companheira esta tona-se também vítima do mesmo mal sistema, que hoje facilmente se chama capitalismo, onde o consumismo é a maior metáfora para as relações objetais, das quais as pessoas são “coisificados” alimentando na sociedade um ciclo perverso de violência sem precedentes, ganhando para números de momentos beligerantes oficiais.
Enfim, tal reflexão fica-me mais evidente ao acolher pessoas com o traço autista. Destas, as suas famílias, elas não só são a ponta do iceberg em cada núcleo familiar, mas também, suas mães sofrem com as demandas dos genitores que suplantam as daqueles filhos que aprendem ainda mais a demandar às suas genitoras copiando estes adultos imaturos. Isto em um ciclo de destruição da identidade de cada mulher em cada família.
Tal realidade,alimenta-me a tentar a sensibilizar a tais genitores a se verem mais frequentes nestes processos diante do sofrimento que muitos ignoram promover, até inconscientemente. Portanto, conclamo a cada um destes, por amor destes e as suas respectivas esposas, filhos e ao favorecimento da mantença da harmonia em família, que eles se permitam a se conhecerem melhor e, assim precaver seus padecimento e dos seus, onde suas atitudes tem favorecidos o sofrimento destes em  uma ‘ciclicidade’ de seus próprios adoecimentos

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segunda-feira, 15 de maio de 2017

"TENHO UM SONHO": SER OU NÃO SER

A comunicação é mais que ouvir. Não só ouvirmos pelos ouvidos, pois eles apenas dão acesso ao sistema decodificador do que sentimos da  vibração sonora. 
Para entender tal vibração, tem-se que ir além do ouvir e escutar, deste, pois se faz necessário saber traduzir o código, ou seja, de alguma forma estar inserido na cultura do que se foi propagado, verbalizado ou outras tantas formas de expressão.
 Esta é a razão que para se falar necessariamente,dá-se-nos um rico processo, qual pouco damos contar da preciosidade nas ondas sonoras, percebidas desde os poros, ouvidas, escutadas, entendidas como significativas, afetando-nos de maneira impar, emocionalmente, em suma, processos anteriores ao o comunicar, que sabemos muitas vezes infelizes, nos comunicamos até de forma vil.
Todavia, até entendida, pois diante de tantas  sujeiras desinformações - devidas a tantas poluições não só sonoras, visuais, culturais etc. - que é provável que traga certas dificuldades contemporâneas -  no tocante de seres verbais que não se apercebe de que cada dia somos mais forjados para relações cada vez mais poluídas sem sentido, para nos desnortear, ao ponto que tem crescido formas de respontas violentas às interações até com quem nós mesmos cativamos.
Parece que com a ensurdecedora velocidade das tecnologias somos levados a querer dessa mesma forma responder, no mínimo no compasso dos pensamentos sinápticos (por assim dizer) rápidos nas respostas para não nos comprometer com os sentidos e assim não alimentar sentimentos. É como se sabe, quem muito fala, muito tende a errar. Assim, ficamos menos afáveis.
Assim a cada momento paramos de entender o que escutamos  e mais aceleradamente agimos imitando e reproduzindo ecos alheios aos nos mesmos, respondendo como máquinas prontas para apenas dizer sim, diferente as pessoas autistas, as quais lutam para que suas atipias acomodem suas necessidades e forcem suas satisfações. Nós ao contrário, usamos até o que não precisamos.
Basta observar a tantas manias e até posturas diretamente ritualísticas comportamentais freneticamente viciadas, ampliando a cada dia mais frieza e distanciamento do calor humanos, ficamos mais e mais em nossas cápsulas solitárias. Quem nos dirá quem somos? Sozinhos?
Estamos deixando de sermos nós mesmos. 
Isso se dar mais ao frenesi dos teclados acelerando a distância afetiva e responsável pelos que cativamos. Calor mesmo apenas o das baterias que parecem ser o time  da responsabilidade em cada relação. 
Trocamos as palavras por siglas ou figurinhas que denotam nossas supostas emoções. Dizem que estamos em uma transição, será para o bater do coração virtual e artificial. As palavras sofrem onomatopeias reduzem não só a língua, mas todas a necessidade do outro.
Entretanto, nestes distanciamentos quando seus cultivadores, os cativos ou viciados são convocados a interação face to face  perguntam-se to be or not to be  eis a questão? Entretanto, como cada dia somos menos nós mesmos, pois a ideia e nos tirar o último sonho, que é viver em harmonia com aquele que dizem a nós mesmos, quem somos e partir dessa interação ampliamos da harmonia ao amor.
Então, parece que apenas sofremos, como se permanentemente diante de espelhos nos vemos nos outros apenas quando estamos online  e quando descarrega a bateria, o offline nos acusasse, através do olhar e da língua do outro. E este outro não construísse nada além de uma babel em forma de muro nos separando porque nos assustamos com o que se diz de nós mesmos. 
E não mais nos reconhecendo e entendemos agimos incomunicáveis, processando assim o princípio do fim, o caos a porta. A violência. 
É assim, que as grandes marcas e ideias vendem-nos o que não necessitamos. Comemos o que nos destrói. Matamos o que nos ama. É assim que surge a relação objetal, onde o outro é meio e não o fim de todas as coisas. Assim se dá a comunicação violenta.


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Imagem, Créditos:
http://blog.maristane.com/2013/10/21/i-have-a-dream/

quarta-feira, 10 de maio de 2017

OS PARA QUE DA SOLIDÃO

A solidão é uma das maravilhas aos que buscam autoconhecimento, ou ao menos, a um indício de como acessar uma melhor  integração com o universo, mas é sem dúvida, um meio de evolução ao Divino. Através dela, por exemplo, creio, tem-se mecanismos de uma conexão mais palatável com o imponderável, que naturalizamos chamar de morte.
Entretanto, neste século, o da pós modernidade, isso se tem descaracterizado. A solidão declinou-se, (d)evolutivamente, a ser consequência do "mal do século"(1), aquele famigerado e vicioso comportamento superficial das relações virtuais.
São inúmeras as formas viciantes, especialmente nas teias das redes sociais, que vão de evitação de ser como se é ao extremos de se demostrar apenas um suposto belo artificializado. O gritante disso é as relações descompromissadas, como meio de aliviar uma dor por outra. Pois, a falta de responsabilidade consigo afetará, diretamente, a quem convive com quem tem  medo de olho no olho ( digo, alma a alma).
No fundo, teme-se o sofrimento que supõe está nas esquinas de cada troca de contato simplesmente profundo, mera e geralmente porque também sentimos que fomos todos traídos por quem mais críamos como responsáveis por nossa segurança emocional. Mas eles também, provavelmente temeram e, logicamente erraram.
Assim, justifica-se ( pensa-se) viver desfrutando apenas do "melhor das pessoas" captadas em selfes, descartando as maus momentos como descartáveis, como se fossem nossas vivências meras imagens.
Em geral, teme-se a dor, reafirmo.
 No entanto, como alcançar uma vida mais plena sem o antivírus do diálogo e do processo empático, só alcançado pelo amor (e amar não só aos que nos dão contentamento e, sim aos que nos fazem doer), ou seja, não fazer com o outro "o que você não quer que seja feito com você"(2).
Com certeza não é naquela solidão entoxicada  pelo vírus da falta de aceitação de nossa única virtude, e sim a do amar as diferenças e, na aceitação dessas, não como nos queremos e sim como elas na realidade são. 
Só assim, transformaremos nossa vida privativa em mais sinceros selfes, ou seja, seremos mais intensos em nossas formas de viver e não meras faces de sorrisos pálidos e sem vida.

terça-feira, 9 de maio de 2017

UMA POSSÍVEL MAGIA DA VIDA NA PESSOA NO TRAÇO AUTISTA


Lendo os depoimentos mães colaboradoras deste blogger,  fica-me mais do suposto sofrimento de ter um filho atípico, percebo  evidencias do não saber lidar como a expressão atípica de cada filho. Isso é ampliado com um certo descompromisso neste acolher por parte de alguns pais, promovendo maior  desamparo a suas respectivas companheiras e, imagine, ao filho. Isso acontece, quando, especialmente, foca-se mais na doença, trata-se a criança como objeto de estudo e,  o deixa sem infância, na realidade, quase sempre, nestes contextos, nem o percebe. E ainda há aqueles que dizem que filho não tem nada, erram  por falta de humildade ao não assumir que nada sabem e atrapalham possíveis intervenções mais estruturadas. 

Claro, alguns dirão que esse psicólogo não sabe o que é viver vinte quatro horas com as situações cada dia mais complexos, difíceis. Mas não quero trazer mais sentimento de culpa.
Por outro lado, confesso que tenho pacientes tão  complexos que passo horas a fio pensando como ajudá-las a  perceberem que suas situações são pertinentes, naturais e comuns a todos, apenas elas tem e assumem suas próprias maneiras de se adaptarem a cada contexto, apenas porque são pessoas também atípicas.
Não que isso seja, necessariamente, base para sofrimento dos genitores ou ainda, fonte do transtorno que acomete aos filhos destes. Mas, quase sempre os filhos são sintomas da dor dos pais. Nos atípicos, isso é mais evidente, como também com aqueles filhos que se envolvem com riscos sociais e vulnerabilidades pois assim aprenderam em seus lares.
Estes estão em seus processos em biopsicossocial e espiritual, do qual os pais não entendem e correm enquanto podem a busca de tratar o filho absorvidos pelo desejo de os ver, sentir ou fazer "normais". Como se Deus, Alá, Buda, Crisna etc. poderiam ter errado em sua obras primas. Não porque somos únicos, mais sim porque  somos todos diferentes e cada um com seus limites e virtudes.
Já falei em outras postagens que não devíamos ficar lamentando porque nossas crianças não usam nossas linguagens, mas quem disse que o corpo, olhos, mãos e sons não comunicam. Digo que pecamos em querer que eles queiram que falem esse nosso precário modo de falar. Disse também que ao menos eles aprendem menos certos vícios nossos. E se percebemo-nos através destes, também entenderemo-nos com cada uma dessas pessoas.
Portanto afirmo que temos que irmos ao mundo, falar a língua do filho e é bom que sabemos que eles se comunicam com tudo e quase sempre de maneira não convencional, então temos muito a aprender com eles. Eles não são bobos eles percebem o pouco ( por ser singelo, então nem sempre percebido) que essa forma de vida nossa tem a doar. Na realidade, creio que cada pessoa no traço autista, tem nos alertado para a rica simplicidade da vida que teimamos esquecer.
Temos que atentar pela vida e segurança deles, pois se eles não tem noção de perigo ou são mais tolerantes a dor ele podem vir a se machucar, mas não devemos os sufocar eles precisam ser estimulados a se defenderem  e conviver com nosso mundo adoecido. E devemos pensar como os estimular a perceber esses riscos.
Enfim temos que deixar de nos punir. E um caminho a isso é  revivermos nossa criança interior e lembrarmos de nossas mágoas e as perdoar e seguir enfrente porque nossos filhos não precisam delas. Você dirá, que ele está dizendo, afirmo isso que tens horas que nem percebemos que queremos viver no nosso filho o filho que fomos, como se fosse um  carma, ou uma missão, estágio evolutivo. Garanto que estou preparando algo sobre o biospsicossocial e espiritual para pensarmos sobre, mas não podemos sair do social onde aprendemos a ser  nos mesmos, mesmo que é na relação social que adoecemos. 
Mas, a nível espiritual, mesmo sendo tu e teu divino, sabemos que o resultado disso é a paz e amor ao próximo, uma espiritualidade que não flua para isso, tem algo errado. Nós amamos ao outro não apenas para termos paz. Veja, parafraseando o Cristo, por exemplo,  amai o vosso inimigo  isso apenas para que nosso rivais fiquem em paz conosco e não nos ataque. Na visão cristã pecar é errar o alvo. Então, por esta última é que você perde a salvação e não por amar ou deixar de amar, pois isso só traz lucro para ti, enquanto pecar você macula o espirito santo que usa seu corpo como templo e morada.
Da mesma forma, então, você aprende a amar seu filho autista porque para ter paz com a forma atípica dele e poder interagir,  mas não extinguiremos os rituais e manias, mas por exemplo amando  entenderemos que são expressões de cada um e, representa ou quer dizer algo e assim, portanto, facilitaremos a auto aceitação dele e nós a eles também.
No geral eles precisam de nós como quem precisa de confiança e não quem a persiga para lhes e as tira o prazer da expressões incomuns, quais eles não se importam em lugar e tempo algum de se expressar porque fluem de suas satisfações.E se assim o é, é porque lhe traz prazer pode comungar com a realidade dura e seca da vida é esse nosso dever: Não deixar que eles percam a magia na vida.
Então é essa magia que precisamos recuperar em nós mesmos.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

O ÚLTIMO GOLPE NARCÍSICO, PARA UMA EVOLUÇÃO PARA ALÉM DA RELAÇÃO DESIGUAL DO PODER: CASTRAR-SE DO MACHISMO


Em uma sociedade  que valoriza o que se tem, parece esquecer que quanto  mais ricos existirem mais miseráveis multiplicam-se. Enquanto educarmos filhos para serem  melhores ,em suma, competidores, mais favorecemos desejos, ou seja, favorecemos o fim da solidariedade, alimentamos, portanto, assim, violência.
Desde  que me percebi  “como gente”, como  se fala em minha região, percebi-me como sedento por revolução. Assim, pensei ser professor lamentavelmente, convivi com professores que  eram “pelegos” em sua maioria, o que me frustrou  favorecer  canalizar minha revoltas para um coletivo  em formação  política; fui às artes como música, teatro, poesia entre outras que não são valorizadas em um país  instruído a não  pensar e, até nestas, ficam  evidentes “que o rio corre para o mar”, ou seja, também se é,  nelas efetivadas as diversas máscaras da segregação; até  que me vi condenando aos ditames das gerações  passadas, que vêm no “trabalho (o que supostamente) dignifica  o homem”, foi então que me vi acoçado pela escravidão  que se camufla na eufemia das relações desiguais do poder do mercado; por fim, vi-me expurgado a voltar aos estudos, quem sabe para entender os mecanismos  de revolucionar  o mundo e, foi então, a psicologia, instrui-me, e cotidianamente vejo que só  existe única revolução: a subjetiva e em harmonia com os anseios alheios.
Foi assim que entendi e aprendo a cada dia que ser só é, saber  a cada dia mais, aonde e como lidar com as pessoas. E lamentavelmente, percebo que de tão  sofrido, o meu povo encontra-se contentando com “migalhas” dos prazeres imediatistas e soluções cada vez mais superficiais, em tal situação pensar, criticar, ponderar antes de agir “sairam de moda”.
Nisso, fico cada dia mais convicto de que a solidão tem ritmado a solidariedade, tanto que ajudar e responsabilizar tornaram-se sinônimas. Assim, o ato  de amar tem se percebido  como ingênuo e “tirar proveito” é  a regra e, nesse sentido, parecem crer que apenas corruptos  são os “engravatados  de Brasília”.
Isso tudo relaciona-se implicitamente com o machismo, o último golpe  que precisamos nos dar para entendermos as mazelas das relações  desiguais de poder. Decepando aquelas formas de relações  que se configuram nas relações hierárquicas como macho/mulher, adulto/criança, rico/pobre, patrão/empregado é que podemos sentir nossa particular revolução em ebulição.
Em todas estas e qualquer  integração  humana, em que houver violência, especialmente  a psicológica, por ser tão  impactante que leva a vítima se sentir culpada, é  que me afiança a dizer que toda a miserabilidade  humana está na propriedade  privada. Pois, é  na ideia de posse que se escondem todas as forças da vildade.
Enfim, entendo porque  sou esquisito, tosco ou até  antiquado  para esta sociedade, mas não temo essa solidão, parafraseando o poeta revolucionário “assusta-me o silêncio  dos inocentes” diante de suas próprias desgraças.
Entristece-me sim, ter tantas gerações perdidas sem se revolucionar, presas a mentiras tantas. E lutam e morrem por nada ou sem viver, cambaleia drogados por falta de “não falar das flores”, quero dizer, não degustam dos encantos  reais dessa vida. Vão sendo bitolados a favorecer as formas e relações desiguais por um suposto poder. Esse sendo, o necessário, último  golpe narcísico  que devemos  dar-nos.
Enquanto  eu também  definho, cada dia mais as relações  ficam mais utilitaristas, restando-me apenas aprender precocemente o gosto de cotidianas despedidas. Estranho, pois as pessoas mais próximas estão sendo, neste últimos tempos, os pacientes e, neles eu tenho contentamento pois os vejo se revolucionando. Meu legado, portanto, é  suportar o servir ao próximo e assim, amar vivendo servindo.

terça-feira, 11 de abril de 2017

ENTRE CULPA E A RESPONSABILIDADE

A cada paciente, independente da idade, classe social ou cultural, têm me ensinado que somos reféns de um mal que as gerações ainda não se libertaram.
Refirmo-me à má interpretação da filosofia cristã ocidental, aquela que chamo de barroquismo, ou seja, a prisão da culpa, advinda do pecado, o velho certo e ou errado.
Essa dicotomia tem contribuído para a desigualdade de oportunidades, no que se refere à qualidade de vida. Pois, assim, as pessoas se rivalizam se acusando mutualmente, dificultando e até impossibilitando responsabilidades, tanto dos adultos como dos filhos, independente da idade. Em suma impede sobretudo, que em sociedade tenhamos pessoas mais dignas de atuar em prol de direitos correlacionados com os deveres. Mas esse é outro tema. Especialmente porque isso é o resultado último dessa sociedade sobremaneira egoísta. 
No que nos interessa, quando os adultos treinam, geralmente de modo indireto e até inconsciente, os seus filhos para não se responsabilizarem, temos na maioria dos casos famílias nas quais as mulheres mais adoecem e são vítimas de suas próprias distorções perceptivas, como nos exemplos daquelas que são levadas a atuarem como perfeccionistas, contentando-se apenas com a sua forma de atuar e orientar o próprio filho.
O perfeccionismo tem diversas faces, a mãe heroína é a mais evidente. O pai impotente também. E destes, creio,que nascem as diversas formas comportamentais, por assim dizer viciadas, por parte dos filhos. Entretanto, também, essa abordagem daria outro tema.
Focando, na crítica presente, creio que se faz indispensável caminhar para uma postura, sobremodo atuada pelos adultos, de corresponsabilidade onde tanto pedagógica e emocionalmente seja especulado as intervenções junto a todos os filhos, não apenas aos que são tidos dentro dos traços do autismo. Afinal, há pouquíssima diferença no trato de formação entre os atípicos e os não, guardando as devidas proporções e peculiaridades de cada pessoa e comprometimento.
Entretanto, a cada dia mais, as pessoas no traço do autismo me ensinam que há pouquíssima diferença mesmo, naturalmente, quando olhamos a partir da inteligência emocional. Não é em vão que todos que eu conheço, adequam as situações e as pessoas as seus desejos. E quando não as ignoram.
E é nessa mesma perspectivas, hipotetizo, que se os adultos distribuírem e partilharem de uma postura mais nivelada quanto as responsabilidades, mais poderemos também caminhar nesse sentido com todos os filhos. Assim, bem como eles aprenderemos dentro de seus limites suas potencialidades e, melhor, não mais os infantilizaremos, subestimaremos ou limitaremos.
O melhor ainda é que, sem o peso da culpa, com a distribuição das responsabilidades, inclusive as dos filhos, adoece-se-á menos e, mais facilmente, teremos visibilidade de cada pessoa em questão, a partir das potencialidade e não dos supostos limites.

terça-feira, 4 de abril de 2017

A COMPLEXA REALIDADE DE SER PATERNO: AMAR.


Tenho percebido como tem sido difícil aos pais melhor (co)responsabilizar-se junto as demandas dos filhos no traço autista.Muitos ainda padecem em pensar que devem apenas ajudar, porém, estes esquecem que ajuda-se quando e como pode. Entretanto, todos são responsáveis, inclusive a própria pessoa no traço autista. Pois se assim não trabalharmos como poderemos pensar essa pessoa para além da autonomia e da liberdade? 

Alguns, pensam que apenas as mães são mais habilidosas no cuidar e preparar para a vida. Estes também pecam duplamente, ao menos. Porque por um lado, esquecem que aprendemos por imitação e, pior, ensinamos a cada filho a lei do caos que se encontra impregnado na sociedade, ou seja, a desigualdade em todas as relações e, então, uma desarmonia no tocante ao amor. 
Quero enfatizar que todo filho, não só a pessoa no traço autista, imita o que lhe dar mais prazer. Por exemplo, se ela assiste uma desigualdade na distribuição de poder na relação entre os genitores, onde um pode tudo e ao outro cabe só as demandas de cuidados e serviços, a quem esta pessoa imitaria?
É claro que temos as variáveis do amor que os filhos nutrirão a aquele que o cuida e o protege, todavia, cada uma realidade tem seu contexto e suas variáveis. O que tenho assistido é que temos exemplificado a nossos filhos, muito pouco amor, lamentavelmente. Especialmente porque poucos se dão conta disso e, entre estes, ainda a aqueles que pouco se mobilizam para mudar isso revolucionando sua própria realidade.
Este é o segundo equívoco, nestes que exemplificam egoísmo aos filhos, pois vivem na desarmonia do amor. Nos casos que contribuo para minimizar isso, temos tantas variáveis que tem horas que sofro por perceber tamanha frieza e apatia no tocante ao amor, talvez por não entenderem o sentido da vida.
Refiro-me a pessoas que sobrecarregam suas companheiras por tanto trabalho especialmente com as demandas com os filhos e, aguardam em suas posturas de relação desigual de poder que elas sirvam seus desejos de homem, de esposo, de chefe de família e, não poucos, muitos se deixam como "ainda filhos".
Falarei especialmente deste último, quais ora rivalizam com o filho, ora o infantilizam, ora esperam deste soluções as suas mais profundas perdas e, portanto, esperam que seu descendente realize os antigos sonhos frustrados.
Em fim, esquecem que para além de genitor (aquele que gera), não adianta ser apenas pai ( que sustenta) é necessário ser paterno. Este que além de gerir e sustentar também precisa exercitar a ternura (paTERNO) e, ser terno (deriva da palavra três), portanto, é dedicar a três a si, a esposa e a cada filho. Como agir assim? Vivendo intensamente!!!!
Isso é, uma dedicação para preservar a beleza interna e externa sua e da esposa, amar as suas limitações e apoiar nas dificuldades mutualmente, mas especialmente, responsabilizar pela complexa formação e desenvolvimento do filho. Favorecer humildemente, portanto, o bem estar e qualidade de vida através do diálogo franco e independente. Estas conquista nunca são conquistadas apenas pelo poder econômico e sim pelo amor, este que a tudo congrega, aceita e entende, por saber que só existe uma revolução, a íntima que resulta para bençãos para todos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

AUTISMOS

Existe uma verdade em meios a tantos desencontros e até mentiras sobre o autismo. Talvez a única verdade seja a de que todos os manuais de psicopatologia carecem de provas científicas contemporâneas e, sobretudo porque, pecam em não escutar quem menos pior conhece cada uma dessas pessoas, geralmente as mães.

Elas provam que tais manuais através de certos profissionais, que temem sair de suas zonas de conforto (que chamo de conflitos), pecam por saber/sentir algo que algo está errado, mas continuam a tentar bitolar a condição humana a reduzindo a uma, ou outra teoria. A verdade é que nada sabemos, para além do discurso de cada demandante.
Sobretudo, as mães, ainda denunciam que não existe autismo e sim autismos, mas também não me refiro ao espectro. E sim, que cada filho, não apenas não se enquadram exatamente nos sintomas e sinais que os une em um espectro, todavia, nem todos são transtornados, alguns sofrem é bem verdade, mas na maioria por nossas deficiências de os compreender e por causa das barreiras, tanto arquitetônicas da sociedade, como instrumentais das ciências, desde da avaliação cognitiva sem considerar a inteligência emocional, como meios de interação social sem atentar para a grande maleabilidade adaptativa humana, e ainda assim, impomos bitolas, como se os humanos fossem iguais, entretanto, esquecemos que assim agindo, os adultos que sofrem e sem querer, levados pelo discurso adultocentrico, os fazemos aprender o nosso sofrer.
Muitos dizem que eles são a-sociais, não interagem, não desenvolvem a cognição, tem um mundo particular(...). Mas a clínica Sócio Crítica, voltada aos contextos familiares percebe e prova que eles sofrem e afetam-se com as dores dos que dão a eles segurança para amar - pergunte a cada mãe.
Eles interagem tanto como o meio onde vivem a proporção que são invadidos que chegam a responder ao meio muitas vezes tão violentamente quanto são tomados via os seus canais sensitivos, quais não dimensionamos, pois eles são mais evoluíodos. Com o tempo eles conseguem, geralmente, a duras penas, equilibrar tal invasões.
 Eles são tão  mais sociais que nós que inventamos mentiras para sobreviver, eles são verdadeiros, nós que não suportamos verdades. Eles oscilam, como nós, só que teimamos em querer sempre superficialmente, bonitos com máscaras, eles as entende e usam metáforas, mas não as acatam quando encobrem suas verdades, sabe que ser direto é mais prático.
 Mas não deixam de sonhar, nós deixamos isso desde que a adolescência nos condena ao mundo adulto. Eles são tão mais inteligentes, pois usam a inteligência  emocional, tanto que todos em seus lares, geralmente servem-o, por ele subordiná-los as suas necessidades.
Eles são tão mais inteligentes que precocemente são chamados a usar a inteligência emocional, articulam as situações a gerir toda a família a seu bel prazer.
Mas então que autismos são estes que penso, vejo e sinto. São aquelas pessoas que por alguma etiologia não explicada ainda, e creio que essa geração não saberá, que os fazem mais evoluídos do século. Mas também, a maioria ingênuos satisfeitos com tão pouco, usam da mesma inteligência para ser saciado. Sabem que desse materialismo nada se leva, vive o hoje como o primeiro dia de suas vidas. São, mais ricos que nós, pois não são tão vazios para ter ansiedade, no máximo, podem ter angustia, de não ter como lidar como tantas pequenas maravilhas que a ele contamina.
São tão complexos mesmo assim,erroneamente, muitos técnicos e instrumentos têm sido usados, mas a maioria tem esquecido do conteúdo humano, especialmente a maior virtude humana, que é ser diferente e complexo. Nesse intervalo surgem de charlatães à perversos que se aproveitam do sofrimento quase que maior parte das mães, digo isso por minha ignorância de ainda não saber qualificar o sofrer de cada pessoa no traço autista, pois sabendo que estes também sofrem tem surgido um bom número de tantos outros profissionais mais libertários  que eu, para enfrentar aos rótulos adoecedores.
Especialmente porque têm sim diversas formas de sofrer destas pessoas, mas sem dúvida a da indiferença,uma dor descomunal, é menor que a ignorância advinda do preconceito transformado em discriminação.
Dessa geralmente nasce o diagnóstico, a cega navalha da guilhotina da discriminação contra alguém que assume sua diferença e fazer questão de viver a partir dela. Neste sentido o prognóstico, é sim de auto ou imputado isolamento e padecimento, tamanho que nenhum instrumento poderá medir tal dor.
Estamos falando de pessoas que apenas precisam ser acolhidas em seu modo peculiar de equilibrar-se ante tantas invasões sensoriais, que sua forma de inteligência tem base no emocional, assim sendo atenta apenas ao que lhes cativa.
E nessa mesma toada, relaciona-se como se abastecendo energia, atenta precocemente a tudo que o circunda e não perde tempo com que não lhe equilibra. Por causa disso muito desistem e se isolam, pois nosso modo de vida repetitiva é para ele como para nós, enfadonha, só que eles assumem isso e não se rendem a tal maquinismo humano e assim nascem os autismos, as formas verdadeiras de cada ser.



terça-feira, 24 de janeiro de 2017

AS DORES DAS RELAÇÕES "FILHO MAIS VELHO" E "INCESTUOSO" PSICOLOGICAMENTE FALANDO

Difícil é entender os conceitos de "irmão mais velho" e o "incesto com a própria esposa", sobretudo quando eles são de ordem inconsciente e, mais ainda, quando os vivenciamos.
Todavia, em meu caminhar na clínica psicotepêutica e especialmente na sócio histórica, tenho-os visto de maneira preocupante, mais ainda, quando a demanda envolve pessoas com o traço do autismo. 
É tão comum, nós que fomos enganados por esse mundo pós moderno, crentes e ainda alimentamos um suposto poder a nós homens. Neste contexto, fomos a todo o momento educados a sermos fortes e então, como tais, nascemos providos de uma mentira social, a suposta auto independência.
Caso é que quando deparamos com um filho e, mais ainda, quando ele não alimenta nossos desejos o caos se instala, nos frustrando desde cedo, como é mais evidente no caso da pessoa no traço. Neste contexto, geralmente, recorremos a sobrecarregar a esposa. E ficamos apenas ajudando como não responsáveis, ai surge o "irmão mais velho".
Mais complexo é quando surgem outras demandas, as quais chamamos de carências com origens supostamente, paterna e maternalmente e, buscamos que a esposa supra tais demandas agimos como filho delas também, o que pelo menos vejo três variáveis, incerteza do amor do homem a esta mulher, a satisfação quase que masoquista de ter o dono do poder sobre suas mãos por parte da mulher e para o filho, um tripo desamparo: por si mesmo por não ser auto suficiente, pelo pai impotente se escondendo atrás da esposa e, desta, naturalmente, por nunca poder suprir todas suas necessidades.
Nasce assim, um terceiro alternativo mundo ao filho, o seu próprio. Curioso que para a pessoa no traço nesse terceiro mundo ele, geralmente, precisa de alguém para o favorecer, então não é apenas dele, ele é o rei deste particular mundo e, ainda, o é em todo lugar onde ele esteja. Ele sabiamente não se exclui, geralmente tem um meio socializante mesmo que egoistamente, subjugando a tudo e todos.
O mais caótico é o que os adultos vivem nestes contextos. O genitor tende a viver isolado, quando não é o "filho mais velho", quase sempre tem uma vida paralela; quando atua como o "irmão mais velho" condena a esposa a jornada mais danosa. A genitora, quando não adoece gravemente, pode ter uma vida paralela que parece a salvar; pode ter diversas atribuições que lhe dá uma doentio consciência de heróina; pode ser também e, até entendível a certo modo, negligente que quando em dosagem relativa ajuda ao filho no traço evoluir a sua independência, parecendo que o instinto (totalmente inconsciente) impulsiona a mulher a agir para se libertar de antigas amarras, renegando o esposo com seu filho, por sentir algo de incestuoso na relação.
O problema encontra-se do fato de que assim, fica cada um em sua estrada, com seus medos, limitações e dores. Carecendo perceber que a vida é mais fácil que se especula.  E que quanto mais livre todos forem mais aberto a independência é possível, por outro lado, quanto menos liberto, menos autônomo poderá ser o filho querido, que geralmente, aproveita-se das discrepâncias do diálogo sociofamiliar, pois ele é o mais sadio e preparado para a vida, então tem que atuar a gerenciar a dinâmica daquele lar.
Entretanto, existe uma quarta variável a ser desenvolvida semelhante a o que fora citado, são aquelas que o pai é mais semelhante ao papel materno e a mulher a paterna. Como também é pertinente outras variáveis na ausência de um destes. Em suma, são tantas variáveis que carecem da presença de pessoas que venham naturalmente dar aos filhos meios de exercerem suas potencialidades. Ou não e, neste caso, os prognósticos tendem mais ao desencontros, comumente, das relações humanas.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

MÃE, NÃO A FUNÇÃO ESPOSA, INCESTO (PSICOLÓGICO) DO PAI: Como desautorizar-se ante o filho.

Auto desautorizando-se o pai, parece impor a cada filho seguir a si mesmo, como terceiro alternativa, de certo modo motivado por discórdia entre as propostas,  quando antagônicas, dos seu responsáveis, os pais ou quem faça as funções maternas e paternas.
Diante das tremendas dificuldades de desenvolvimento emocional no mundo pós moderno, como diria Bauman, quanto as relações "líquidas", poucos foram realmente filhos, para um dia desenvolver suficientemente bem o papel de esposo, pai e muito menos ser paternal.
Digo isso, considerando que ser genitor é fácil, pensando em germinar uma mulher, pois além de prazeroso é uma dádiva impar.Entretanto, enquanto manter um filho assumindo o papel de pai, corresponde apenas a ser provedor, ser responsável paternalmente, precisa-se estar disponível a "aprender a aprender" permanentemente, especialmente, em viver em companhia com a falta do seu próprio desejo satisfeito, ou seja, conviver com o próximo em suas diferenças, como ele é e, não como o desejamos, assim, ser paternal é frustrar-se conscientemente a si e, mesmo assim e por isso mesmo, amar apenas.
E assim sendo, sendo o paterno, nasce de uma necessidade de desenvolvimento emocional e não meramente crescer como homem e sim como humano. Neste sentido, na paternagem, os processos anteriores são necessariamente revistos, questionados e carregados de sofrimentos, faltas e carências tamanhas que justificam retorno a si, para não contaminar e ter consciência de seus antigos limites, agora atualizados, mas atentamente não deixa-los que atinjam aos filhos  com tamanhas dores.
Isso se dar apenas a aqueles que lutam para descobrir os prazeres de se ver em desenvolvimento perene e em paralelo com o seu filho e companheira. Assim, pode-se dar mecanismos para além da liberdade a independência daqueles, pois eles apenas precisam de nossa proteção.
Quero dizer, se tivermos sido também assim forjados para a independência ou nos permitir no processo do filho, através da proteção, ou seja, fomos favorecidos a desbravar nossos desejos e, acolhidos, sobretudo quando erramos e obtivemos estímulos necessários e encorajadores para seguir, melhor seremos para a vida dos filhos. Acatando que somos sempre errantes. 
Pois, assim, seguiríamos mais e mais responsáveis e então teríamos consciência do lutar, todavia, respeitosos aos nossos limites e, por fim entenderíamos a dignidade das diferenças, como nosso maior virtuoso tesouro. E não fugiríamos dessa diversidade através das mentiras sociais, por saber que todos  os diversos modos de vida são criados para mostra de modo sutil e harmônico que somos co-dependentes mutualmente e, só assim, evoluímos.
Portanto, estaríamos abertos a entender a mulher e o filho no traço, que são como diferentes modos de desenvolver o melhor em si, no peculiar sentido de bem estar e viver.
Então, não nos afastaríamos infantilmente se escondendo através da esposa querendo recuperar-nos da nossa carência materna quando as dificuldades surgirem-se, atuando psicologicamente incestuosamente, como se tivermos nossa esposa como mãe, confundindo a esposa e o filho que necessita de nossa força responsavelmente.  Onde deveríamos atuar fortes amorosamente, dando exemplo a cada filho, meios para eles imitarem-nos quando as dificuldades se apresentarem. Considerando que aprendemos por exemplos e assim, portanto, não dando mais argumentos para o sofrimento de cada filho.
Mas também, se agirmos, psicologicamente, como irmão mais velho, do nosso filho, causando a eles exemplos de fugar das suas dificuldades porque temos uma mãe "heróina"; ou, incestuosamente com as esposas, como carentes maternos perdemos possibilidade preservar o nosso papel de paterno e de esposo, levando-as a questionamentos do amor que ela espera de nós.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Pai, irmão mais velho? Contextos da Pessoa no Traço do autismo

muitos a se tornar pai cai em um jogo psicológico, atuando como o irmão mais velho do filho. Isso se expressa em posturas quase sempre inconscientes, pois psicologicamente as demandas das pessoas no Traço do Transtorno do Espectro do Autismo  em seus contextos nos confrontam com as nossas maiores inseguranças. Tanto que muitos, desesperam, outros infantilizam-se, alguns os abandonam e, enfim, ficando sobre as mães todas as respostas a serem dadas a essas pessoas no traço. E pior, as demandas do marido mais complexas ainda.
Essas inseguranças atingem não só aos responsáveis pelas pessoas no Traço do TEA, questionam também a nós, os profissionais, onde a cada acolhimento temos desafios que se avolumam a cada acolhimento.
Por sua vez, é na família que se desenvolvem maiores desafios imersos a tantas formas de sofrimento, nunca passível de ser dimensionado, por serem de ordem pessoal, subjetivo, em suma, vira condição de vida, pertinente a cada um envolvido no universo da família da pessoa no traço.
Ninguém, quer lidar com tamanho poder questionador  que sempre nos coloca impotente, pois, o traço autista, além de ser peculiar a cada acometido é em cada um que temos a aprender sobre ele, entretanto, nem sempre o sofrimento deixa os seus parentes entenderem o particular fenômeno e, poucos em seu comportamento tirão lições que o ajudem a estar neste mundo.
Isso para o homem, sendo genitor, aquele ainda educado e influenciado, majoritariamente, pelo machismo e mesmo sendo pai (provedor), pouco pode  terá meios de acessar ao filho, pois terá como forte e impenetráveis as demandas íntimas dele,talvez, porque somos forjados a prazer imediato.
Isso se dá, geralmente por precários recursos da inteligência emocional, como se esses pais nem como filho tivesse tido êxito carregando sua carência, depositam ao filho suas faltas antigas agora na criança atualizadas e, então, como desenvolveria boa atuação como esposo, pai e, por fim paternal?
Parece sê-lo mais cômodo ser um irmão mais velho do seu próprio filho, pois tendo a esposa que se responsabilize , especialmente, por nada saber de como lidar com o traço do autismo da criança, pois sua subjetividade se propaga de maneira avassaladora e de modo muito particular, ao ponto de coordenar tudo ao seu bel prazer e, pior,comunica-se tão sutilmente que até eles próprios, os pais, nem sempre o compreendem; parecendo, assim, ser pertinente se esconder em apenas ajudar e não se responsabilizar de fato, pois a esposa-mãe o fará e ai se torce inclusive que acolha as demandas desse adulto carente buscando nela um resgate para resolver sua imaturidade.
Assim surge outro desamparo ao filho no traço. Perdendo a paternagem, perde um exemplo de enfrentamento da realidade e de ser para além de autônomo, ser responsável, ou seja, liberto, falhando o pai que poderia enfrentar os seus limites, complica ainda mais a independência da pessoa no traço autista, podendo este imitar essa imatura forma de lidar com suas demandas, e lamentavelmente podendo ficar ainda mais difícil leva-lo a ser responsável por si mesmo, ou seja, um dia ser mais independente.
Sei, da cobrança aqui apontada ao pai que não consegue ser co-responsável pelo desenvolvimento do filho, juntamente com a mãe, mas alguém tem que alertar tal atuação carente, pois caso contrário, pode-se alimentar um adoecimento não só da pessoa no traço, mas de toda uma família.

sábado, 14 de janeiro de 2017

MÃES DOS PAIS, além, dos FILHOS – o terceiro caminho, quase que, solitário da pessoa no traço do Autismo



Existe uma necessidade gritante e, portanto, urgente, no processo de trabalho para a independência dos filhos no traço autista.
Trata-se da discrepância entre o cuidar e o responsabilizar por eles. Certo equívoco, que pode ser caótico ensinado, a gerações, às mulheres desde cedo, quase sempre filogeneticamente.
 Isso tem base no machismo e seu prognóstico são, geralmente, o de filhos desamparados a si mesmo, pais incompetentes e mães supostamente heroínas, mas na realidade quase sempre perdidas em sub-vidas e, sobrevivendo, mutilam suas vidas para cuidar de pais (seus companheiros) e os filhos. 
Estas situações, quase sempre são silenciosamente inconscientes, mas também existe, por assim dizer, um tabu a ser vencido, pois é cômodo para certos genitores, mesmo que estes percebam que cedo ou tarde perderam a suas companheiras diante tantas demandas e, é claro, perdem os seus filhos ou diante do sofrimento, os renegam.
No caso de filhos com o Traço do Transtorno do Espectro do Autismo tratar dessa realidade é basilar. Pois, se isso acontece, psicologicamente, pode colaborar para a ocorrência do fenômeno do “irmão mais velho” (posicionamento do pai para com o filho) e ainda, o "incesto", ( posicionamento do pai para com a esposa, vivida com mãe dele). 
Isso abre-se para tantas complicações emocionais que se pode falar em adoecimento de toda uma família e, pior, trazendo o filho como responsável disso, em uma trama inconsciente de proporções incalculável.
Nestes contextos, psicológicos, pouco pode-se falar da liberdade, necessária, dos filhos, imagine a independência, pois a autonomia deles pode estar comprometida, não pela responsabilidades dos adultos em questão, mas sim, por um movimento confuso e que pode ser desestruturante emocionalmente aos três e os demais mais próximos. Onde, na realidade, apenas sobrecarrega-se a mulher que, certamente, nem percebe a manutenção de um perverso ciclo, diante da enorme carga de demandas com o homem infantilizado, além do filho, mas este, geralmente, provocando menos conflitos que o seu próprio genitor.
Estes contextos, justificam, para na minha abordagem psicoterapêutica, o acolhimento de pelo menos dos três personagens citados, quando não a todos os parentes próximos, quando o ator principal é um filho no traço do autismo.


A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO

Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...